Jornal do Commercio

Sem o Perse, Galo e Homem da Meia Noite não estariam nas ruas

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No país onde muita gente adota a chamada Lei do Gerson (Você precisa levar vantagem em tudo), a gestão do Programa Emergencia­l de Retomada do Setor de Eventos, criado pela Lei 14.148/2021, para apoiar os setores que foram os mais afetados pela pandemia acabou virando um problema para a Receita Federal. Com um monte de gente se aproveitan­do para não pagar o imposto que sua atividade principal deveria recolher.

O Perse, assim como a desoneraçã­o da folha salarial, que beneficia 17 setores que mais empregam, foi criado depois que as associaçõe­s Brasileira dos Promotores de Eventos, de Empresas de Eventos, Indústria Hoteleira e União Brasileira de Feiras e Eventos de Negócios ajudaram a escrever um pacote de leis que deveriam ajudar quem primeir parou na pandemia e voltou por último.

SUCESSO DE EMPREGO

A paralisaçã­o atingiu cerca de 97% do setor, em 2020, cerca de 350 mil eventos foram cancelados e o ramo deixou de faturar, ao menos, R$90 bilhões. E todo mundo concorda que ele foi mesmo o mais bem-sucedido programa de recuperaçã­o setorial do Brasil. Mas o problema é que teve gente que foi “bem sucedida demais” o que acabou alertando a Receita Federal que observou que tinha gente demais se benefician­do do programa.

O discurso político do Perse e pelo qual trabalhara­m ABIH, Abeoc, Abrape e Ubrafe foi de que ele provocaria uma desoneraçã­o de R$20 bilhões em cinco anos. Mas ano passado o “sucesso” dele mostrou uma queda de R$17 bilhões.

DESONERAÇíO BOA

E foi aí que o ministério da economia avisou que vai suspender o programa abrindo novo confronto com o Congresso onde, ao menos, 305 deputados e senadores assinaram na primeira semana de volta às atividades legislativ­as moção de manutenção do programa.

O medo dos empresário­s é que para se habilitar ao Perse, milhares de empresas saiu da condição do Simples Nacional para as classifica­ção para passarem ser tributadas pelo regime do Lucro Presumido ou Lucro Real. Se o governo corta o programa, muita gente não tem nem condições de voltar ao Simples Nacional.

USAR INTELIGÊNC­IA

Mas se o governo atuar com inteligênc­ia fiscal (não precisa nem da artificial) vai identifica­r que pode manter o Perse ajustando e conferindo a especifica­ção de quem está benefician­do.

Na prática e na hora de fazer o DARF, muita gente que ao abrir a empresa colocou na área de CNAE Secundári, a capacidade de promover eventos viu que pela amplitude da legislação cabia tudo. Uma empresa que vende cosméticos no varejo varejo passou a classifica­r todo o seu negócio como atividade de eventos.

O negócio é de compra e venda de produtos e serviços para o varejo, mas o empresário diz que é evento e deixou de pagar os impostos que já pagava antes da pandemia.

MAIOR CRESCIMENT­O

O Perse teve até junho do ano passado, por exemplo, cresciment­o de 42,3% de empregos. E exatamente porque abrange cinco pontos importante­s para o segmento: refinancia­mento de dívidas, créditos para sobrevivên­cia das empresas, desoneraçã­o fiscal, manutenção de empregos e condições de adiamento e cancelamen­to de atividades foi que muita gente que colocou entre suas atividades poder fazer events, usou o programa para se aproveitar.

SEM EXPLOSÃO

Um estudo da Consultori­a Tendências mostrou que o ritmo de cresciment­o do emprego das CNAES Perse vem se intensific­ando nos últimos dois anos.

Mas consideran­do um horizonte mais longo de comparação isso está associado com o tamanho da queda ocorrida em 2020.

Por outro lado, o turismo (que é beneficiad­o pelo Perse) segue contrastan­do com setores de serviços (7,8%) e comércio (10,8%) em termos de cresciment­o com apenas 2,2%. No fundo, mesmo com o Perse, a hotelaria não explodiu em termos de vendas embora esteja se recuperand­o bem.

BASTA UM AJUSTE

Entidades como a ABIH, Abrasel, Abeoc e Ubrafe pedem que a Receita Federal passe um pente fino nas CNAES secundária­s e ajuste o programa. No fundo, o que é importante é que sem o Perse festas como o Galo da Madrugada e o Homem da Meia Noite teriam menos brilho sem os benefícios dos programas.

Isso se dá com maior força em Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. No fundo, o Perse salvou milhares de micro, pequenas e médias empresas. Não dá para chegar e nivelar por cima.

POLÍCIA CUSTA CARO

O secretário de Defesa Social de Pernambuco, Alessandro Carvalho, tem razão ao se queixar do atraso dos shows da abertura do Carnaval quew trouxe prejuízos ao planejamen­to da segurança, inclusive aos policiais militares que excederam seus horários de plantão.

A Prefeitura do Recife precisa ser profission­al. Não dá para ás 23h a apresentaç­ão do cantor Gilberto Gil e começar às 2h da madrugada. E de Raphaela Santos, para 1h30 e começar às 3h. Imagina isso num desfile da Sapucai ou num show em São Paulo? O que a PCR esquece é que lançar policial na rua custa caro. Aliás muoto caro.

SÍMBOLOS DO ESTADO

A decisão do Presidente da Assembleia Legislativ­a de Pernambuco, Álvaro Porto, de mudar seu símbolo oficial, inclusive em documentos oficiais. Excluindo a imagem do Museu Palácio Joaquim Nabuco, prédio histórico, na Rua da Aurora, atualmente fechado e esperando reforma pelo atual, quebra uma promessa de campanha. Porto prometeu restaurar o edifício histórico, mas até agora sequer conseguiu escrever o edital para a reforma. O prédio está fechado desde que a nova sede foi inaugurada em 2016.

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Eventos como o Galo na Ponte Duarte Coelho, foram feitos por empresas que pagaram menos impostos.

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