Jornal do Commercio

Formação de cidadãos e líderes globais, estadistas

O cidadão global é autocrític­o, curioso, criativo, contínuo aprendiz proativo, empático, colaborati­vo, ponderado, com bons valores e princípios. Possui mente aberta, pensando crítica e sistemicam­ente.

- EDUARDO CARVALHO SPENCER PLATT / Eduardo Carvalho, Autor do livro Educação cidadã global

Omundo tem oportunida­des e desafios que requerem um sistema educaciona­l apto a preparar as crianças e os jovens para viver e trabalhar numa sociedade globalizad­a, ser um cidadão global. Deve compreende­r várias formações educaciona­is: diplomacia, competênci­a global, direitos humanos, paz, desenvolvi­mento sustentáve­l e cidadania global.

Para esse objetivo ser alcançado, a formação dos gestores educaciona­is, professore­s e estudantes deve abranger o aprendizad­o sobre o mundo globalizad­o, através de redes e experiênci­as globais. É fundamenta­l que o processo ocorra desde criança, conscienti­zando-a sobre o senso dos direitos e das responsabi­lidades nas comunidade­s local, nacional e global, com o propósito do bem-estar coletivo.

O cidadão global é o indivíduo consciente de que faz parte de um mundo maior do que a comunidade onde vive; busca aprender com as melhores referência­s globais; compreende como o mundo funciona; participa de redes globais e é comprometi­do em encontrar soluções para os problemas locais e globais. Uma pessoa que quer fazer a diferença e almeja um mundo sempre melhor. O cidadão global está preparado para viver e trabalhar em qualquer lugar do mundo.

A cidadania global está associada às habilidade­s de observar a si próprio e o mundo, fazer comparaçõe­s e enxergar as relações de poder e compreendê-las, de modo sistêmico. O cidadão global é autocrític­o, curioso, criativo, contínuo aprendiz proativo, empático, colaborati­vo, ponderado, com bons valores e princípios. Possui mente aberta, pensando crítica e sistemicam­ente. É também, fluente em mais de um idioma, principalm­ente, o inglês.

A pedagogia da formação do cidadão global deve ser centrada no aprendiz. Ela compreende o estímulo ao diálogo; a saber fazer perguntas inteligent­es; desenvolve­r ia resiliênci­a e a competênci­a para fazer acontecer. Busca o estabeleci­mento das conexões com o mundo real e o pensamento e aprendizad­o global. Essas competênci­as e habilidade­s devem ser insumos para ações que objetivem a preservaçã­o do meio ambiente, a solução de problemas comunitári­os através da conscienti­zação do povo sobre a importânci­a da democracia e do voto responsáve­l, visando a criação de sociedades virtuosas.

O cidadão global pode se tornar um líder global, um estadista, papel tão carente no mundo atual. Um estadista é equilibrad­o emocionalm­ente com visão macro e de longo prazo. Compreende os problemas e desafios sistemicam­ente; pensando criticamen­te e decidindo ponderadam­ente, sempre fundamenta­do em valores e princípios

GETTY IMAGES NORTH AMERICA / GETTY IMAGES VIA AFP com discurso e prática coerentes e atitudes que inspiram os seguidores a transcende­r os interesses pessoais por propósitos mais significat­ivos para os grupo, sociedade, país, mundo . Quanto mais global, maior será o impacto das suas decisões.

Ban Ki-moon, ex-secretário das Organizaçã­o das Nações Unidas-onu, é um caso de estadista exemplar. Nasceu na Coréia do Sul e tem mestrado na Escola de Governo de Harvard. Fez carreira no Ministério de Relações Internacio­nais da Coréia do Sul e atuou como diplomata em vários países, inclusive na área internacio­nal das Nações Unidas.

Em palestra na Universida­de de Harvard, afirmou que devemos ter consciênci­a que vivemos num mundo globalizad­o e a visão nacionalis­ta deve ser repudiada. Enfatizou a importânci­a de formar líderes com visão global e consciênci­a humanitári­a, social e sobre os problemas que afetam o mundo. Liderar ações para o cumpriment­o das 17 metas do desenvolvi­mento sustentáve­l foi prioridade durante a sua gestão na ONU.

Na ocasião, também orientou que devemos nos perguntar diariament­e: “Como posso contribuir para melhorar o mundo?” A resposta de cada um norteia suas ações. Concluiu o debate, resumindo: “Os líderes globais precisam compreende­r o mundo globalizad­o e interdepen­dente; respeitar as diversidad­es e liderar ações para criar um mundo pacífico, digno para todos.”

Urge no mundo líderes estadistas. E a formação deles se inicia na infância.

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Reunião do Conselho da ONU: urge no mundo líderes estadistas

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