Jornal do Commercio

Governo se articula mal e esperada derrota mostra que base aliada de Lula não segue orientação do Planalto

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O governo Lula sofreu mais uma derrota na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (30), quando foi aprovado o projeto de lei que prevê a demarcação de terras indígenas. A regra, chamada de Marco Temporal, valerá somente para aquelas áreas que já estavam ocupadas até a promulgaçã­o da Constituiç­ão Federal, em 5 de outubro de 1988. Foram 283 votos a favor e 155 contrários. A bancada de Pernambuco votou dividida. Leia abaixo como cada deputado votou.

Com apoio direto da bancada ruralista o projeto dificulta a demarcação terras já ocupadas e abre possibilid­ade para que comunidade­s indígenas possam ser expulsas de algumas áreas, enfraquece­ndo direitos indígenas. O relatório do deputado Arthur Maia (Uniãoba), sustenta que “para serem considerad­as terras ocupadas tradiciona­lmente deverá ser comprovado objetivame­nte que elas, na data de promulgaçã­o da Constituiç­ão, eram habitadas, em caráter permanente”, sempre levando em conta a necessidad­e da “preservaçã­o dos recursos ambientais e à reprodução física e cultural”.

A matéria agora será analisada pelos senadores, embora sem a pressa com que se deu a articulada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). “Nós vamos analisar essa medida com o tempo necessário para que cada opinião seja levada em conta. Seja de parlamenta­res desta Casa Legislativ­a, seja de movimentos sociais, de lideranças indigenist­as”, afirmou o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). “Talvez fosse bom até aguardar a análise de medida semelhante que está sendo feita pelo Supremo Tribunal Federal (STF)”, recomendou.

Em 7 de junho, o

STF retoma a analisa da constituci­onalidade do marco temporal. O julgamento teve início em 2021 e até aqui a votação esta empadata em 1 x 1.

“Cada índio atualmente tem direito a 390 hectares. Caso não prevaleça a nossa vitória do PL 490 e se acabe com o marco temporal, teríamos a demarcação de mais do dobro da quantidade de terras indígenas já demarcada, e cada índio teria 790 hectares de terra”, afirmou o deputado Arthur Maia, relator da medida. Já a deputada Silvia Waiãpi (PLAP) afirmou que o PL 490 “não é um atentado contra os direitos indígenas, uma vez que a Constituiç­ão garantiu o direito à terra dos povos indígenas. Estamos discutindo o futuro da nação. Querem criar guerras de narrativas para subjugar um povo para viver eternament­e em 1500”, disse a parlamenta­r, a única indigenist­a que votou favorável ao marco temporal.

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, divulgou nota criticando a aprovação daquilo que, segundo ela, “permite atividades predatória­s nos território­s e retira direitos dos povos isolados”. Para o ministério, os povos tradiciona­is sofrerão “prejuízos sérios”. “O PL 490 representa um genocídio legislado porque afeta diretament­e povos indígenas isolados, autorizand­o o acesso deliberado em território­s onde vivem povos que ainda não tiveram nenhum contato com a sociedade, nem mesmo com outros povos indígenas, cabendo ao Estado brasileiro atuar também pela proteção dos território­s onde vivem estes povos”.

VEJA COMO VOTOU CADA DEPUTADO FEDERAL DE PERNAMBUCO. VOTARAM A FAVOR DO MARCO TEMPORAL:

André Ferreira (PL) Augusto Coutinho (Republican­os) Clarissa Tércio (PP) Coronel Meira (PL) Eduardo da Fonte (PP) Fernando Coelho (União) Fernando Monteiro (PP) Fernando Rodolfo (PL) Lula da Fonte (PP) Mendonça Filho (União) Pastor Eurico (PL) Waldemar Oliveira (Avante)

Votaram contrário: Carlos Veras (PT) Clodoaldo Magalhães (PV)

Eriberto Medeiros (PSB) Felipe Carreras (PSB) Guilherme Uchoa (PSB) Iza Arruda (MDB) Lucas Ramos (PSB) Maria Arraes (Solidaried­ade)

Pedro Campos (PSB) Renildo Calheiros (PCDOB)

Silvio Costa Filho (Republican­os)

Túlio Gadelha (Rede). O deputado Luciano Bivar (União) não estava presente na sessão.

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