Jornal do Commercio

Estados Unidos acusam Rússia de descumprir tratado nuclear Novo START

Presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou veladament­e usar armas nucleares na Ucrânia, revivendo os temores de uma guerra apocalípti­ca

- AFP ARIS MESSINIS /

Os Estados Unidos acusaram a Rússia, nesta terça-feira (31), de descumprir o Novo START, o último tratado de controle de armas existente entre as duas maiores potências nucleares do mundo, à medida que aumentam as tensões com aguerra na Ucrânia.

Em resposta a uma solicitaçã­o do Congresso americano, o Departamen­to de Estado do governo de Joe Biden culpou as autoridade­s russas de suspendere­m as inspeções em seu território e de cancelarem os diálogos formais estabeleci­dos sob o pacto, assina doem 2010 e prorrogado há dois anos até 2026.

A atitude de Moscou “ameaça aviabilida­de do controle de armas nucleares entre os Estados Unidos e a Rússia”, disse um porta-voz do Departamen­to de Estado americano.

“Para voltar ao pleno cumpriment­o, tudo o que a Rússia precisa fazer é permitir as atividades de inspeção em seu território, como fez durante anos sob o Novo Tratado START, e se reunir em uma sessão da Comissão Consultiva Bilateral”, afirmou.

“Não há nada que impeça que os inspetores russos viajem aos Estados Unidos e façam inspeções”, acrescento­u.

Moscou anunciou, no começo de agosto, que suspenderi­a as inspeções de suas instalaçõe­s militares por enviados americanos sob o Novo START. Alegou que respondia a uma obstrução americana de inspeções russas - uma acusação negada por Washington.

A diplomacia entre as duas potências foi reduzida ao mínimo no ano passado, após a invasão russa da Ucrânia, no fim de fevereiro. Os Estados Unidos lideram uma campanha para punir economicam­ente a Rússia por sua ofensiva e para enviar à Ucrânia bilhões de dólares em armamento.

O presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou veladament­e usar armas nucleares na Ucrânia, revivendo os temores de uma guerra apocalípti­ca.

A Rússia adiou por tempo indetermin­ado os diálogos sob o Novo START, que deviam começar em 29 de novembro no Cairo, acusando os Estados Unidos de “toxicidade e animosidad­e”.

TORNAR O MUNDO MAIS SEGURO

Pouco após assumir o cargo, há dois anos, Biden prorrogou o Novo START por cinco anos, até 2026, dando tempo, assim, para negociar e preservand­o um tratado que a administra­ção democrata considera importante.

O antecessor de Biden, o republican­o Donald Trump, rompeu acordos prévios de controle de armas e duvidou em preservar o Novo START em seu formato atual, dizendo que qualquer tratado nuclear deve incluir também a China, cujo arsenal cresce rapidament­e, mas ainda és ignifica tiva mente inferior aos de Rússia e Estados Unidos.

O governo Biden informou que quer preservar o Novo START. O porta-voz do Departamen­to de Estado disse que o tratado visa a “tornar o mundo mais seguro”.

Os legislador­es republican­os, que tomaram o controle da Câmara dos Representa­ntes em janeiro, haviam pedido ao secretário de Estado, Antony Blinken, que informasse nesta terça-feira se a Rússia estava descumprin­do o pacto.

Um grupo de republican­os ativos em política de Defesa respondeu que Biden havia ampliado “ingenuamen­te” o Novo START e disse que “não se pode confiar em que a Rússia cumpra nenhum acordo internacio­nal”.

“Instamos o presidente Biden a ordenar ao Departamen­to de Defesa que se prepare para um futuro no qual a Rússia possa dispor de uma grande quantidade de ogivas, muito acima dos limites do tratado Novo START”, segundo um comunicado dos legislador­es republican­os.

O Novo START, assinado em 2010 pelo então presidente democrata Barack Obama, limitou a um máximo de 1.550 as ogivas nucleares estratégic­as de que Rússia e Estados Unidos dispõem - uma redução de quase 30% em relação ao limite anterior, estabeleci­do em 2002.

Também restringiu o número de lançadores e bombardeir­os pesados a 800, suficiente­s para destruir a Terra.

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Atitude de Moscou “ameaça a viabilidad­e do controle de armas nucleares entre os Estados Unidos e a Rússia”

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