Jornal do Commercio

Com fim do Pacto pela Vida, meta de redução de homicídios vai mudar

Pernambuco terminou o ano de 2022 com mais assassinat­os do que no ano anterior. Meta, estabeleci­da em lei, era de queda de 12% nos números

- RAPHAEL GUERRA

Ameta de redução anual de 12% na taxa de homicídios em Pernambuco está sendo revista pela gestão Raquel Lyra. A tendência é de que o indicador seja menos ousado, visto que, em 16 anos do programa Pacto pela Vida, apenas três vezes os resultados positivos foram alcançados.

Pernambuco encerrou o ano de 2022 com mais homicídios do que em 2021. De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), 3.418 mortes violentas foram registrada­s contra 3.370 no ano anterior. O aumento foi de 1,4%.

Na gestão Eduardo Campos (2007 a 2014), apenas em 2010 a meta foi alcançada. A queda nos assassinat­os foi de 14% em relação ao ano anterior. Já na gestão Paulo Câmara (2015 a 2022), houve redução em 2018 (23,1%) e em 2019 (16,9%).

Importante observar que a meta foi atingida em 2018 após, em 2017, o Estado registrar o maior número de assassinat­os da história (5.427).

Estudos para traçar a nova meta estão sendo realizados sob a coordenaçã­o das secretaria­s de Defesa Social e de Planejamen­to.

“Nessa gestão (Raquel Lyra) estamos realizando um reforço na análise das estatístic­as, dando ênfase na ciência, para ajudar no nosso trabalho de segurança pública. Por isso, vamos mudar os indicadore­s combate à violência”, disse a secretária de Defesa Social de Pernambuco, Carla Patrícia Cunha.

A declaração foi dada, na manhã de ontem, durante a abertura do seminário “Segurança Pública, Democracia e Cidadania: novos desafios, velhos problemas”, promovido pelo Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizaçõ­es Populares (Gajop), em parceria com o Instituto Fogo Cruzado.

Após a gestão bater o martelo sobre a nova meta anual de redução dos homicídios, deve ser encaminhad­o um projeto de lei, propondo a alteração, para votação na Assembleia Legislativ­a de Pernambuco.

O tenente coronel Jonas Moreno, titular da Gerência de Análise Criminal e Estatístic­a da SDS, explicou que a nova meta estabeleci­da vai levar em consideraç­ão, por exemplo, o efetivo policial que o Estado tem, atualmente, para combater a criminalid­ade.

“Sabemos que há um déficit de policiais e é preciso fazer um recompleta­mento desse efetivo, por isso tudo está sendo levado em conta na hora de definir qual será a taxa proposta de redução. O que sabemos é que não deve ser mais de 12%. Vai baixar”, disse.

Com o fim do Pacto pela Vida, a gestão Raquel Lyra lançará, em breve, o programa Todos pela Segurança. É o mesmo nome adotado no município de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, nos anos em que a governador­a foi prefeita.

PROMESSA DE DIÁLOGO COM A SOCIEDADE

Ainda durante o evento, a secretária de Defesa Social também afirmou que determinou a reabertura de edital para que entidades da sociedade civil se inscrevam para participar do Conselho Estadual de Segurança Pública. “Temos oito vagas disponívei­s, mas só o Gajop se inscreveu para o conselho. Queremos fortalecer esse diálogo”, disse Carla Patrícia Cunha.

Além disso, a gestora declarou que, em breve, qualquer cidadão, também poderá colaborar com sugestões para a segurança pública de Pernambuco.

A ideia, segundo ela, que é seja criado um canal eletrônio (uma espécie de ouvidoria) para facilitar o acesso. “Quero que a sociedade realmente participe. As sugestões vão ajudar na elaboração do Plano Estadual de Segurança Pública. Essa foi a orientação da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública)”, pontuou.

A promessa de abertura de diálogo com a sociedade civil e de mais transparên­cia na gestão da SDS foi elogiada diretora de dados e transparên­cia do Instituto Fogo Cruzado, Maria Isabel Couto.

“É muito importante ter a presença da secretária estadual assumindo esse compromiss­o de abertura do diálogo para que todos possam contribuir. Outro ponto que é importante dizer: política pública se constrói com evidências, estatístic­as, e não com negacionis­mo”, disse.

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WELINGTON LIMA/JC IMAGEM Ao longo de 16 anos, o programa Pacto pela Vida só atingiu três vezes a meta de redução na taxa de assassinat­os

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