A hora da verdade
Nos últimos dias, tenho percebido uma grande euforia entre os amigos lulo-petistas, todos muito animados com as pesquisas que registram uma confortável liderança do candidato, sinalizando a possibilidade de uma definição já no primeiro turno.
Do outro lado, os adeptos do bolsonarismo também transpiram confiança, compartilhando imagens das multidões reunidas nos eventos de campanha do Presidente da República. Colocando em xeque a credibilidade dos institutos de pesquisa e aludindo a enquetes e a impressão das ruas, os partidários da reeleição de Bolsonaro estão certos da iminente vitória. Ouvi de vários, inclusive, que a fatura seria liquidada neste domingo.
Mas tenho um palpite. Na prática advocatícia, aprendi que a definição das estratégias e a entrega de resultados efetivos depende muito do nosso talento para a leitura de cenários e para a análise das opções e das probabilidades que se apresentam. Para tanto, a objetividade é sempre um requisito. A acuidade analítica é perturbada quando estamos abertos à influência das emoções: amores, ódios e anseios pessoais são ameaças à precisão de qualquer prognóstico. E há muita gente cedendo às paixões e deixando o próprio desejo anuviar o discernimento em relação ao contexto.
Ora, institutos de pesquisa dependem da própria credibilidade. Os mais renomados, há semanas, apresentaram no transcurso desta semana uma vantagem expressiva do candidato Lula, fora das margens de erro. No debate da última quinta-feira, os ataques de todos foram dirigidos ao ex-presidente, o que sugere a efetiva existência de uma vantagem expressiva.
Sendo impossível o atendimento simultâneo às expectativas conflitantes, há uma certeza: amanhã à noite haverá um contingente de decepcionados. Se a dianteira de Lula superar os 10 pontos percentuais, será uma vantagem dificilmente reversível em um segundo turno. Se for pífia, a credibilidade das pesquisas restará irremediavelmente abalada e a vitória de Bolsonaro passa a ser provável.
De todo modo, torço para que todos sejamos capazes de contribuir individualmente para que o processo de escolha seja pacífico, sem provocações ou intercorrências. E que a supremacia da vontade majoritária seja respeitada, como impõe o preceito democrático.
Atenciosamente,
Ronnie Preuss Duarte, advogado e ex-presidente da OAB -PE
Análise é perturbada quando aberta à influência das emoções