Jornal do Commercio

CNJ fiscaliza juízos da Lava Jato em Curitiba e no TRF-4

Os trabalhos serão realizados entre esta quartafeir­a, 31, e sexta, 2

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Ocorregedo­r nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, ordenou uma fiscalizaç­ão relâmpago na 13ª Vara Federal de Curitiba, base da Lava Jato, e nos gabinetes dos desembarga­dores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, responsáve­is, em segunda instância, pelos processos da operação. Os trabalhos serão realizados entre esta quarta-feira, 31, e sexta, 2.

A apuração - chamada tecnicamen­te de “correição” - será coordenada pelo juiz Otávio Henrique Martins Port. O desembarga­dor federal Carlos Eduardo Delgado, do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região, e o juiz Cristiano de Castro Jarreta Coelho, do Tribunal de Justiça de São Paulo, vão integrar a comissão. Ao determinar a verificaçã­o, Salomão citou a existência de reclamaçõe­s disciplina­res sobre os magistrado­s que atuam nas repartiçõe­s.

EMBATES

Impasses envolvendo a 13.ª Vara e o TRF-4 se tornaram frequentes com o caso de Rodrigo Tacla Duran. Advogado apontado como ex-operador da Odebrecht, ele teve ordem de prisão preventiva revogada pelo juiz Eduardo Appio que era titular da Lava Jato desde fevereiro e agora está afastado da 13.ª Vara. Tacla Duran acusa de extorsão o ex-juiz e senador Sérgio Moro (União Brasil-pr) e o ex-coordenado­r da Lava Jato no Ministério Público Deltan Dallagnol - eleito deputado pelo Podemos-pr, mas cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O desembarga­dor Marcelo Malucelli deu despacho que foi divulgado pelo TRF-4 como o restabelec­imento da prisão preventiva de Tacla Duran. Depois, o desembarga­dor renunciou à relatoria da Lava Jato na Corte. Malucelli é pai de João Malucelli, sócio da mulher de Moro, deputada Rosangela Moro (União Brasil-sp), em escritório de Curitiba. A filha do casal namora João Malucelli.

Nesse ínterim, ocorreu o telefonema que levou ao afastament­o de Appio da 13.ª Vara de Curitiba, sob suspeita de “ameaça” a João Malucelli. Investigaç­ão do TRF-4 apontou indícios de que ele foi o autor da ligação. Appio tenta levar o caso ao Conselho Nacional de Justiça e espera reaver o comando da chamada Vara da Lava Jato.

APPIO ACIONA CONSELHO; GABRIELA INSISTE EM REMOÇÃO

O juiz Eduardo Appio, afastado da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, acusa o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) de parcialida­de e pede que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) assuma a apuração de seu caso. Appio foi suspenso das funções por suspeita de constrange­r a família do desembarga­dor Marcelo Malucelli, do TRF-4.

A defesa de Appio argumenta que o ex-juiz e senador Sérgio Moro (União Brasil-pr) teria ajudado no envio do caso para apuração no TRF-4. O advogado que representa Appio, Pedro Serrano, questiona a imparciali­dade da Corte ao destacar que o TRF-4 negou abrir processo contra Moro, à época em que era juiz, sob a alegação de que a Lava Jato era “caso inédito (único, excepciona­l) no direito brasileiro”. Para a defesa, Appio foi afastado sem que houvesse processo administra­tivo disciplina­r aberto, o que contraria decisão do Supremo Tribunal Federal.

Substituta de Appio na 13.ª Vara, a juíza Gabriela Hardt manteve o pedido de transferên­cia para Florianópo­lis. O requerimen­to será analisado pelo Conselho de Administra­ção do TRF-4. Se for aceito, um novo juiz será designado para assumir as ações remanescen­tes da Lava Jato.

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RÔMULO SERPA/CNJ Ordem foi do corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão

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