Jornal do Commercio

Policiais da Operação Lei Seca estão usando câmeras para filmar abordagens

Equipament­o na farda dos PMS grava imagens e sons. Medida visa garantir transparên­cia e proteger profission­ais de ações violentas de motoristas

- RAPHAEL GUERRA

Policiais militares que atuam na Operação Lei Seca em Pernambuco estão usando câmeras acopladas às fardas para gravar todas as abordagens realizadas aos motoristas. A tecnologia tem o objetivo de garantir mais transparên­cia à operação e promete proteger os profission­ais de possíveis ações violentas de condutores que não cumprem a lei.

“Todos os policiais da operação já estão usando os equipament­os, que estavam em fase de testes desde setembro do ano passado. Agora é pra valer. Eles já saem da Secretaria Estadual de Saúde com as câmeras ligadas e permanecem assim até a hora de largar”, explicou a tenente-coronel Steice Oliveira, coordenado­ra da Operação Lei Seca em Pernambuco.

Nas blitzes realizadas pelo Estado, a abordagem inicial é feita pelos policiais militares, que solicitam a documentaç­ão do motorista e perguntam se ele fez uso de bebidas alcoólicas. Em seguida, questionam se ele pode fazer o teste do bafômetro. Profission­ais da Secretaria de Saúde e do Detran participam na fase seguinte, realizando os exames e analisando os documentos do condutores, respectiva­mente.

As bodycams, como são chamadas essas câmeras, gravam imagens e sons e são transmitid­as em tempo real para uma central que fica na sede da Secretaria Estadual de Saúde, no bairro do Bongi, Zona Oeste do Recife. Ao todo, 28 equipament­os foram adquiridos.

“Fazemos o monitorame­nto em tempo real do trabalho de todos os policiais na central. Além disso, esse acompanham­ento é uma forma de revisar os procedimen­tos adotados na Operação Lei Seca”, disse Steice Oliveira.

Todas as imagens e sons ficam armazenado­s na nuvem para serem acessados remotament­e, se necessário. As gravações ficam salvas por 30 dias e podem ajudar em investigaç­ões da polícia.

Apesar de ser um serviço muito recente no Estado, a coordenado­ra afirma que o uso das câmeras nas fardas dos policiais já está influencia­ndo no comportame­nto dos motoristas durante as abordagens - que evitam tratamento­s mais agressivos.

FLAGRANTE DE TENTATIVA DE SUBORDO

Steice Oliveira citou ainda que as imagens e sons captados nas câmeras estão sendo usados como provas de tentativas de subornos em casos de motoristas flagrados bêbados.

No último sábado à noite (27), no município de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, onde houve reforço da Operação Lei Seca por causa dos festejos juninos, um condutor embriagado foi preso em flagrante por alcoolemia. No caminho para a delegacia, ele ofereceu dinheiro aos policiais para ser liberado.

“O áudio foi captado e ele foi autuado em flagrante também por corrupção ativa. O detalhe é que foi a terceira vez que esse motorista foi preso por alcoolemia. Ele já responde por homicídio culposo (sem intenção de matar) por causa de um acidente de trânsito em que a vítima faleceu”, contou a coordenado­ra da operação.

Pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a prática de beber e dirigir é infração gravíssima, punida com suspensão do direito de dirigir por um ano, multa de R$ 2.934,70 e retenção da carteira de habilitaçã­o.

NÚMEROS DA OPERAÇÃO

Balanço da Operação Lei Seca aponta que mais de 3,5 milhões de veículos foram abordados entre dezembro de 2011 e dezembro de 2022. Desse total, 63.775 motoristas foram autuados por alcoolemia.

Entre janeiro e abril deste ano, 54.835 veículos foram abordados. E 1.715 condutores foram autuados.

CÂMERA PARA COMBATER VIOLÊNCIA NAS RUAS AINDA NÃO FOI ADOTADA

Enquanto os policiais da Operação Lei Seca já estão utilizando as câmeras em Pernambuco, o projeto-piloto que prevê o uso do equipament­o nos PMS que fazem a segurança da população nas ruas ainda não avançou.

As bodycams já foram adquiridas, mas a empresa vencedora da licitação ainda não as entregou.

A Polícia Militar informou que o pagamento previsto em contrato foi encaminhad­o e confirmado pela empresa fornecedor­a no dia 12 de abril. E que o prazo de entrega era de até 90 dias, a partir da dada da comprovaçã­o do recebiment­o.

Ao todo, foram adquiridas 187 câmeras corporais, além do conjunto de baterias extras e estações computador­izadas de armazename­nto das imagens captadas, no valor de R$ 419 mil.

O 17º Batalhão, com sede em Paulista, no Grande Recife, será o primeiro a receber os equipament­os. A PM afirmou que a obra de uma sala para armazename­nto dos equipament­os já foi concluída no batalhão.

O projeto-piloto estava previsto para ser iniciado em dezembro de 2021, mas sofreu atrasos por causa do lento processo de licitação.

Além de identifica­r possíveis excessos praticados durante as abordagens policiais, as câmeras também vão garantir que falsas denúncias de violência por parte da PM também sejam esclarecid­as.

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TIÃO SIQUEIRA/JC IMAGEM Mais de 3,5 milhões de veículos foram abordados, entre dezembro de 2011 e dezembro de 2022, em Pernambuco, na Operação Lei Seca

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