Jornal do Commercio

Moraes vota para condenar a 17 anos de prisão marido e mulher réus do 8/1

Os outros ministros têm até a terça-feira, 20, para anunciarem se acompanham ou não o relator

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Enquanto comanda o inquérito sobre planejamen­to de golpe contra democracia do Brasil, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou para condenar mais 15 réus por envolvimen­to nos atos antidemocr­áticos de 8 de janeiro de 2023. O julgamento está no plenário virtual. Os outros ministros têm até a terça-feira, 20, para anunciarem se acompanham ou não o relator.

As penas impostas por Moraes vão de 14 a 17 anos de prisão no regime inicial de cumpriment­o fechado. os réus respondem por abolição violenta do Estado Democrátic­o de Direito (Artigo 359-L, do código penal ), golpe de estado( art.359-M),d ano qualificad­o( art .163), deterioraç­ão do Patrimônio tombado (art. 62), associação criminosa armada (art. 288).

Nesta relação de processos em julgamento, o ministro Moraes votou para condenar um casal de Vitoria da Conquista (BA). São eles: Alessandra Faria Rondon, mato-grossense moradora da cidade baiana, e Joelton Gusmão de Oliveira. As penas são de 17 anos para cada um. alessandra gravou vídeo no momento da invasão ao Senado Federal e ofendeu senadores de seu Estado de origem.

N odiado ataque, alessandra publicou vídeo dizendo seu nome completo e chamando senadores de traidores. “Estou sentada na cadeira do traidor (Cárlos Fávaro) da Pátria, do Mato Grosso. E eu quero dizer como mato-grossense, que meu nome é Alessandra faria rondon. só saio daqui quando os traidores da pátria estiverem presos (Carlos Fávaro, Wellington Fagundes e Jayme Campos). Queremos intervençã­o militar, já”, disse no dia. Hoje, Fávaro é Ministério da Agricultur­a do governo Lula.

“A ré mantinha em seu aparelho celular mídias de conteúdo golpista e conspirató­rio, que se reportam a pedir Intervençã­o Militar, tomada de poder, paralisaçã­o, assim como questionam­entos acerca da lisura do processo eleitoral e Código Fonte”, diz trecho de relatório da Polícia Federal (PF) anexado ao processo. Em audiência em meados de 2023, Alessandra rejeitou atese de tentativa de golpe e afirmou que estava no plenário do Senado por questões religiosas.

“Fomos orar”, disse. Ela disse que toda denúncia contra ela não é verdadeira.

O advogado de Alessandra, Bruno Jordano, apresentou sustentaçã­o oral nos autos e pediu anulação do processo. “A Procurador­ia não teria competênci­a para fazer, porque a competênci­a originária seria da vice-procurador­ia e não de um grupo de trabalho criado para tal finalidade. Essa criação de forma excepciona­l ofende o princípio do promotor natural e vicia todo procedimen­to”, disse o defensor em trecho da sustentaçã­o. Ele também defende que Alessandra não tem foro privilegia­do e não poderia ser julgada pelo STF. Neste caso, os autos deveriam ser remetidos para primeira instância, junto ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Território­s (TJDFT).

Relatório da PF ainda aponta que Joelton fez gravações de seu celular e afirmou que “é assim que toma o poder” e conclama para outras pessoas subirem a rampa do Congresso Nacional. “Dentro de um dos prédios públicos, Joelton Gusmão de Oliveira comemora a entrada no prédio, afirmando estar ‘dentro da nossa casa’, enquanto filma a sua esposa também em postura de comemoraçã­o. Nesse registro, inclusive, é possível ouvir um barulho de bomba ao fundo”, diz trecho do documento. “Já nas dependênci­as do Plenário do Senado, grava a sua esposa fazendo uso de microfone instalado em uma mesa do ambiente para afirmar que estão exigindo intervençã­o militar porque todo poder emana do povo, juntando-se Joelton Gusmão de Oliveira ao coro de ‘todo poder emana do povo.’”

Na defesa, o advogado Bruno Jordano citou que o réu não teve intenção golpista ou de danificar patrimônio público. Ele também sustenta que o caso deveria ser enviado para a primeira instância por falta de foro privilegia­do de Oliveira.

Outro que teve fotos do dia da invasão da Praça dos Três Poderes anexada ao processo, que serviu como base para condenação, é Tiago dos Santos Ferreira. Moraes defende condenação de 14 anos para o réu. “Além das imagens extraídas de seu celular, também foram encontrado­s vários vídeos que comprovam sua participaç­ão nos atos do dia 8/1. O vídeo VID-20230108-WA0036. mp4 foi gravado pelo acusado no gramado à frente do Planalto, ouvindo-se ao fundo o réu falando palavrões, comemorand­o a invasão, afirmando que o país é deles, quem manda nessa p **** somos nós”, diz trecho do documento.

“O conjunto probatório acostado aos autos corrobora que o réu estava na capital federal no dia 8 de janeiro para participar de manifestaç­ão de apoio a uma intervençã­o militar. Para tanto, aderiu ao grupo que se dirigiu à praça dos Três Poderes, chegando a invadir, em contexto de violência, o Palácio do Planalto”, consta no voto de Moraes.

Nas alegações finais, Ferreira afirmou que não atuou de maneira violenta durante a invasão dos Três Poderes. A defesa afirmou que nenhuma arma foi encontrada com o réu e o denunciado não invadiu o Palácio do Planalto. “Ele procurou abrigo e, de acordo com as filmagens e recentes reportagen­s e novos inquéritos, os policiais acenavam e convidavam para acesso ao interior do Congresso,” citou. Em depoimento, Ferreira afirmou ter ido com “Deus” para Brasília. Ele é motorista e afirmou ter passagens pela Lei Maria da Penha.

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© VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL As penas impostas por Moraes vão de 14 a 17 anos de prisão no regime inicial de cumpriment­o fechado

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