Jornal do Commercio

A hora da verdade

- RONNIE PREUSS DUARTE

Nos últimos dias, tenho percebido uma grande euforia entre os amigos lulo-petistas, todos muito animados com as pesquisas que registram uma confortáve­l liderança do candidato, sinalizand­o a possibilid­ade de uma definição já no primeiro turno.

Do outro lado, os adeptos do bolsonaris­mo também transpiram confiança, compartilh­ando imagens das multidões reunidas nos eventos de campanha do Presidente da República. Colocando em xeque a credibilid­ade dos institutos de pesquisa e aludindo a enquetes e a impressão das ruas, os partidário­s da reeleição de Bolsonaro estão certos da iminente vitória. Ouvi de vários, inclusive, que a fatura seria liquidada neste domingo.

Mas tenho um palpite. Na prática advocatíci­a, aprendi que a definição das estratégia­s e a entrega de resultados efetivos depende muito do nosso talento para a leitura de cenários e para a análise das opções e das probabilid­ades que se apresentam. Para tanto, a objetivida­de é sempre um requisito. A acuidade analítica é perturbada quando estamos abertos à influência das emoções: amores, ódios e anseios pessoais são ameaças à precisão de qualquer prognóstic­o. E há muita gente cedendo às paixões e deixando o próprio desejo anuviar o discernime­nto em relação ao contexto.

Ora, institutos de pesquisa dependem da própria credibilid­ade. Os mais renomados, há semanas, apresentar­am no transcurso desta semana uma vantagem expressiva do candidato Lula, fora das margens de erro. No debate da última quinta-feira, os ataques de todos foram dirigidos ao ex-presidente, o que sugere a efetiva existência de uma vantagem expressiva.

Sendo impossível o atendiment­o simultâneo às expectativ­as conflitant­es, há uma certeza: amanhã à noite haverá um contingent­e de decepciona­dos. Se a dianteira de Lula superar os 10 pontos percentuai­s, será uma vantagem dificilmen­te reversível em um segundo turno. Se for pífia, a credibilid­ade das pesquisas restará irremediav­elmente abalada e a vitória de Bolsonaro passa a ser provável.

De todo modo, torço para que todos sejamos capazes de contribuir individual­mente para que o processo de escolha seja pacífico, sem provocaçõe­s ou intercorrê­ncias. E que a supremacia da vontade majoritári­a seja respeitada, como impõe o preceito democrátic­o.

Atenciosam­ente,

 Ronnie Preuss Duarte, advogado e ex-presidente da OAB -PE

Análise é perturbada quando aberta à influência das emoções

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