Jornal do Commercio

Após Dilma ter gasto R$ 82 bilhões e Bolsonaro zerar recursos, Minha Casa Minha Vida de Lula aguarda dinheiro

Lançado em 2009, o Minha Casa Minha Vida só teve aplicados no segundo Governo Lula R$ 3,45 bilhões

- FERNANDO CASTILHO

Lançado em 2009, no final do governo Lula da Silva, o Programa Minha Casa, Minha Vida recebeu, naquele ano, R$ 1,5 bilhão; no ano seguinte, mais R$ 1,95 bilhão. Mas já em 2011, no segundo ano do governo Dilma Rousseff, o valor do MCMV subiu para R$ 11,8 bilhões e chegou aos astronômic­os R$ 21,2 bilhões em 2015, no primeiro ano do segundo governo da ex-presidente. Se Lula é o pai do Minha Casa Minha Vida, Dilma efetivamen­te foi uma mãe para ele.

Na verdade, há uma enorme injustiça com Dilma Rousseff em relação ao MCMV. O programa só teve aplicados no segundo Governo Lula R$ 3,45 bilhões. Nos governos Dilma (2011-2016), a União destinou R$ 82,31 bilhões, excluídos os subsídios via FGTS. No entanto, ninguém lembra dela no MCMV.

Mas a diferença entre 2010 e 2023 é a falta de dinheiro. Entre as fontes de recursos do programa estão o Orçamento Geral da União, o Fundodegar­antiadotem­po de Serviço (FGTS) e fundos ligados à habitação, como o Fundo de Arrendamen­to Residencia­l (FAR).

Na verdade, no OGU-2023 não há dinheiro, já que no Governo Bolsonaro eles foram reduzidos a zero. Embora a União tenha destinado recursos para concluir 240 mil unidades contratada­s, das quais 80 mil ainda estão inacabadas.

Só que para o presidente Lula, o MCVM na Faixa 1 é o verdadeiro foco da ação do seu novo governo, que deseja turbiná-lo mesmo, é que a União tenha que bancar a construção dos imóveis e assuma os 95% da construção do imóvel praticamen­te dando o imóvel para os beneficiár­ios.

Uma das maiores críticas sobre o Faixa 1 para quem está abaixo da linha de pobreza é que não há apoio para melhoria das famílias. Elas saem de palafitas, onde às vezes nem pagam energia elétrica, para um compromiss­o que inclui a conta de água, luz e a prestação sem que tenham renda.

Tem mais: dados do Ministério das Cidades apontam que, ao todo, 45% dos beneficiár­ios da Faixa 1 do programa Minha Casa Minha Vida fecharam o ano de 2022 inadimplen­tes. Nada menos que 510 mil de 1,1 milhão de contratos, que são beneficiad­os com mais subsídios do governo federal, estão devendo o valor mensal há mais de um ano.

Isso se deve ao fato de que boa parte dos mutuários têm a percepção de que a Caixa Econômica Federal e o governo não vão executar a dívida retomando o imóvel. Parte da inadimplên­cia se deve ao fato de que os beneficiár­ios não têm mesmo como pagar as prestações, porque saíram de uma favela ou palafita onde eles próprios construíra­m suas habitações.

Lançado no dia 15 de fevereiro deste ano como mais uma ação do novo governo Lula, a Medida Provisória (MP) 1162/23 retoma o Programa Minha Casa, Minha Vida, voltado ao financiame­nto de imóveis em áreas rurais ou urbanas, e já recebeu mais de 300 emendas enviadas ao relator do projeto deputado Fernando José de Souza Marangoni (União-sp).

O prazo de aprovação da MP na Câmara e no Senado é 15 de junho, e o atraso na entrega do relatório do deputado Fernando Marangoni (União-sp) já preocupa o Governo Lula, que teme que ela caduque.

Ele foi ao Senado pedir apoio para o seu relatório e participou da audiência pública promovida pela comissão mista que analisa a MP, presidida pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), e prometeu incluir na nova lei garantias de que as famílias de baixa renda possam ter direito à assistênci­a técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social.

Tanto o senador Eduardo Braga quanto Marangoni defenderam a isenção tributária municipal prevista no programa. A Confederaç­ão Nacional de Municípios (CNM) não gosta da ideia. No Brasil, existem 4.900 municípios com população abaixo de 50 mil habitantes, que têm maior dificuldad­e financeira em participar do programa.

Ele também, foi ao setor empresaria­l entre outras instituiçõ­es Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Naturalmen­te, esse não é o foco do setor da construção civil, que o recebeu, embora demonstran­do estar mais interessad­a no dinheiro novo do governo Lula, que até agora só anunciou os R$ 9,5 bilhões aprovados pelo Conselho Curador do FGTS.

Isso talvez explique por que para o deputado Fernando José de Souza Marangoni (União-sp) talvez o alvo tenham sido construçõe­s precárias, principalm­ente nos bairros de periferia. Para ele, o déficit qualitativ­o é três vezes maior do que o déficit quantitati­vo.

“Não tem como a gente hoje não contemplar no texto da medida provisória as melhorias habitacion­ais. O problema mais grave que temos hoje, que são os domicílios rústicos, improvisad­os”, conclui o deputado. O que certamente não agrada ao setor da construção civil, que prefere falar em fazer obra nova e não projeto de urbanizaçã­o.

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RICARDO STUCKER (Re)lançamento do Minha Casda Minha Vida

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