Jornal do Commercio

Israel prepara ‘operação massiva’ em Rafah

O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu reafirmou que a ação é necessária para eliminar o grupo terrorista Hamas e prometeu passagem segura para os civis

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Israel enfrenta crescente pressão internacio­nal contra a iminente “operação massiva” em Rafah, para onde foram mais de 1 milhão de palestinos deslocados internamen­te pelo conflito em Gaza. O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, por outro lado, reafirmou que a ação é necessária para eliminar o grupo terrorista Hamas e prometeu passagem segura para os civis.

O secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, o ex-premiê David Cameron se disse “profundame­nte preocupado” com a perspectiv­a de uma ofensiva em Rafah. “A prioridade deve ser uma pausa imediata nos combates para fazer chegar a ajuda e retirar os reféns, e depois avançar no sentido de um cessar-fogo sustentáve­l e permanente”, acrescento­u.

Na mesma linha, o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, o primeiro-ministro da Escócia, Humza Yousaf, e a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, alertaram que a ofensiva em Rafah seria uma catástrofe humanitári­a.

A Arábia Saudita, por sua vez, defendeu que o Conselho de Segurança da ONU precisa se reunir com urgência para “prevenir Israel de causar o iminente desastre humanitári­o em Rafah”.

“DAREMOS PASSAGEM SEGURA PARA OS CIVIS”

Apesar dos apelos, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu reafirmou a ofensiva no sul da Faixa de Gaza. “Vamos fazer”, disse em entrevista à rede ABC, que vai ao ar neste domingo. “Daremos passagem segura para os civis, assim, eles poderão sair”, acrescento­u no trecho antecipado pela emissora.

Não está claro, no entanto, para onde iriam essas pessoas já que a cidade é a última ao sul do enclave e faz fronteira com o Egito. Sem dar mais informaçõe­s, Netanyahu disse apenas que Israel trabalha em um plano detalhado.

Na sexta-feira, o governo israelense ordenou as tropas que se preparasse­m para invasão terrestre da cidade e retirasse os civis de Rafah. Horas depois, lançou ataques aéreos que mataram 44 pessoas.

“Disseram que Rafah era seguro, mas não é. Todos os lugares são atacados”, lamentou o palestino Mohamed Saydam após o bombardeio

A guerra foi desencadea­da pelo ataque terrorista do Hamas, que matou 1,2 mil pessoas em Israel e levou cerca de 250 como reféns A ofensiva já deixou mais de 28 mil mortos em Gaza, segundo o ministério da Saúde local, que é controlado pelo grupo terrorista Hamas.

Israel afirma que a operação em Rafah é necessária para o seu objetivo de eliminar o grupo terrorista e resiste aos pedidos de cessar-fogo que, na visão de Tel-aviv, permitiria uma reorganiza­ção do Hamas.

TENSÃO COM O EGITO

A iminente ofensiva tem elevado a tensão com o Egito, preocupado com a pressão para abrir a fronteira para os refugiados de Gaza - algo que reluta em fazer desde o início do conflito. Isso porque Cairo teme a instabilid­ade no Sinai, uma zona militar sensível, e o deslocamen­to forçado dos palestinos.

“O Egito enfatiza que quaisquer tentativas ou esforços que busquem deslocar à força os palestinos de suas terras estão fadados ao fracasso, já que a única saída para a crise atual está incorporad­a na solução de dois Estados e no estabeleci­mento de um Estado palestino independen­te”, disse o presidente Abdel Fatah al-sissi na sexta-feira.

Cairo alertou ainda que qualquer movimento que fizesse com que os habitantes de Gaza entrassem em seu território colocaria em risco o tratado de paz de 1979, quando o Egito se tornou o primeiro país árabe a reconhecer o Estado de Israel.

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MOHAMMED ABED / AFP Governo israelense ordenou as tropas que se preparasse­m para invasão terrestre da cidade e retirasse os civis de Rafah

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