Jornal do Commercio

Lula minimiza derrotas, mas Plano Safra vira novo embate com bancada ruralista

Integrante­s da Frente Parlamenta­r da Agropecuár­ia (FPA) têm reclamado da falta de informaçõe­s sobre o volume de recursos para a nova edição do plano

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Opresident­e Luiz Inácio Lula da Silva minimizou nesta quinta, 25, o esvaziamen­to das atribuiçõe­s dos ministério­s do Meio Ambiente e Mudança Climática e dos Povos Originário­s, mas há um novo embate entre o governo e abancada ruralista no Congresso.

O Plano Safra, que deve ser anunciado até junho, se consolida como um novo foco de disputa. Integrante­s da Frente Parlamenta­r da Agropecuár­ia (FPA) têm reclamado da falta de informaçõe­s sobre o volume de recursos para anova edição do plano, diante das altas taxas de juros, e mostram preocupaçã­o com o prazo exíguo para os repasses.

O ministro da Agricultur­a, Carlos Fávaro (PSD), se reuniu como titular da Fazenda, Haddad, e disse ter levadoà equipe econômica uma proposta para aumentar averba destinada ao Plano Safra. “Quando olhamos para 2022 e 2023, o que compete ao Ministério da Agricultur­a ficou em torno de R$ 3,8 bilhões. O nosso pleito é pela equivalênc­ia do que foi 2014, pelo menos”, afirmou fá varo, numa referência a uma espécie de subsídio dado aos produtores rurais.

Naquele ano da gestão de Dilma Rousseff (PT), as equalizaçõ­es de juros, em valores nominais, ficaram em R$ 11,6 bilhões.

Foi apressão da bancada ruralista no Congresso que impôs derrota para o governo na comissão especial formada por deputados e senadores para tratar da medida provisória( MP) dos Ministério­s.

O colegiado misto aprovou anteontem pare cerque enfraquece­u as pastas chefiadas por Marina silva e sônia guajajara. O texto retira a Agência Nacional de águas e saneamento básico( ana) e apolítica nacional de Recursos Hídricos da pasta domei o ambiente epas sapara o ministério da integração e desenvolvi­mento Regional.

Nocas odo ministério comandadop­or sônia guajajara, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) é transferid­a para a pasta da Justiça, do ministro Flávio Dino.

O texto aprovado ainda precisa passar por votações nos plenários da Câmara e do Senado em um curto prazo. A MP tem validade até o dia 1.º de junho.

Em outro tema caro aos ruralistas, horas depois foi aprovada, na Câmara, a urgência do projeto de lei que trata da adoção deu mm arco temporal para a demarcação de terras indígenas no País.

O texto principal poderá ser votado na semana que vem, antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) retomar o julgamento de uma ação sobre o tema.

Atese domar co temporal que ostf pode e tende a derrubar-prevê que as demarcaçõe­s só podem contemplar povos que já ocupavam as terras antese até a promulgaçã­o da Constituiç­ão em vigor, em outubro de 1988.

Neste projeto, o líder do governo Lula na Casa, José Guimarães (PT-CE), liberou o voto da base aliada - ou seja, não orientou para que votassem contra a urgência na tramitação do marco temporal, contrarian­do inclusive discursosd­o então candidato lu lano ano passado.

Já naco missão especial que analisou amp dos ministério­s, quatro parlamenta­res do PT deram aval às mudanças.

‘RESISTIR’

No dia seguinte aos reveses, Marina falou em “resistir” à situação e comparou o cenário atual ao de um violinista que permanece tocando em um concerto após as cordas de seu instrument­o estourarem e, mesmo assim, encanta a plateia.

“Eles estão transforma­ndo a mp da gestão do governo que ganhoun amp do governo que perdeu, em várias agendas, sobretudo a agenda ambiental e dos povos indígenas, mas temos de resistir evamos resistir, manejando essa contradiçã­o, criando alternativ­as, buscando soluções e cuidando do legado”, disse, ao discursar durante a cerimônia de posse dop residente d oi cm bio, mauro Pires.

O planalto também se mobilizo upar atentar reduzir o dentro eforado governo. Lula convocou para hoje uma reunião com Marina e Sônia Guajajara.

Ao participar de cerimônia do Dia da Indústria na sede da Federação das Indústrias do Estado de são paulo( fiesp ), na capital paulista, o presidente classifico­u a intervençã­o do Congresso como “normal”.

“Tem dias que agente acorda com notícias parecendo que o mundo acabou. Eu fui ver o que estava acontecend­o, era a coisa mais normal”, disse o presidente a empresário­s. “Até então agente estava mandando a visão de governo que nós queríamos. a comissão no Congresso Nacional resolveu mexer”, continuou. “Agora começou o jogo. Nós vamos jogar, vamos conversar com o Congresso, vamos fazer a governança.”

A preocupaçã­o maior do governo é coma fragilidad­e política da ministra do Meio Ambiente, que também enfrenta desgaste na queda de braço com o Ministério de Minas e Energia sobre a proposta de exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas.

O ministro das Relações Institucio­nais, Alexandre Padilha, garantiu, em entrevista Estadão/broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que a saída de Marina da pasta não foi discutida na gestão Lula. Segundo ele, Marina tem um papel importante de “sustentar” a agenda ambiental do governo.

“Vamos debater com o Congresso”, afirmou Padilha, destacando que o governo estará “com os instrument­os” preparados caso a decisão seja confirmada.

“Para garantir o papel, a função dessas estruturas como a ANA e apolítica nacional de recursos hídricos extremamen­te sintonizad­a com o Ministério do Meio Ambiente e com a agenda da sustentabi­lidade.”

Na mesma linha, Lula concluiu sua avaliação sobre as derrotas no Congresso afirmando que é preciso não “se assustar com a política”. “Quando a sociedade se assusta com a política e começa a culpar a classe política, o resultado é infinitame­nte pior. É na política que se tem as soluções dos grandes e pequenos problemas do País.”

FPA

O governo petista, contudo, enfrenta um embate permanente com abancada ruralista. Sobre o Plano Safra, o ministro da Agricultur­a disse que o Executivo busca mecanismos para permitir que o mercado financie a agropecuár­ia, sem a participaç­ão do Tesouro Nacional.

Além disso, destacou que a liberação de uma linha de crédito rural em dólar, feita pelo Banco Nacional de e social, é uma “política inédita”.

Mas representa­ntes do agro indicam preocupaçã­o com os recursos necessário­s para cobrir os juros e a liberação da verba atem pode fazer o planejamen­to da safra.

Ex-ministra da Agricultur­a, a senadora tereza crist in a (pp-ms) vai conversar com Fá varo na próxima segunda-feira. “Os valores do Plano Safra, pela nossa entidade, têm uma necessidad­e de R$ 25 bilhões para equalizaçã­o de juros e R$ 400 milhões para operações”, disse o presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR).

O Estadão apurou que existe uma disputa, nos bastidores, entre a Agricultur­a e o Ministério do Desenvolvi­mento Agrário, comandado por Paulo Teixeira (PT), pela divisão dos valores entre pequenos, médios e grandes produtores rurais.

Em funciona mentona comissão parlamenta­r de inquérito(cpi)d omo vimento dos Sem Terra( MST) outro problema para o governo porque tem servido de pal copara o confronto entre abancada ruralista e o PT.

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WALDEMIR BARRETO/AGÊNCIA SENADO O ministro da Agricultur­a, Carlos Fávaro (PSD), se reuniu com o titular da Fazenda, Fernando Haddad, e disse ter levado à equipe econômica uma proposta para aumentar a verba destinada ao Plano Safra

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