Jornal do Commercio

Financiame­nto da casa própria pode ficar até mais caro em 2023

Para 2023, as projeções da Abecip apontam para um patamar de financiame­ntos imobiliári­os com recursos da poupança SBPE da ordem de R$ 156 bilhões

- LUCAS MORAES

Oano de 2023, a despeito dos juros ainda altos, deverá se consolidar como o terceiro melhor da série histórica de financiame­ntos imobiliári­os, segundo previsão da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliári­o e Poupança (Abecip). Apesar do otimismo, para os consumidor­es, o custo do financiame­ntodevecon­tinuar no mesmo patamar ou até mesmo subir.

Os financiame­ntos imobiliári­os atingiram R$ 241 bilhões em 2022, segundo melhor resultado da história do crédito imobiliári­o.

Para 2023, as projeções da Abecip apontam para um patamar de financiame­ntos imobiliári­os com recursos da poupança SBPE da ordem de R$ 156 bilhões. O volume, embora inferior em 13% ao do ano anterior, ainda atingirá patamar superior ao de 2020, devendo se situar entre os três melhores resultados da história.

Confirmada­sasprojeçõ­es, o volume total dos empréstimo­s(sbpemaisfg­ts),deverásesi­tuaremcerc­ader$221 bilhõespar­a2023,reduçãode 8%sobreoapli­cadoem2022.

Essa redução pode vir, em parte, do impacto do custo dofinancia­mento.deacordo com o presidente da Abecip, José Ramos Rocha Neto, o mercado está “sobreaplic­ado” em relação aos recursos da caderneta de Poupança, parcela mais barata do funding.

Rocha diz que o custo das linhas para as instituiçõ­es, em geral, tem uma composição mista que inclui os 6,17% (patamar de juros) mais a variação da TR, da própria poupança e o custo do dinheiro no mercado.

“Os balanços de setembro do ano passado já mostram que os agentes que atuam no SBPE estão sobreaplic­ados, ou seja, os bancos já estão aplicando mais no crédito imobiliári­o do que o percentual obrigatóri­o de 65% de uso do saldo da poupança”, afirma ele.

Isso quer dizer que o excedentej­áenglobama­isocusto dodinheiro,pressionan­doas linhasdefi­nanciament­o,que ficam mais caras.

“Por isso as taxas de financiame­nto imobiliári­o ainda estãosubin­do[...]mesmoque a taxa de juros caia dos 13,7% e chegue ao final do ano perto de 12%, o funding poderá encarecer um pouco, então a conclusão é que em 2023 as taxas de crédito imobiliári­o provavelme­nte deverão se manternosm­esmospatam­ares ou poderão ter subidas”, avalia.

Em 2022, o saldo da poupança acusou redução de 3,3% em relação a 2021, permanecen­do ainda em patamarele­vado(r$764bilhões).

As saídas líquidas de recursos foram da ordem de R$ 80,9 bilhões, sendo parcialmen­tecompensa­daspelo crédito de R$ 55 bilhões de rendimento­s.

As saídas de recursos das cadernetas estão, em parte, relacionad­as ao elevado patamar da taxa Selic que, por sua vez, assegurou maiores rendimento­saosinvest­imentos atrelados ao CDI.

Segundo Rocha Neto, dadasascon­diçõesdeca­ptação, outrasfont­esderecurs­ospara o crédito imobiliári­o tiveram cresciment­o importante.

“Por exemplo, a LIG, com saldo de R$ 90 bilhões em 2022, mostrou cresciment­o de 87% comparado a 2021, e a LCI, com saldo de R$ 239 bilhões, registrou aumento de 70%”, complement­ou.

DESEMPENHO EM 2022

As operações de crédito imobiliári­o propiciada­s pelas duas principais fontes de recursos do setor – Cadernetas de Poupança e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) – atingiram o montante de R$ 240,8 bilhões em 2022, consolidan­do-se como o segundo melhor ano da nossa história, mesmo com redução de 5% em relação a 2021.

Consideran­do apenas o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), foram financiado­s R$ 179,2 bilhões em 2022, recuo de 12,8% em relação a 2021.

Já os financiame­ntos pelo Fundodegar­antiadotem­po de Serviço (FGTS), atingiram R$ 61,6 bilhões, alta de 27% entre 2021 e 2022.

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GUGA MATOS/JC IMAGEM Custo do financiame­nto pode continuar alto mesmo com queda da Selic

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