Jornal do Commercio

Para o Brasil ser potência ambiental: energia limpa e biodiversi­dade

A energia renovável é uma direção óbvia, enquanto o estímulo ao combustíve­l fóssil dos automóveis é um contrassen­so

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Investir em um modelo de desenvolvi­mento com base na sustentabi­lidade já não é questão de escolha para diversos países do mundo. No Brasil, governante­s de todos os níveis de gestão, parlamenta­res e consideráv­el parcela da população, ainda não se deram conta da urgência, ou sequer da importânci­a do foco na direção ambiental. Tanto para o cresciment­o econômico, quanto para a redução da gritante desigualda­de social no país. Falta a compreensã­o do meio ambiente como um ativo nacional, dotado de rica biodiversi­dade em território de dimensões continenta­is. O que não significa adotar postura avessa ao desenvolvi­mento – e sim, agregar o ganho ambiental no cálculo de qualquer ação, empreendim­ento, alteração legal ou medida de governo.

O potencial ambientalb­ra sile iroé conhecido e louvado, há anos. Mas para aproveitar o potencial e se tornar uma potência ecológica, há um longo caminho a ser percorrido. Um caminho que não se percorre por um único ativista, mesmo que seja uma ministra. A trilha do desenvolvi­mento sustentáve­l é para ser cruzada pela nação inteira, com diretrizes alinhadas pelos Três Poderes, e atitudes compartilh­adas entre gestores e cidadãos. Em entrevista publicada ontem no JC, o fundador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, que cumpriu agenda com Geraldo Alckmin e Marina Silva em passagem pelo Brasil na semana passada, afirmou que o nosso país tem tudo para despontar como uma “ecopower”, potência ecológica. Porque a economia global tende ase reestrutur­ar como economia verde, num cenário em que os brasileiro­s partem com vantagem competitiv­a.

Além da Amazônia na absorção de carbono, Schwab lembrou a vasta oportunida­de para a energia eólica e solar no país, bem como o patrimônio natural como fonte de biodiversi­dade. Se a influência política está encaminha dacoma presidênci­a do G 20 no anoque vem, e da conferênci­a da ONU para o meio ambiente em 2025, como sugeriu, falta-nos aglutinar discursos e fazeres em prol da sustentabi­lidade, até lá. Para que até o potencial político não seja perdido, por tarefas de casa malfeitas. Num momento em que os negócios globais mudam de perspectiv­a, adotandoco­mpromissos sociais, ambientais e de governança (a agenda ESG, na sigla em inglês), o discurso da prosperida­de não cabe mais sem o olhar para as pessoas e para o planeta.

Do nível de investimen­tos privados às políticas públicas de incentivo a setores específico­s, ou de compensaçã­o financeira para a população vulnerável, sem direitos nem opor tu nida des,épreci soque seja incorporad­a a perspectiv­a da potência ecológica que podemos ser. A energia renovável é uma direção óbvia, enquanto o estímulo ao combustíve­l fóssil dos automóveis é um contrassen­so. Assim como a proteção da biodiversi­dade, ao lado de seu us opara proveitos competitiv­os,aparece no horizonte de um país ques e fortalece pelo berço esplêndido da natureza. o potencial ambiental existe, e o Brasil pode crescer muito a partir dele, mas precisas er logo aproveitad­o–antes que o país do futuro continues em sair do passado.

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