Pernambuco investiga quatro mortes por arboviroses nas três primeiras semanas do ano
Reportagem do JC solicitou o perfil dos óbitos à SES-PE, mas a pasta disse que não compartilha informações das mortes em investigação
Avigilância epidemiológica da Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) investiga as primeiras mortes associadas a arboviroses ocorridas este ano. A informação foi divulgada ontem pela SES-PE, a pedido do JC, e inclui dados deste ano até o último dia 21.
No período, foram notificados quatro óbitos por arboviroses em Pernambuco. A reportagem do JC questionou a assessoria de comunicação da SES-PE sobre o perfil desses óbitos, como cidade onde as vítimas moravam, faixa etária e sexo. No entanto, a secretaria informou que só encaminha o perfil dos óbitos confirmados, pois os notificados estão em investigação.
A importância da transparência nos boletins se faz importante, especialmente num momento em que o Brasil passa por alerta em relação a mortes por dengue. Em 2022, o País registrou o maior número de mortes causadas por dengue. Dessa forma, em relação a essa arbovirose, 2022 foi o mais letal já registrado no Brasil, com 987 óbitos (dados ainda parciais) pela doença naquele ano.
Sabemos que a divulgação de informações epidemiológicas estão previstas entre as diretrizes Sistema Único de Saúde (SUS), e essa atitude serve como base para a gestão dos serviços, avaliação dos modelos de atenção à saúde e de vigilância.
Os dados devem ser transformados em informação de fácil entendimento e precisam atingir não só os profissionais da área da saúde, mas também a população como um todo.
As mortes em investigação passam por comitês que consideram critérios para avaliar se os óbitos foram provocados por dengue, chicungunha ou zika.
“É importante ressaltar que o diagnóstico laboratorial positivo dos óbitos, para qualquer uma das arboviroses, não necessariamente confirma esta arbovirose como causa do óbito. Esta avaliação, para descarte ou confirmação, depende de minuciosa investigação domiciliar e hospitalar do óbito e da discussão de cada caso no Comitê Estadual de Discussão de Óbitos por Dengue e outras Arboviroses”, esclarece a SES-PE.
CASOS
O boletim ainda informa que, até 21 de janeiro, foram notificados 516 casos de dengue em 67 municípios pernambucanos. Desse total, sete foram confirmados e 101 descartados. Ou seja, 408 continuam como casos prováveis de dengue.
Sobre chicungunha, foram notificados 155 casos em 36 cidades do Estado. Até o momento, um caso foi confirmado. Em relação à zika, Pernambuco notificou seis casos em cinco municípios. Por enquanto, não há confirmação de casos por zika.
NA CAPITAL
No Recife, a vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde confirmou os primeiros casos positivos de dengue em 2023.
O boletim mostra que, nos primeiros 14 dias do ano, foram notificados 11 casos prováveis de arboviroses: nove de dengue e dois de chicungunha. Além disso, não houve registros de casos de zika.
Desse total, cinco casos tiveram confirmação para a infecção pelo vírus da dengue.
OS CASOS DE CHICUNGUNHA PERMANECEM EM INVESTIGAÇÃO.
Entre os cinco moradores do Recife que tiveram diagnóstico positivo para dengue, três têm menos de 10 anos de idade; um está na faixa etária entre 10 e 19 anos; e outro tem de 40 a 59 anos.
Quando se analisam os dados deste ano até 14 de janeiro, não foram observadas notificações de óbitos suspeitos de arboviroses.
O vírus dengue (DENV) é um arbovírus transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti e possui quatro sorotipos diferentes (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4).
O acúmulo de água parada contribui para a proliferação do mosquito e, consequentemente, maior disseminação da dengue. É importante evitar água parada, todos os dias, porque os ovos do mosquito podem sobreviver por um ano no ambiente.
A Secretaria de Saúde do Recife reforça que as chuvas intermitentes, associadas às altas temperaturas registradas na cidade, são um período propício para a proliferação do mosquito.
Por isso, a população não pode descuidar das ações de prevenção em casa, já que 80% dos focos dos mosquitos são encontrados dentro das residências.