O que a Anistia Internacional diz sobre a Venezuela que Lula quer defender das “narrativas”
Referente a 2022, a Anistia Internacional divulgou o seguinte relatório sobre a Venezuela que reproduzimos aqui, traduzido e resumido.
Diz o diagnóstico da Anistia Internacional: “A falta de acesso aos direitos económicos e sociais continuou a ser uma grande preocupação, com a maioria da população a sofrer de insegurança alimentar grave e sem acesso a cuidados de saúde adequados. As forças de segurança responderam com força excessiva e outras medidas repressivas aos protestos, envolvendo vários setores da população, para reivindicar direitos econômicos e sociais, incluindo o direito à água. A impunidade para as execuções extrajudiciais em curso pelas forças de segurança persistiu. Os serviços de inteligência e outras forças de segurança, com a aquiescência do sistema judicial, continuaram a deter, torturar e maltratar arbitrariamente aqueles considerados opositores do governo de Nicolás Maduro … As condições das prisões continuaram a ser uma grande preocupação, especialmente em relação à superlotação e ao uso de centros de detenção ilegais, bem como ao acesso a direitos básicos, como água e comida … Entre 240 e 310 pessoas permaneceram detidas arbitrariamente por motivos políticos. As políticas repressivas do estado visavam jornalistas, mídia independente e defensores dos direitos humanos. A mineração ilegal e a violência ameaçaram os direitos dos povos indígenas no Arco Mineiro do Orinoco.
O aborto ainda era criminalizado em quase todas as circunstâncias. A violência contra as mulheres persistiu, apesar do quadro legal existente. Não houve progresso na garantia dos direitos das pessoas LGBTI. Até o final do ano, mais de 7,1 milhões de venezuelanos haviam fugido do país”.
No detalhamento deste relatório, a Anistia Internacional destaca que “o Ministério Público acusou informalmente várias pessoas por meio das redes sociais, comprometendo seus direitos humanos, como o direito a um julgamento justo e a presunção de inocência. Entre os acusados estavam crianças e adolescentes”.
O relatório diz ainda que a cesta básica no país custa U$ 386,00 enquanto o salário mínimo é de U$ 13,00.
Outro ponto que chama atenção é que dentre as mais de 300 pessoas presas arbitrariamente há também membros de grupos de esquerda que ousavam reclamar do governo Maduro: “Também em julho, oficiais do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (SEBIN) detiveram arbitrariamente Ángel Castillo, membro do Partido Comunista Venezuelano, que não está alinhado com as políticas do governo, enquanto ele participava de um protesto em favor dos direitos trabalhistas”.
Sim, o governo de Maduro prendeu um líder comunista porque ele reclamou das condições de trabalho na Venezuela.
É bom lembrar que não se trata de uma denúncia feita por um grupo de direita, conservador ou coisa do tipo. Trata-se da Anistia Internacional.
São esses fatos que o presidente Lula (PT) resolveu dizer que se tratam de “narrativas”, ao receber o autocrata da Venezuela, Nicolás Maduro, no Brasil, com pompa e circunstância, ignorando que a Venezuela deve uma fortuna por aqui.
O Ministério da Indústria brasileiro declarou que a dívida é de U$ 1,2 bilhão, o que daria R$ 6 bilhões. Mas há quem diga que o valor correto pode chegar a R$ 12 bilhões se formos cobrar direito.
Analisada a realidade, o argumento de “narrativa” beira o deboche. Os discursos posteriores do presidente brasileiro, que defendem até a inclusão da Venezuela nos Brics, são outro absurdo dessa visita de Maduro.
É uma campanha lulista para tentar ajudar o amigo venezuelano a conseguir dinheiro no banco que agora é presidido por Dilma Rousseff (PT), ela estando lá por indicação do próprio Lula? Provavelmente.
Ou pode ser só “narrativa”. Quem sabe?
ESCOLA DE SARGENTOS
A governadora Raquel Lyra (PSDB) e o governo de Pernambuco estão perdendo a oportunidade de fincar bandeira na questão da Escola de Sargentos e abrindo oportunidades para aqueles cujo oportunismo é meio de vida. Há lobistas ligados aos governos do Paraná e do Rio Grande do Sul, estados que ainda sonham com a escola de preparação militar, tentando criar argumentos para que Pernambuco perca esse investimento.
O governo de Pernambuco já teve a chance de encerrar o assunto, quando o próprio Exército fechou questão e escolheu o território pernambucano, mas ao invés de sacramentar isso, resolveu criar um “Grupo de Trabalho” que iria discutir o projeto.
Grupos de trabalho são conhecidos nos bastidores da administração pública como “desculpa para demorar a decidir”.
A demora reabriu o apetite dos adversários, que perderam a Escola para Pernambuco em 2022. Agora, um dos elementos de pressão no Governo Federal é dizer que o projeto daqui vai afetar o meio ambiente, ignorando que a presença de um equipamento do Exército ajuda, ao contrário, na preservação da área.
O governo de Pernambuco precisa acelerar o processo, ou vai acabar colocando o investimento em risco. Trata-se de um projeto de R$ 1,3 bilhões, que vai criar cerca de 5 mil postos remunerados entre professores, instrutores e alunos, com incremento gigantesco na economia. É preciso ser assertivo com algo assim.