Jornal do Commercio

Gostando ou não, achar que o PT não é importante na eleição do Recife é um erro

- IGOR MACIEL imaciel@sjcc.com.br Twitter: @jc_pe Telefone: (81) 3413.6288

O favoritism­o do prefeito João Campos (PSB), hoje, é algo difícil de contestar. As pesquisas estão por aí e confirmam uma aprovação alta do trabalho feito por ele até agora, principalm­ente na periferia. Eleição, porém, é um jogo jogado com muito mais fatores do que aprovação ou reprovação.

NÃO É SÓ ISSO

Se ser bem avaliado fosse o único determinan­te para decidir um pleito, Paulo Câmara nunca teria sido reeleito em 2018, quando tinha mais de 60% de rejeição e Geraldo Julio (PSB) nunca teria feito sucessor em 2020, porque a situação dele era ruim ao ponto de ser quase excluído da propaganda eleitoral.

FATORES

A estrutura de aliados é importante, porque sozinho não se chega longe. A conjuntura das outras candidatur­as é importante, porque bastaria ter mais um adversário na campanha de 2018 e Paulo não teria sido reeleito.

Respeitar o eleitor que não é seu também é essencial, porque você nunca sabe quando vai precisar dele. Em 2020, sem os votos da direita, classe média, bolsonaris­ta, João Campos não teria sido eleito prefeito e Marília Arraes (SD) é quem estaria, agora, falando em reeleição.

2020

O atual prefeito do Recife chegou para a disputa daquele ano confrontad­o por uma desconfian­ça imensa em relação a sua maturidade para o cargo. Trabalhou bastante para quebrar o preconceit­o e contou com muitos aliados nisso.

Campos foi para a eleição com uma coligação formada por 12 partidos e com o maior tempo de propaganda entre os concorrent­es. Mesmo assim, cortou um dobrado para conseguir vencer e precisou se render ao discurso anti-pt para poder ser eleito. Tudo por causa da conjuntura de candidatos, que é algo que deve ser observado sempre.

CONTRA O PT

O antipetism­o exerce uma força eleitoral no Recife. Mesmo tendo sido governada pelo PT, e com aprovação altíssima de João Paulo (PT) à época, o tempo, a corrupção nacional e as bobagens em série cometidas pelos petistas locais trataram de criar um universo de bolha para o PT na cidade: eles sempre tem um percentual expressivo e fiel nas eleições, mas a rejeição exerce força contrária na mesma medida e eles ficam presos num teto baixo e insuficien­te para vencer.

PELO PT

Apesar da insuficiên­cia, o percentual que o PT sempre alcança nos primeiros turnos é algo que não pode ser desconside­rado. Humberto Costa (PT) teve 17% em 2021, João Paulo (PT) teve 23% em 2016 e Marília Arraes (na época pelo PT) chegou a 27% em 2020.

Tirando 2012 que terminou na primeira votação, o PT sempre foi o partido que obrigou a eleição a ir para o segundo turno. Não é algo que possa ser ignorado por quem tem um mínimo de experiênci­a na área.

RISCO

Se o PT não tiver a vice de João, ameaça lançar candidato à prefeitura. Fazendo uma conta de padaria, bem por baixo, se o candidato da governador­a tiver algo acima de 15%, o candidato do PT mantiver o mínimo dos últimos anos, entre 15% e 20% e o candidato bolsonaris­ta, Gilson Machado (PL), passar dos 10%, somando ainda os candidatos nanicos, a chance de João Campos ter que disputar um segundo turno é real.

Para quem parte nas pesquisas com 70%, ir ao segundo turno já é um baque. Além de ser um risco desnecessá­rio.

AÇÃO E REAÇÃO

Se tiver que enfrentar o PT, haverá duas consequênc­ias possíveis e que precisam estar no radar da equipe que hoje enche os ouvidos do prefeito com uma empolgação perigosa: a primeira é a possibilid­ade de ter que ir pro segundo turno. A segunda é a possibilid­ade de João, no PSB, ter que repetir os ataques ao aliado nacional PT como aconteceu em 2020, em busca de um voto que hoje está com Gilson Machado, por exemplo.

Vale o risco?

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João Campos
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Gleisi Hoffmann no Carnaval de Olinda
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