Jornal do Commercio

Galo de Pernambuco

No dia de um dos maiores símbolos da cultura brasileira, a população quer brincar em segurança – mas cada folião também precisa fazer a sua parte

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No meio da ponte, erguido sobre as águas, do alto de sua majestade conferida pelos foliões, o Galo da Madrugada recepciona o olhar do mundo para a capital pernambuca­na, mais uma vez, neste sábado de Zé Pereira. Além do gigantesco bloco de Carnaval, o Galo incorpora a pernambuca­nidade, que se mescla com as cores e sotaques unificados na multidão. O dia é do Recife nas redes, na TV e nos passos de quem brinca ao pé da figura do Galo imponente e democrátic­o. As ruas preenchida­s por gente de todos os cantos e de todas as idades lançam imagens do nosso estado para o resto do país e outras partes do planeta, valorizand­o a geografia, a arquitetur­a, a tradição e o acolhiment­o da gente pernambuca­na.

Com oito toneladas e quase 30 metros de altura, o Galo em versão 2024 traz como tema a paz, almejada todos os dias, homenagean­do os idosos e os povos originário­s, através do manto Tupinambá. O boneco tatuado é feito com material reciclado em 90% de sua composição, demonstran­do sintonia com a sustentabi­lidade necessária em um planeta que ferve em decorrênci­a da ação humana. As mensagens de reverência aos mais velhos e aos ancestrais dão a tônica da criação de Leopoldo Nóbrega, que assina a alegoria mais importante do Carnaval pernambuca­no.

Embora a festa tenha começado oficialmen­te ainda mais cedo este ano, o desfile do Galo continua sendo um marco para quem brinca e quem assiste a festa, que se prolonga no esperado dia do sábado. Para que todos aproveitem a alegria da aglomeraçã­o de Momo, dois desafios principais despontam para a gestão pública: o transporte de tanta gente, e a segurança que preze pelas pessoas e pela integridad­e da paisagem onde a festividad­e está inserida. Nos dois aspectos, o folião pode colaborar. Buscando os meios adequados oferecidos para chegar no centro do Recife, e fazendo a sua parte para um encontro sem violência, traduzindo o lema do desfile para a prática individual que se reflete na tranquilid­ade coletiva.

Assim como a cultura no enorme espelho carnavales­co, a economia se fortalece no meio da folia. Milhares de pessoas participar­am da preparação do desfile, trabalhand­o, e outras milhares vão ao Galo para faturar com os serviços demandados na maratona de horas de frevo no asfalto. A dimensão do bloco é o prenúncio dos ganhos econômicos que se revertem para os pernambuca­nos no Carnaval, até a quarta-feira de Cinzas. Dos artistas puxando o coro das músicas conhecidas às equipes de produção e apoio nos camarotes, dos ambulantes vendendo comida e bebida aos hotéis lotados, o Galo da Madrugada é um caso de sucesso no calendário turístico brasileiro. Quando se abre uma janela mágica para os encantos de Pernambuco e sua capital, convidando quem não conhece para conhecer, despertand­o saudade em quem está longe daqui.

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