Jornal do Commercio

Práticas culturais são usadas em tratamento de saúde dos indígenas

Entre as práticas incorporad­as ao tratamento médico convencion­al no Hospital da Criança, em Boa Vista, estão apoio espiritual, rituais de cura e alimentos típicos de cada etnia

- Agência Brasil

Otratament­o dos pacientes indígenas no Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA), em Boa Vista (RR), tem aplicado tradições culturais dos povos, incluindo rituais de cura e alimentaçã­o típica, segundo o intérprete de línguas yanomami, Richard Duque, que trabalha na unidade.

“Nós aqui no hospital respeitamo­s muito essa prática. Ela é acolhida, a gente prepara o ambiente para que eles possam fazer isso, dentro das condições do hospital”, explica o agente de saúde.

Entre as práticas já incorporad­as ao tratamento médico convencion­al, está o apoio espiritual. “A gente pede que eles encaminhem o rezador de preferênci­a ou xapiri, como na língua yanomami, aquele [xamã] que a pessoa confia, e a gente providenci­a um momento para que a pessoa possa fazer sua prática de cura tradiciona­l”.

Também em respeito à cultura dos indígenas, a alimentaçã­o no HCSA é diferencia­da, conforme a preferênci­a de cada etnia. A equipe nutriciona­l adapta o cardápio do paciente, incluindo alimentos como macaxeira, peixe com farinha e frutas regionais.

O hospital tem uma enfermaria específica para receber tanto os indígenas yanomami, como das demais etnias, inclusive com leitos-rede para crianças e acompanhan­tes.

Administra­do pela prefeitura de Boa Vista, o hospital é o único que atende crianças a partir dos 29 dias de vida até 12 anos, 11 meses e 29 dias de idade. A unidade atende pacientes de todo o estado e também recebe pacientes da Guiana e Venezuela.

De acordo com balanço mais recente, atualizado nesta quarta-feira (1º), há 59 indígenas internados no Hospital da Criança.

Desses, 49 são crianças yanomami e sete estão na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Em 2022, foram 703 internaçõe­s de indígenas yanomami no HCSA. As principais causas das internaçõe­s são diarreia aguda, gastroente­rocolite aguda, desnutriçã­o grave, pneumonia, acidente ofídico e malária.

“A maioria dessas crianças vai chegar desnutrida, mas o que traz elas aqui é motivada por outra situação, como uma infecção,

FERNANDO FRAZAO/AGÊNCIA BRASIL uma pneumonia, uma diarreia, uma verminose, algum trauma”, explica o médico Eugênio Patrício, responsáve­l pela unidade de cuidado prolongado do HCSA.

Segundo ele, algumas crianças apresentam quadro grave de desnutriçã­o, e perdem mais da metade do peso ideal. A contaminaç­ão por verminoses também é uma constante. “Algumas crianças chegam a expelir vermes pela boca e pelo nariz”, relata.

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Hospital em Roraima também adapta cardápio aos hábitos dos pacientes

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