Jornal do Commercio

O sal da política no churrasco em que ética e moral queimaram e ninguém reclamou do amargo

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O presidente do tribunal que cassou o mandato de Deltan Dallagnol (Podemos), há cerca de 15 dias, era um dos animados participan­tes do churrasco que o presidente Lula (PT) promoveu na última sextafeira (26), no Palácio da Alvorada.

Dallagnol foi um dos responsáve­is pela prisão de Lula no âmbito da Lava Jato e perdeu o mandato de deputado após decisão do Tribunal Superior Eleitoral.

Este mesmo presidente do TSE, Alexandre de Moraes, é o responsáve­l por pautar os julgamento­s que implicam Jair Bolsonaro (PL), maior adversário político de Lula atualmente. Se Bolsonaro chegar a ficar inelegível em julgamento do TSE, o que é bem provável, será com participaç­ão ativa de Alexandre de Moraes, que passou a sexta-feira à noite na casa de Lula, comendo um churrasco.

Existem coisas que açoitam a ética, mas a política explica. A política até poderia explicar isso, caso o ator fosse outro.

O problema é que a ética não permite a um ministro do TSE e do STF fazer política sem derrapar na própria suspeição.

Alexandre de Moraes, certamente, pensa diferente.

CEDO E TARDE

A pesquisa Ipespe/ JC, divulgada nesta segunda-feira (29) para a Prefeitura do Recife, tem duas informaçõe­s muito importante­s para uma avaliação.

A primeira é que é muito cedo para fazer qualquer avaliação. A segunda é que os adversário­s de João Campos (PSB) precisam começar a se movimentar ou vai ficar tarde muito cedo.

O tempo não é agora, mas o agora indica que, quando for, será curto. Na prática, Campos largará não apenas com a grande vantagem de estar no exercício do cargo, mas também com resultados para mostrar e dinheiro para prometer. Quem tem serviço para mostrar e dinheiro para prometer, não perde eleição.

O prefeito vem fazendo intervençõ­es urbanas de impacto e visibilida­de. Mexem com a rotina e ainda são instagramá­veis. A percepção de que algum trabalho vem sendo realizado contribui muito para a aprovação de um gestor municipal. Por ser um político muito próximo da população, ligado aos problemas mais básicos da rotina, o prefeito precisa ser visto o tempo todo através de intervençõ­es urbanas. João Campos sabe fazer isso. Mesmo quem não concorda com o socialista por qualquer motivo, inclusive ideológico, fica obrigado a admitir que ele está trabalhand­o.

Pra completar, o prefeito garantiu há pouco um empréstimo de R$ 2 bilhões que serão utilizados em obras nos morros, a maior parte.

Há pessoas próximas a Raquel Lyra (PSDB) que dizem ser um resultado normal, o da pesquisa, porque somente Campos começou a “campanha” até agora. É verdade. Mas também é verdade que, se demorar muito, talvez nem valha a pena a oposição começar.

POSSIBILID­ADES

O que mais chama atenção na pesquisa Ipespe/jc é o índice de rejeição dos candidatos. O do atual prefeito é muito baixo em relação aos possíveis adversário­s.

Enquanto 29% dizem que não votariam no atual prefeito de jeito nenhum, todos os outros somam mais de 50% de rejeição. A declaração negativa é maior entre candidatos mais ligados a Bolsonaro (PL). Clarissa Tercio (PP), André Ferreira (PL) e Gilson Machado (PL) chegam a 60% de rejeição.

TRÊS NÃO É DEMAIS

O presidente do Conselho Científico do Ipespe, o cientista político Antonio Lavareda, falou à Rádio Jornal e esmiuçou os números da pesquisa. Deixou claro que a pesquisa aponta, neste momento, as dimensões dos possíveis candidatos e analisou a estratégia mais provável para a montagem das chapas. Lavareda acredita num cenário com três candidatos mais competitiv­os, sendo João Campos um deles.

PALÁCIO

O cenário apresentad­o pela pesquisa mostra também uma preocupaçã­o em relação aos possíveis candidatos apoiados pelo Palácio do Campo das

Princesas. Nenhum dos nomes cogitados chegou ao menos à vice-liderança.

A vice-governador­a Priscila Krause (Cidadania) e o secretário Daniel Coelho (Cidadania) ficaram entre 6% e 9% em todos os cenários, sempre em terceiro lugar, perdendo para o atual prefeito e para Marília Arraes (SD) ou João Paulo (PT). Valeria a pena, para Raquel Lyra, arriscar o mergulho em algo com tantos indícios de insucesso?

LIVRO

O deputado estadual Antônio Moraes (PP) lança, amanhã (31), o livro “Histórias de Polícia e Política”, no qual narra suas memórias. O lançamento acontece às 17h, no hall do auditório Senador Sérgio Guerra, na Assembleia Legislativ­a.

Escrito pelo jornalista e biógrafo Sérgio Montenegro, o livro traz relatos bem-humorados da trajetória de Moraes como delegado de polícia e como parlamenta­r estadual.

Delegado de carreira, o deputado conta, no livro, várias passagens da época em que atuou na Polícia Civil e como secretário estadual de Segurança Pública, cargo que ocupou durante o terceiro governo de Miguel Arraes.

O livro Histórias de Polícia e Política também será lançado pelo deputado em Macaparana, em uma nova cerimônia no mês de junho.

Todo o montante arrecadado com as vendas durante os lançamento­s será revertido para o Lar de Idosos Cândida da Cunha Pedrosa, em Macaparana.

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