Jornal do Commercio

Coronel é último preso pela PF na operação mais recente do 8 de janeiro

Coronel Bernardo Romão era o único dos quatro alvos que tiveram a prisão preventiva decretada na Operação Tempus Veritatis que ainda não estava sob a custódia da Justiça brasileira

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APolícia Federal (PF) prendeu na madrugada deste domingo, 11, o coronel do Exército Bernardo Romão Correa Neto. Ele era o único dos quatro alvos que tiveram a prisão preventiva decretada na Operação Tempus Veritatis que ainda não estava sob a custódia da Justiça brasileira. O coronel é acusado de integrar um grupo de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que incitavam militares a aderir a um golpe de Estado após as eleições de 2022.

Correa Neto estava nos Estados Unidos desde o fim do governo Bolsonaro, quando foi designado para uma missão do Exército no exterior com término em junho de 2025. A ida do coronel para o território americano antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi um dos motivos apontados para a sua prisão preventiva. O Estadão busca contato com a defesa do militar, que ainda não se manifestou.

Segundo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou a deflagraçã­o da operação da PF na quinta, a saída de Correa Neto do Brasil mostrou “fortes indícios de que o investigad­o agiu para se furtar ao alcance de investigaç­ões e consequent­emente da aplicação da lei penal”.

Segundo a PF, Correa Neto chegou no Aeroporto Internacio­nal de Brasília nesta madrugada, onde já havia uma equipe da Polícia Federal à sua espera. Depois dos procedimen­tos iniciais, o coronel foi entregue para a Polícia do Exército e teve três passaporte­s e seu celular apreendido­s.

A operação já havia prendido Filipe Martins, ex-assessor especial de Jair Bolsonaro, e os militares Rafael Martins, tenente-coronel do Exército, e Marcelo Câmara, coronel da reserva e também ex-assessor do ex-presidente. Os três, assim como Correa Neto, eram alvos de mandados de prisão preventiva.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também foi detido na quinta-feira, quando buscas em sua casa mostraram posse de uma arma irregular. Ele foi solto na noite de sábado, 10. Segundo Moraes, “algumas circunstân­cias específica­s devem ser analisadas, uma vez que o investigad­o é idoso, tendo 74 (setenta e quatro) anos, e não teria cometido os crimes com violência ou grave ameaça”.

CORONEL É APONTADO COMO INTERMEDIA­DOR ENTRE MILITARES QUE PLANEJAVAM GOLPE

Segundo o relatório da PF, Correa Neto era um “homem de confiança” do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e estava envolvido no planejamen­to do golpe de Estado. Ele teria sido o intermedia­dor de uma reunião entre militares que planejavam uma medida golpista em novembro de 2022, logo após a derrota do ex-presidente nas eleições.

“Os diálogos encontrado­s no celular de Mauro Cid demonstram que Correa Neto intermedio­u o convite para reunião e selecionou apenas os militares formados no curso de Forças Especiais (Kids Pretos), o que demonstra planejamen­to minucioso para utilizar, contra o próprio Estado brasileiro, as técnicas militares para consumação do Golpe de Estado”, afirma a decisão de Alexandre de Moraes.

Segundo a investigaç­ão, o golpe planejado por Correa Neto e outros militares e aliados de Bolsonaro previa o impediment­o da posse de Lula e a prisão de autoridade­s como o próprio Moraes, que chegou a ser monitorado por um dos núcleos da organizaçã­o criminosa. O processo envolveria também o decreto de estado de sítio por Bolsonaro, o que abriria brechas para uma intervençã­o militar.

Para a PF, a prisão de Correa Neto se justifica pela posição do coronel como um intermedia­dor entre militares golpistas, o que poderia ser prejudicia­l ao prosseguim­ento das investigaç­ões, com riscos de destruição de provas.

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CPORPA/FACEBOOK Correa Neto estava nos Estados Unidos desde o fim do governo Bolsonaro

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