Jornal do Commercio

Justiça condena militares após morte de jovem de 21 anos no Recife

O ex-pm Diogo Pereira dos Santos vai cumprir pena de 21 anos; enquanto Paulo Sérgio da Silva foi condenado a seis anos de prisão

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Após dois dias de julgamento, os policiais militares envolvidos no caso que resultou na morte de Marcos Laurindo da Silva - jovem de 21 anos assassinad­o a tiros dentro de sua própria casa e na frente dos pais - foram condenados nesta quarta-feira (21) e vão cumprir penas de reclusão. O crime ocorreu no dia 17 de maio de 2013, na comunidade Bola na Rede.

O júri, presidido pela juíza Maria Segunda Gomes de Lima, foi realizado na 2ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, no Fórum Rodolfo Aureliano, na Ilha Joana Bezerra, área central do Recife, condenou o policial militar Diogo Pereira dos Santos a 19 anos de reclusão pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e homicídio duplamente qualificad­o de Marcos Laurindo da Silva, e a dois anos de detenção anos por fraude processual, em regime inicialmen­te fechado. As qualificad­oras do homicídio são por motivo torpe (para impor medo por meio de truculênci­a) e não ter dado chance de defesa à vítima.

Já o policial militar

Paulo Sérgio da Silva, que presenciou o homicídio, foi condenado a quatro anos de reclusão pelo crime de falso testemunho e a dois anos de detenção por fraude processual, em regime inicialmen­te semiaberto, e absolvido por porte ilegal de arma de fogo.

SENTENÇA JUDICIAL

“A sentença traz o entendimen­to do conselho de jurados, que acompanhou o pedido do Ministério Público em plenário. Ambos foram condenados e saímos com o sentimento de que foi feito a justiça”, disse a Promotora de Justiça Dalva Cabral. “A despeito do decurso grande de tempo é um alento para família, para os pais da vítima. É claro que não traz de volta o Marcos Laurindo, mas o que era possível fazer por essa família, pela sociedade que se vê violada sempre que um crime desse acontece e, sobretudo, para a própria Polícia Militar, que não pode ficar maculada pela conduta de dois homens que não honraram e não fizeram jus a essa farda que é tão importante para segurança pública... E para a ordem social no combate ao crime, não para a prática do crime”, enfatizou a Promotora.

INSATISFAÇ­ÃO COM DECISÃO

Apesar da condenação dos acusados, os pais da vítima não ficaram satisfeito­s com a decisão, já que existe a possibilid­ade de os dois acusados recorrerem ao processo em liberdade provisória. “Eles vão ficar em liberdade? E até lá como eu vou ficar? Como vai ficar a minha família? Eles são perigosos... Como vou sair de casa para fazer minhas atividades. Não me conformo com isso aí”, desabafou Francisco Laurindo da Silva, pai da vítima.

ACUSAÇÃO DO MP

Segundo a denúncia oferecida pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), no dia 17 de maio, por volta das 23h, a vítima Marcos Laurindo da Silva estava em frente à residência dele, situada na Avenida Padre Mosca de Carvalho na Comunidade Bola na Rede, onde residia com os pais. Subitament­e os dois policiais militares denunciado­s pararam a viatura de forma brusca, na frente da residência.

Assustado, o morador entrou em casa. Empunhando sua arma de fogo, o policial Diogo seguiu a vítima e, mesmo diante do apelo da mãe do morador, efetuou três disparos à queima roupa (na região peitoral, próximo ao coração e pelas costas). Em seguida, os policiais levaram a vítima para o Hospital Agamenon Magalhães, onde foi constatado que ela já estava morta.

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RENATO RAMOS / JC IMAGEM Apesar da condenação dos acusados, os pais da vítima não ficaram satisfeito­s com a decisão

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