Passagem de ônibus do Grande Recife não vai aumentar por enquanto
População já está acostumada a esperar pelo reajuste tarifário no início do ano, mas Estado diz que não discutirá tema até julho
Como tem sido comum desde a primeira gestão do PSB à frente do governo de Pernambuco - 16 anos atrás -, a população da Região Metropolitana do Recife já sabe: todo início de ano, geralmente entre o fim do mês de janeiro e início de fevereiro, o Estado decide se irá ou não aumentar o valor das passagens de ônibus.
Com a nova gestão do governo estadual, agora comandada por Raquel Lyra (PSDB), a mesma incerteza é lançada. Mas, para alívio dos passageiros do Grande Recife e que ainda sofrem para adaptar suas economias ao reajuste de quase 10% repassado no início de 2022, as passagens não devem aumentar. Pelo menos por enquanto.
A garantia foi dada pelo novo secretário de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco, Evandro Avelar, que agora responde pela infraestrutura rodoviária e pelo transporte coletivo do Estado - não só o metropolitano, mas também o intermunicipal.
Segundo o secretário, pelo menos até o mês de julho um possível realinhamento tarifário não estará na pauta de discussões do Estado. A justificativa apresentada para a boa notícia é
Oque, no momento, o governo entende ser necessário fazer uma avaliação das condições operacionais do Sistema de Transporte Público de Passageiros da RMR (STPP).
“Antes de falar em aumento de tarifa precisamos discutir ajustes operacionais, coibir a evasão de receita - que está altíssima -, e atuar contra a operação clandestina de transporte. É preciso também discutir estratégias para atrair o passageiro, que tem fugido para os aplicativos de transporte como Uber, ou mudado sua rotina com a adaptação ao home office, por exemplo”, explica Evandro Avelar.
Esse adiamento, entretanto, também tem outra razão e ela é financeira. Com a pandemia de covid-19, o governo de Pernambuco foi obrigado a socorrer o sistema de transporte por ônibus ampliando o subsídio público para conseguir manter uma oferta de ônibus suficiente a atender às regras sanitárias da época, ao mesmo tempo em que a demanda de passageiros caia.
Para se ter ideia, somente até novembro de 2022, o governo de Pernambuco - ainda sob gestão do ex-governador Paulo Câmara (PSB) - havia destinado R$ 251 milhões em subsídios públicos ao sistema de transporte da RMR.
Desse total, R$ 119 milhões foram repassados às concessionárias públicas de transporte (os Consórcios Mobibrasil e Conorte) para reequilíbrio dos contratos, e R$ 132 milhões foram gastos com a compra antecipada do vale-transporte - uma forma de manter o equilíbrio operacional das empresas de ônibus que não têm licitação e são a maioria do sistema.
“Não estou dizendo que o assunto de um realinhamento tarifário não será discutido mais para frente, principalmente porque é preciso analisar a capacidade do Estado de manter essa quantia de subsídio, que deverá se aproximar dos R$ 400 milhões em 2023. Mas não será agora e não está condicionado ao mês de janeiro, como acontecia. Até porque esse repasse de subsídios ao setor está garantido por lei até julho deste ano”, reforça Evandro Avelar.
ÚLTIMO AUMENTO
O último aumento das passagens dos ônibus do Grande Recife aconteceu em janeiro de 2022, aprovado pelo Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM). O reajuste foi de 9,69%, elevando o Anel A - o principal e utilizado por mais de 80% dos passageiros - de R$ 3,75 para R$ 4,10. O percentualdeaumentoaprovado,comosempreacontece,
foi o defendido pelo Estado.
SUBSÍDIO
Outra razão que justifica a decisão do Estado de não discutirumaumentodaspassagens é o dinheiro recebido do chamado Auxílio Transportepúblico,aajudafederal para cobrir a gratuidade dos idosos nos ônibus, metrôs e trens do País.
O Estado recebeu, no fim de2022,r$92,4milhõespara dividircomtodososoperadores de ônibus da Região Metropolitanadorecife,concessionáriasoupermissionárias, assimcomocomosistemade ônibus intermunicipal, que atende o interior do Estado.
No total, o Auxílio Transporte Público envolveu a quantia de R$ 2,5 bilhões para todos os sistemas de transporte público regulares do País e que se cadastraram. No caso de Pernambuco, os valores seriam abatidos do subsídio repassado pelo Estado.