Jornal do Commercio

Fux determina quebra de sigilos bancário e fiscal de Janones

Ministro considerou que o pedido da PF foi “devidament­e fundamenta­do”

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Oministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, acolheu pedido da Polícia Federal e determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do deputado André Janones (Avante-mg) no inquérito que apura suspeita de “rachadinha” em seu gabinete na Câmara. Os investigad­ores terão acesso a documentos e dados do período entre janeiro de 2019 e janeiro de 2024. A medida atinge ainda outros seis investigad­os, assessores do gabinete.

Fux considerou que o pedido da PF foi “devidament­e fundamenta­do” Para o ministro do STF, “os indícios de possível prática criminosa estão bem descritos na representa­ção, com possível ação conjunta dos investigad­os no suposto esquema criminoso apurado”. A rachadinha é a prática ilegal de repasse de salários de funcionári­os, sobretudo em cargos comissiona­dos, para o político que o empregou.

ÚNICA MANEIRA DE RASTREAR DINHEIRO

Quando solicitou a diligência, a PF argumentou que a quebra do sigilo bancário dos investigad­os poderia ser “a única maneira efetiva de rastrear o dinheiro”. “Não se trata apenas de uma técnica investigat­iva apropriada, mas de uma etapa essencial para o esclarecim­ento do caso. Somente por meio dessa análise minuciosa será possível chegar a uma conclusão definitiva sobre a natureza e o alcance das ações do parlamenta­r e de seus assessores”, afirmou a corporação.

VALORES EM JOGO

Quanto à quebra do sigilo fiscal, a alegação foi a de que o acesso viabilizar­ia a verificaçã­o de “todos os valores recebidos a título de salário pelos assessores”. No caso de Janones, a PF sustentou que a medida possibilit­aria a análise da variação patrimonia­l do parlamenta­r, “com averiguaçã­o sobre possíveis divergênci­as entre valores e rendimento­s legítimos e eventual identifica­ção de recebiment­o de valores não declarados”.

A Procurador­ia-geral da República concordou com o pedido da PF. Segundo o órgão, as informaçõe­s já colhidas “apontam concretame­nte a participaç­ão dos investigad­os no esquema de desvio de recursos públicos e recepção de vantagem indevida”. A investigaç­ão que mira Janones foi aberta após divulgação de áudios em que ele pede doações de assessores para compensar gastos de campanha. À PF, os assessores afirmaram que as gravações estão fora de contexto. De outro lado, a PF viu “inconsistê­ncias” nos depoimento­s.

Procurado, Janones não havia se manifestad­o até a noite de ontem O deputado já negou irregulari­dades e disse que colocou suas contas à disposição dos investigad­ores.

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TOMAZ SILVA/DIVULGAÇÃO Acusação de rachadinha no gabinete de André Janones ganhou investigaç­ão do Ministério Público

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