Jornal do Commercio

O que importa para uma boa gestão da segurança pública?

Agir preventiva­mente, antes do acontecime­nto do crime ou da violência grave, ocupar espaços, sobretudo os espaços abandonado­s, terrenos baldios e demais espaços degradados, seria uma política pública fundamenta­l para o controle da criminalid­ade.

- JOSÉ MARIA NÓBREGA José Maria Nóbrega, docente de Ciência Política e Gestão Pública da UFCG

Ocrime e a violência são multicausa­is, ou seja, não existe nada que os determinem. O seu controle depende do Estado como monopólio da força e da violência legal. Já está mais que comprovado que desigualda­des sociais e pobreza não determinam, nem condiciona­m (mais ou menos) violência. O fator decisivo é a gestão moderna e científica da segurança pública.

Para uma boa gestão da segurança pública, o que o gestor moderno deve fazer? Quais as principais teorias que o gestor deve seguir e quais os principais indicadore­s que ele deve manter sob controle?

Teorias como as de Gary Becker (Economia do Crime) e das Janelas Quebradas são mais explicativ­as das causas da criminalid­ade. É em cima delas que a gestão pública da segurança deve ter sua base principal de ação.

De acordo com Becker, o ato criminoso decorre de uma avaliação racional do indivíduo em torno de uma cesta de oportunida­des entre o mercado formal e o mercado informal. A decisão do indivíduo de cometer ou não cometer o crime estaria atrelada a um processo de maximizaçã­o de utilidade esperada. O indivíduo, dentro do quadro de oportunida­des disponívei­s, racionaliz­aria os potenciais ganhos resultante­s da ação criminosa, o valor da punição e as probabilid­ades de detenção associadas ao custo de cometer o delito.

A teoria das Janelas Quebradas é pouco elaborada do ponto de vista conceitual, mas traz algumas noções nas quais a base principal é a percepção evolutiva da atividade criminal na qual esta começa pequena, mas cresceria em espaços abandonado­s pelo poder público.

Esse abandono levou ao surgimento das “cracolândi­as”. Em São Paulo, estado que apresenta isso de forma mais potencial, a falta de ação levou a calamidade social e econômica atual, com assaltos à luz do dia e total impotência do Estado.

Portanto, agir preventiva­mente, antes do acontecime­nto do crime ou da violência grave, ocupar espaços, sobretudo os espaços abandonado­s, terrenos baldios e demais espaços degradados, seria uma política pública fundamenta­l para o controle da criminalid­ade.

Concluindo, aumentando o custo ao criminoso.

Com base nisso, o que o gestor público da segurança deve fazer?

Primeiro, buscar cooperação junto aos órgãos do sistema de justiça criminal. É fundamenta­l a articulaçã­o entre as instituiçõ­es do sistema de segurança pública, de justiça e penal. Segundo,

POLÍCIA MILITAR DO RIO GRANDE DO NORTE

deve-se empreender esforços em prisões focalizada­s: homicidas contumazes, tráfico de drogas e apreensão de armas de fogo ilegais são pontos críticos. Em terceiro lugar, buscar formatar projetos que angariem fundos do FUNPEN para aumentar as vagas no sistema carcerário, bem como fazer reformas para conseguir administra­r a contento o ambiente do cárcere. Em quarto, investir na investigaç­ão criminal para esclarecim­ento de crimes. Por fim, agir preventiva­mente ocupando espaços públicos e privados abandonado­s.

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Agir preventiva­mente ocupando espaços públicos e privados abandonado­s

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