Sem base sólida, Raquel vem perdendo o debate no plenário da Assembleia
No mais a desorganização impera e, como disse um membro da mesa diretora da Alepe recentemente, “ninguém é de ninguém”.
Eleita com o apoio, no primeiro turno, de apenas três dos 49 deputados eleitos em 2022, a governadora Raquel Lyra conseguiu, no segundo turno, trazer para junto de si o PP, que tem 8 deputados, o PL com quatro mas só dois deles governistas e o deputado Joãozinho Tenório, do Patriotas. Hoje, além dos citados, tem a simpatia de deputados avulsos, cujas legendas não estão participando da administração e que, por isso, não se sentem na obrigação de defender a governadora em discussões no plenário. Sem citar que o presidente da Alepe, Álvaro PORTO(PSDB), um dos três que esteve com Raquel em toda sua campanha, é hoje considerado como de oposição pelo Palácio das Princesas.
“Ou o governo reformula sua base ou vai acabar sendo engolido em plenário, como aconteceu esta semana”, comentou com este blog um deputado da base, citando o que fez a chamada “tropa de choque,” da oposição na última segunda-feira quando os deputados Waldemar Borges, Sileno Guedes, Rodrigo Farias, José Patriota, Diogo Moraes e Gleide Ângelo (todos do PSB) se juntaram aos deputados Alberto Feitosa e Abimael Santos(pl) e ao deputado Gilmar Junior (PV) para fazer uma saraivada de críticas à governadora, e só os deputados Antônio Moraes (PP) e Renato Antunes(pl) saíram em defesa do Governo.
A isso se juntou, neste ínicio de 2024, a má vontade geral com o Palácio na casa, depois que Raquel deu entrada a uma ação no STF contestando as mudanças na LDO feitas pelos deputados, uma delas obrigando o Executivo a pagar as emendas parlamentares até o mês de junho ( emenda semelhante foi feita pelos deputados federais e está sendo contestada no STF pelo presidente Lula). Uma nota de solidariedade a ela, após o episódio com o presidente Álvaro Porto, só teve a assinatura de dois deputados: o líder do Governo Izaías Regis e o vice-líder Joãozinho Tenório.
Que caminho pode ser trilhado pelo Governo para resolver a questão? Deputados independentes cujos partidos não têm espaço no Governo dizem que não se sentem partícipes da administração, mesmo votando favoravelmente às pautas que consideram importantes, tanto que, com exceção daldo,todososdemaisprojetos enviados pelo Palácio em 2023 foram aprovados. “Uma coisa é você se sentir prestigiado pela governadora e, como tal, participar de sua administração, outra é você só votar por considerar um projeto importante. Não há como ir contestar outros colegas por causa de uma administração que te trata assim”- comenta um deputado independente.
Há outro obstáculo a ser transposto. A governadora abriu espaço no secretariado para o PSD e o PDT dando, a cada um, uma secretaria. Esses partidos são importantíssimos politicamente mas não têm deputados. Já o PP, com 8 deputados e mais dois que acompanham o partido de Eduardo da Fonte, não tem secretaria. O PL também não. Antes se argumentava que a governadora não abrira espaço para ninguém no secretariado, a não ser para Daniel Coelho que, por motivos óbvios, não pode ser deixado na beira da estrada. Agora esse argumento caiu por terra.
Hoje são considerados base do Governo 21 deputados, 13 são independentes e 15 de oposição. O problema é que os 21 da base, como um todo, são considerados assim na hora de votar projetos importantes mas muito poucos, como já demonstrado, estão dispostos a subir na tribuna para defender a administração. Para formar maioria o Governo precisa de 25 deputados e vai buscar os demais, quando isto é necessário, com gestos pontuais que valem por hoje mas não valem para amanhã. No mais a desorganização impera e, como disse um membro da mesa diretora da Alepe recentemente, “ninguém é de ninguém”.