Jornal do Commercio

Aumenta pressão internacio­nal para que Israel e Hamas cheguem a uma trégua

Exército israelense anunciou, ontem, a morte de três soldados em combates na Faixa de Gaza

-

Apressão internacio­nal para alcançar um acordo de trégua entre Israel e o Hamas, que incluiria uma nova libertação de reféns, intensific­ou-se nesta terça-feira (13), apesar da ameaça de uma ofensiva israelense em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, onde se refugiam mais de um milhão de palestinos.

O diretor da CIA, William Burns, o chefe do Mossad, David Barnes, e o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahma­n Al-thani, reuniram-se com autoridade­s egípcias no Cairo nesta terça-feira “para discutir uma trégua em Gaza”, informou a mídia local.

Segundo o Al-qahera News, houve uma “reunião do quarteto”, em meio à pressão internacio­nal por uma trégua.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou recentemen­te ao seu exército que preparasse uma ofensiva na cidade de Rafah, perto da fronteira com o Egito.

Ali estão concentrad­os 1,4 milhão de palestinos, segundo a ONU, mais da metade da população total do território, a maioria deles pessoas que fugiram da guerra iniciada há quatro meses.

Netanyahu reiterou na segunda-feira a sua determinaç­ão em continuar a pressão militar “até a vitória completa” contra o Hamas, do qual Rafah é o “último reduto”, e em libertar “todos os nossos reféns”.

LIBERTAÇÃO DE REFÉNS E MAIS MORTES

Na segunda-feira, Israel libertou dois reféns israelense­s-argentinos em Rafah durante uma operação noturna acompanhad­a de bombardeio­s que mataram uma centena de pessoas, segundo as autoridade­s do movimento islamista palestino, no poder em Gaza desde 2007.

O Exército israelense anunciou nesta terça-feira a morte de três soldados em combates na Faixa de Gaza, elevando para 232 o número de soldados israelense­s mortos desde o início da sua operação terrestre, em 27 de outubro.

Nos últimos dias, o Exército concentrou as suas operações na cidade de Khan Yunis, alguns quilômetro­s a norte de Rafah, onde disse ter matado “30 terrorista­s”.

ESTADOS UNIDOS

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, opõem-se a uma operação em grande escala e sem solução para os civis encurralad­os na fronteira fechada com o Egito, no extremo sul do território.

O presidente dos EUA, Joe Biden, exigiu na segunda-feira das forças israelense­s um plano “credível” para salvar os civis “expostos e vulnerávei­s” em Rafah durante uma reunião na Casa Branca com o rei Abdullah II da Jordânia.

A China pediu nesta terça-feira a Israel que interrompa “o mais rápido possível” a sua operação militar em Rafah, para “evitar uma catástrofe humanitári­a ainda mais grave”.

O chefe da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, reiterou nesta terça-feira que desmantela­r esta agência, criticada pelo suposto envolvimen­to de alguns dos seus membros no ataque de 7 de outubro, seria “um desastre”.

GUERRA INICIADA EM OUTUBRO

A guerra foi desencadea­da em 7 de outubro por um ataque sem precedente­s de comandos do Hamas no sul de Israel, que resultou na morte de mais de 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.

Em retaliação, o governo israelense prometeu “aniquilar” o Hamas, que considera uma organizaçã­o “terrorista”.

A ofensiva israelense deixou 28.473 mortos na Faixa de Gaza, a grande maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas.

Segundo Israel, permanecem em Gaza 130 reféns, dos quais 29 teriam morrido, das cerca de 250 pessoas raptadas em 7 de outubro. Uma trégua de uma semana em novembro permitiu a libertação de 105 reféns em troca de 240 palestinos detidos por Israel.

Confrontad­o com os receios internacio­nais de uma grande ofensiva militar, Netanyahu disse no domingo que Israel abriria uma “passagem segura” à população para fora de Rafah, sem especifica­r para qual destino.

“Onde? Na Lua?”, respondeu o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, em Bruxelas.

Nesta terça-feira, muitas famílias palestinas que já foram deslocadas várias vezes e temem ter de se deslocar novamente, começaram a desmontar as suas barracas em Rafah e a recolher os seus pertences.

“Fugimos para o norte sem nada, depois fomos para Khan Yunis sem nada”, disse Ismail Joundiyah, um dos deslocados. “Desta vez, queremos estar prontos”.

Cerca de 1,7 milhão de pessoas, segundo a ONU, de um total de 2,4 milhões de habitantes, fugiram das suas casas desde 7 de outubro no território palestino, sitiado por Israel e atolado em uma grande crise humanitári­a.

Rafah, hoje um acampament­o gigantesco, é a principal porta de entrada da ajuda humanitári­a, insuficien­te para satisfazer as necessidad­es da população que vive em “condições próximas da fome”, segundo o Programa Mundial de Alimentos (PMA).

 ?? ?? No final de janeiro, edifícios no território palestino foram destruídos durante bombardeio israelense
No final de janeiro, edifícios no território palestino foram destruídos durante bombardeio israelense

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil