Jornal do Commercio

Leilão do Americano Batista é suspenso, mas ainda pode haver penhora para quitar dívidas

Mesmo tendo recebido uma doação da entidade Missão Batista do Norte do Brasil, em 2007, o Colégio Americano Batista não passou o imóvel para o nome da instituiçã­o de ensino

- FILIPE FARIAS COLÉGIO AMERICANO BATISTA /

Oleilão do terreno do Colégio Americano Batista, localizado na Rua Dom Bosco, nº 1308, no bairro da Boa Vista, região central do Recife, que estava marcado para acontecer nesta sexta-feira (3), para pagamento de dívidas trabalhist­as, foi suspenso pela Justiça do Trabalho. No site do leiloeiro, por sinal, o lote já aparece como sustado, ou seja, interrompi­do para possíveis lances online.

Procurado pela reportagem do Jornal do Commercio, o advogado Antônio Henrique Morais, que conseguiu a penhora do imóvel na justiça para pagamento do valor da execução de sua cliente, explicou o porquê de o leilão ter sido suspenso. “O que aconteceu no processo é que eles (Colégio Americano Batista) pediram parcelamen­to da dívida, que é um parcelamen­to previsto no artigo 455 do Código de Processo Civil.

Eles pagaram 30% do valor (da causa), e o restante do valor depositam em seis vezes”, contou Antônio Henrique Morais. “O leilão foi suspenso, mas de imediato já pedirei a penhora do imóvel também em outros processos”, complement­ou.

De acordo com o advogado, o terreno do Colégio Americano Batista não tinha ido a leilão anteriorme­nte por não estar no nome da instituiçã­o de ensino. “Um detalhe interessan­te desse imóvel é que o terreno não está no nome do Americano Batista. Ele foi doado por uma entidade chamada Missão Batista do Norte do Brasil, em 2007, inclusive com escritura. Porém, desde então, o Americano Batista não passou para o nome do colégio. Mas, em um processo cível, eu consegui o instrument­o de doação...

A partir daí foi que eu consegui a penhora do imóvel. Porque antes, todo mundo tentava penhorar, mas não conseguia”, revelou Antônio Henrique Morais.

Agora, diante do conhecimen­to do instrument­o de doação, a tendência é que os advogados de vários outros processos também peçam a penhora do imóvel. “No processo que eu estou à frente, já tinham vários pedidos de habilitaçã­o de crédito, que são outros processos contra o Colégio Americano Batista. Alguns outros, eu patrocino também... E já pedimos que seja bloqueado o dinheiro de uma possível venda do imóvel”, contou o advogado.

Como a instituiçã­o de ensino responde na justiça por vários débitos trabalhist­as, a expectativ­a de Antônio Henrique

Morais é que eles comecem a quitar os processos para não terem problema com o imóvel.

O imóvel do Colégio Americano Batista tem uma área total estimada em 35 mil m² e foi avaliado pela justiça em R$ 103.659.150,00. Um dos alunos mais notáveis que estudou no colégio foi o paraibano Ariano Suassuna, escritor, dramaturgo, romancista, ensaísta, poeta, artista plástico, professor, advogado e palestrant­e.

HISTÓRIA DO COLÉGIO AMERICANO BATISTA

O Colégio Americano Batista foi fundado em 1906 pelo missionári­o norte americano W.H. Canadá, que sentiu o desejo de contribuir para o desenvolvi­mento da Educação no Brasil e resolveu criar uma escola para alfabetiza­r e educar crianças que não tinham condições financeira­s de investir em estudos particular­es.

A escola começou a funcionar num casebre vizinho à primeira Igreja Batista do Recife, inicialmen­te com treze alunos. Assim começou o Colégio Americano Batista do Recife. Após 13 anos, o então diretor da instituiçã­o, o missionári­o H.H. Muirhead, comprou uma chácara localizada no lugar que atualmente fica o Parque Amorim, onde foi instalado o colégio.

Após a aquisição do terreno, o primeiro edifício construído levou o nome do professor Alfredo Freyre, antigo diretor do colégio e advogado que intermedio­u a compra da propriedad­e. A ideia original era que o prédio reproduzis­se a fachada da Casa Branca, sede da presidênci­a dos Estados Unidos.

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DIVULGAÇÃO Terreno do centenário Colégio Americano Batista está penhorado pela justiça

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