Ao segundo turno
Pela primeira vez na história, duas mulheres vão disputar o segundo turno para o governo de Pernambuco. O que significa que, pela primeira vez, teremos uma governadora. O resultado eleitoral do primeiro turno confirmou e até superou o cenário acirrado apontado pelas pesquisas de intenção, com uma pequena diferença entre a primeira e a segunda colocada. E diferenças muito pequenas entre o terceiro e o quinto colocados, que também poderiam ter ido ao segundo turno. A disputa tão concorrida leva para o segundo turno a importância do apoio das candidaturas que não chegaram, mas que podem contribuir decisivamente para a escolha do eleitor em 30 de outubro.
No cenário nacional, o presidente Jair Bolsonaro chega ao segundo turno fortalecido por um desempenho melhor do que as pesquisas indicavam. E não só por isso. Mas também pelas conquistas distribuídas no País, sobretudo com a eleição de vários ex-integrantes de seu governo para o Senado e a Câmara dos Deputados, ressaltando a força dos bolsonarismo no Congresso nos próximos quatro anos, independentemente de sua reeleição. A resposta das urnas, em grande parte do país, mostrou-se positiva ao atual governo, que perdeu numericamente apenas nas regiões Norte e Nordeste.
Tanto no plano nacional quanto no estadual, a brevíssima campanha de menos de um mês apresenta a necessidade de ampliação do arco de alianças, bem como do discurso na direção de outros eleitores, inclusive daqueles que se abstiveram ou cravaram branco ou nulo na urna eletrônica. Da mesma forma, a intensificação do debate será solicitada pelo cidadão, com o objetivo de promover discernimento mais apurado das propostas, bem como das condições de viabilidade para torná-las realidade. No segundo turno, a falta aos debates será temerária para qualquer um.
Na esfera da presidência da República, a baixa votação das principais candidaturas de centro evidenciou a antecipação do segundo turno no primeiro. O encolhimento do centro, no entanto, não extrai relevância de seus apoios na reta final, que podem ser fundamentais para qualquer um dos lados. Em Pernambuco, o equilíbrio maior do que se imaginava, por sua vez, da primeira ao quinto colocado, põe em questão a fragmentação política em vigor no estado, encerrando um ciclo de 16 anos do PSB no poder. No segundo turno, deve haver uma rearrumação de lideranças, na recomposição visando a eleição da futura governadora – repita-se, um fato inédito e digno de celebração, seja quem for a vencedora.
No entanto, o exercício democrático não foi o único fato histórico de ontem. A tragédia pessoal que se abateu sobre a candidata Raquel Lyra, que irá disputar o cargo de governadora com Marília Arraes, comoveu todos os pernambucanos, inclusive seus adversários, à parte do embate eleitoral. Expressamos aqui os nossos sentimentos à ex-prefeita de Caruaru e a toda sua família e amigos, juntando-nos à solidariedade coletiva diante do sofrimento cruel que o destino lhe impõe.
Bolsonaro chega ao segundo turno fortalecido por um desempenho melhor do que as pesquisas indicavam.