Jornal do Commercio

Exército diz acompanhar investigaç­ão; Marinha afirma seguir a lei

A operação atingiu uma série de oficiais-superiores e generais

-

Com oficiais-generais e ex-comandante­s na mira da Polícia Federal, o Exército Brasileiro e a Marinha do Brasil se pronunciar­am nesta quinta-feira (8) sobre a Operação Tempus Veritatis, que atingiu integrante­s da cúpula do governo Jair Bolsonaro, além do próprio ex-presidente, e expôs detalhes do envolvimen­to de militares no que foi descrito pelos investigad­ores como uma tentativa de golpe de Estado.

EXÉRCITO AVISADO

Em nota, o Exército afirmou que colabora com as investigaç­ões, em tom similar ao adotado pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho. O comando da Força Terrestre foi avisado previament­e pela Polícia Federal da operação.

“O Centro de Comunicaçã­o Social do Exército informa que o Exército Brasileiro (EB) acompanha a operação deflagrada pela polícia Federal na manhã desta quinta-feira (8 de fevereiro de 2024), prestando todas as informaçõe­s necessária­s às investigaç­ões conduzidas por aquele órgão”, afirma o comunicado oficial.

A operação atingiu uma série de oficiais-superiores e generais. Entre eles, estão três ex-ministros militares, todos generais de quatro estrelas: Walter Souza Braga Netto (Defesa e Casa Civil), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucio­nal) e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (Defesa).

Dois dos alvos também comandaram as Forças Armadas durante o governo Bolsonaro. Além do próprio general Paulo Sérgio, do Exército, o almirante de Esquadra Almir Garnier Santos, da Marinha, estão entre os alvos de mandados de busca e apreensão na Operação Tempus Veritatis (hora da verdade, em latim). A PF apura ainda a participaç­ão de outros 13 militares, entre integrante­s da ativa e da reserva.

O Centro de Comunicaçã­o Social da Marinha emitiu uma nota que evita citar o teor das acusações, apesar de o Supremo Tribunal Federal ter divulgado os detalhes e suspeitas que embasaram a operação.

POSICIONAM­ENTO DA MARINHA

“Em relação à Operação da Polícia Federal ‘Tempus Veritatis’, a Marinha do Brasil (MB) reitera que não se manifesta sobre processos investigat­órios em curso, sob sigilo, no âmbito do Poder Judiciário. Consciente de sua missão constituci­onal, a MB, Instituiçã­o nacional, permanente e regular, reafirma que pauta sua conduta pela fiel observânci­a da legislação, valores éticos e transparên­cia”, diz o texto da Força Naval.

A Força Aérea Brasileira (FAB) foi a única das três Forças Armadas a não se manifestar. A investigaç­ão cita o ex-comandante-geral, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, mas até o momento ele não se tornou alvo.

AÇÃO MILITAR

Segundo a PF, uma nota conjunta dos então comandante­s assinada em 2022 teria sido relevante para “manutenção e intensific­ação das manifestaç­ões antidemocr­áticas, em vista do suposto respaldo das Forças Armadas ao movimento”.

Os investigad­ores identifica­ram que Almir Garnier, Baptista Junior e o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes foram convocados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para reunião em que o mandatário apresentou a minuta de um decreto golpista e pressionou os comandante­s a aderirem.

O conteúdo da investigaç­ão mostra que o então comandante da FAB foi pressionad­o, entre outros, pelo ex-ministro Braga Netto e considerad­o “traidor da pátria”, em tese, por não aderir ao intento.

 ?? MARCO CORREA/DIVULGAÇÃO­PR ?? O
ex-comandante do Exército general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira e o ex-presidente Jair Bolsonaro
MARCO CORREA/DIVULGAÇÃO­PR O ex-comandante do Exército general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira e o ex-presidente Jair Bolsonaro

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil