Nota pede investigações com “responsabilidade”
CLUBE MILITAR
A nota foi assinada pelo general Sérgio Carneiro, presidente do Clube Militar do Exército, o almirante João Prado Maia, chefe do Clube Naval, e pelo major brigadeiro Marco Antonio Carballo Perez, que comanda o Clube de Aeronáutica. O texto na íntegra está disponível no final desta reportagem.
CORONÉIS E GENERAIS NA MIRA
A Tempus Veritatis foi deflagrada após ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e busca investigar a ação de uma organização criminosa, supostamente formada por Bolsonaro, ex-ministros e militares de alta patente que atuavam em uma tentativa de golpe de Estado.
A decisão de Moraes mostrou que os alvos da operação estavam planejando a execução de um golpe de Estado em uma organização formada por, pelo menos, seis diferentes tipos de atuação. As tarefas das frentes tinham três objetivos: desacreditar o processo eleitoral, planejar e executar o golpe e abolir o Estado Democrático de Direito, para manter a permanência de seu grupo no poder.
Entre os alvos da operação, estão os ex-ministros militares de Bolsonaro Walter Braga Netto (Casa Civil) e Augusto Heleno (GSI) e os ex-comandantes das Forças Armadas Paulo Sérgio Nogueira (Exército) e Almir Garnier Santos (Marinha). Também estão entre a lista outros 13 integrantes das Forças, alocados na ativa e na reserva.
MANDADOS DE PRISÃO
Moraes ordenou a prisão de Bernardo Romão Correa Neto e Marcelo Câmara, dois coronéis do Exército. Correa Neto é investigado por ter sido o intermediador de uma reunião militar que planejou o golpe após as eleições de 2022. Já Câmara é suspeito de ter intermediado o encontro entre Walter Delgatti Neto, o hacker da Vaza Jato, com autoridades do Ministério da Defesa. O propósito seria invadir o sistema das urnas eletrônicas para descredibilizar o resultado eleitoral.
LEIA A NOTA DO CLUBE MILITAR
“Os Clubes Naval, Militar e de Aeronáutica reconhecem a imperativa necessidade de preservar os valores fundamentais do Estado Democrático de Direito, como cidadania, pluralismo político, garantia dos direitos individuais e liberdade de expressão. Além disso, é crucial manter o equilíbrio e a separação dos três Poderes da República.
Em um momento em que nossa sociedade enfrenta perigosa polarização,surge a preocupação com antagonismos entre diferentes setores. Observamos, com apreensão, a exposição de distintos chefes militares, associados a atos que supostamente atentaram o Estado Democrático de Direito - algo que, cumpre registrar, consideradas as suas trajetórias de vida, avaliamos ser pouco sustentável.
É imprescindível que os processos em andamento sejam conduzidos com responsabilidade e imparcialidade, respeitando os limites legais, o devido processo legal, a igualdade perante a Lei, o contraditório e a ampla defesa. A acuidade dessa abordagem é vital para contribuir que se evite a deterioração das relações no âmbito militar.
Que todos, sem exceção, cumpram seus deveres de acordo com o previsto na Constituição, sem casuísmos, visando restaurar a paz, harmonia e coexistência da diversidade de opiniões em nossa sociedade. Isso é essencial para o progresso do nosso País e para prevenir aventuras desestabilizadoras em todos os espectros políticos e sociais.
Àqueles que nos demandam posições extremadas, reiteramos que não promoveremos o dissenso no seio das Forças Armadas, objetivo permanente daqueles que não comungam de nossos ideais, valores e amor à Pátria, ignorando o nosso juramento de defendê-la, se necessário, com o sacrifício de nossas próprias vidas”