Jornal do Commercio

CPMI do 8 de Janeiro já tem 396 requerimen­tos em ‘guerra’ entre lulistas e bolsonaris­tas

O recordista­s de pedidos apresentad­os é o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), que foi responsáve­l por 82 documentos

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Arecém instalada comissão Parlamenta­r Mista de Inq ué rito(cpmi)d os atos golpistas opera no modo “guerra” de requerimen­tos. Com apenas três dias de funcioname­nto, parlamenta­res governista­s e de oposição já apresentar­am 396 pedidos de providênci­as a serem adotadas pelo colegiado. Longe dos holofotes das sessões transmitid­as ao vivo, deputados e senadores batalham nos bastidores para emplacar seus requerimen­tos,que, ao cabo, podem guiar os rumos das investigaç­ões e fazer prevalecer determinad­as narrativas.

Não há limite para a apresentaç­ão de requerimen­tos, mas os parlamenta­res precisam convencer seus pares da necessidad­e de aprovar as suas demandas. A presidênci­a da comissão precisa pautar os pedi dose a maioria votar pela aprovação.

O recordista­s de pedidos apresentad­o sé o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), que foi responsáve­l por 82 documentos que pedem desde a convocação de ex-ministros do governo Jair Bolsonaro (PL), como Anderson Torres, até aliados do presidente Luiz inácio lula dasilva(pt ), como o ministro do Gabinete de Segurança Institucio­nal (G si ), general marcos amaro.

As convocaçõe­s para suspeitos e testemunha­s apresentar­em seus depoimento­s formam a maioria dos pedidos apresentad­os pelos parlamenta­res. Também há medidas administra­tivas elencadas. A deputada Dudasalabe­rt(pdt-mg),por exemplo, solicitou todos os dados da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) relacionad­os aos atos do dia 8 de janeiro. Já o deputado Nikol as ferreira(p l-mg) solicitou ao Palácio do Planalto e ao supremo tribunal federal (STF) todas as imagens captadas no dia da invasão aos Três Poderes.

Na guerra de requerimen­tos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aproveitou o poder de polícia da CPMI para pedir acesso completo ao inquérito do STF no qual opai, o ex-presidente jair bolso naro(PL),fig ura como investigad­o por suspeita de incitação aos atos golpistas. A defesa do ex-presidente tem alegado que o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito dos atos golpistas na Suprema Corte, os impede de ter acesso às acusações para formular sua estratégia defensiva.

Os aliados de Bolsonaro são responsáve­is por 168 dos 396 requerimen­tos. Como mostrou o Estadão, o ex-presidente ordenou que seus deputados e senadores tenham foco completo na CPMI dos Atos Golpistas em detrimento de outros movimentos de direita, como as manifestaç­ões convocadas pelo deputado cassado Deltan Dallagnol (Podemos-pr) na tentativa de reaver seu mandato. Bolsonaro chegou a boicotara organizaçã­o dos atos em discurso.

Há ainda medidas que miram o enfrentame­nto político. O deputado Rogério Correia (PT-MG) apresentou na última quinta-feira, 25, requerimen­to solicitand­o a quebra de sigilo telefônico e telemático de Bolsonaro. Correia argumenta no pedido que “a depredação dos prédios dos Três Poderes da República surge da reiterada ação de vários atores políticos inconforma­dos com a derrota eleitoral, uma avalanche de publicaçõe­s mentirosas nas redes sociais questionan­do o pleito eleitoral e a ação e omissão do então Presidente da República Jair Messias Bolsonaro”.

Outros aliados de Lula, como a senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA), que é suplente do ministro da Justiça Flávio dino, também solicitara­m a convocação do ex-ministro ecand ida toàv icena chapa de Bolsonaro em 2022, general Walter Braga Netto.

Contra o ex-titular do GSI sob Bolsonaro, general Augusto Heleno, recaem sete pedidos de convocação para que ele explique a atuação da área de inteligênc­ia do governo em situações de crise que antecedera­m o 8 de janeiro. Entre elas, o monitorame­nto dos acampament­os golpistas em frentes aos quartéis militares e os atos violentos no centro de Brasília no dia 12 de dezembro, quando Lula foi diplomado presidente.

Os parlamenta­res da base de Lula aproveitar­am as revelações da Polícia Federal (PF) de que o ex-aliado de Bolsonaro, Ailton Barros, tramou um golpe de Estado com o ex-ajudante de ordens da Presidênci­a, Mauro Cid, para apresentar cinco requerimen­tos contra Ailton e outros quatro contra Cid. Contra o ex-secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, preso após a tentativa de golpe do dia 8 de janeiro, recaem três pedidos de depoimento.

Os aliados de Bolsonaro se valeram da mesma medida de Correia, mas para desgastar o governo Lula. Izalci solicitou as informaçõe­s sigilosas do ex-ministro do Gabinete de segurança institucio­nal( G S ), general Gonçalves Dias, que pediu demissão após ser flagrado dentro do Palácio do Planalto no dia da invasão do dia 8 de janeiro. Já Eduardo Bolsonaro solicitou a convocação dos ministros Flávio Dino e José Múcio, da Defesa.

O senador Sergio Moro (União Brasil-pr) pediu em seu único requerimen­to que o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passo, envie documentos relativos à atuação da corporação no dia 8 de janeiro.

Foram protocolad­os até o momento 243 requerimen­tos de convocação, além de três convites para prestar depoimento. Há ainda outros 32 requerimen­tos de quebra e transferên­cia de sigilos bancário, telemático e telefônico de suspeitos. Os outros 118 documentos apresentad­os à mesa d ire toradacp misã ode pedidos de informação a órgãos do poder público, como a Presidênci­a da República, as Forças Armadas e a Procurador­ia-geral da República.

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MAURO PIMENTEL / Muitos bolsonaris­tas chegaram em Brasília no dia 8 de janeiro utilizando ônibus

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