Apesar da aprovação do reajuste zero, proposta do Estado não prevê investimentos no transporte público do Grande Recife
Sistema de transporte não tem investimentos previstos na proposta técnica que o Estado apresentou na reunião do CSTM. Não há estimativa de renovação nem de refrigeração da frota, assim como 100% das linhas continuando a operar sem cobradores
Sem dúvida, como afirmou o secretário de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco, Diogo Bezerra, a aprovação do Bilhete Único Metropolitano e do não aumento das passagens dos ônibus do Grande Recife nesta quinta-feira (22/2), é um momento histórico. É fato. Até mesmo os operadores, que geralmente pedem reajustes em índices bem superiores ao proposto pelo governo, votaram fechado com a proposta.
Mas, o momento não é só de comemoração. É também de alerta. É preciso estar atento para que o governo de Pernambuco não deixe de fazer investimentos no sistema de ônibus da RMR, que está muito ruim, com intervalos longos, redução de frota, operando com coletivos sem refrigeração e sem prioridade nas ruas.
Estar atento para que, com o objetivo de viabilizar as duas medidas - que têm impacto financeiro no setor e vão representar, por baixo, um custo de mais R$ 60 milhões por ano de subsídio público (somados aos R$ 250 que vêm sendo colocados ano ano no setor) - o governo deixe de viabilizar e exigir melhorias na operação.
PROPOSTA TÉCNICA DO ESTADO NÃO PREVÊ MELHORIAS
A mesma proposta oficial do governo de Pernambuco para criar o Bilhete Único Metropolitano e não reajustar as passagens prevê, inclusive, que não haja investimentos para melhorias no setor.
Você pode conferir a proposta na íntegra AQUI Refrigeração da frota O uso de ar-condicionado em todos os ônibus, como previsto em lei, não foi simulado no estudo. Apesar de a refrigeração da frota estar prevista na Lei 16.787/2019, que determina a renovação de parte da frota dos veículos com vida útil acima de 8 anos, para os convencionais, e 10 anos para os articulados.
“Mas a critério do CSTM, desde que prevista a meta de renovação e seus impactos financeiros nos cálculos da revisão tarifária. Diante da obrigatoriedade de se incluir os custos relativos à renovação de frota na tarifa paga pelos usuários, não se simulou nesse estudo proposta de ampliação da frota refrigerada”, diz a nota técnica. Utilização do cobrador Para o ano de 2024 foi mantida a operação com 100% da frota sem cobrador, como é desde 2022/2023. A redução do , inclsuive, foi incorporada ao estudo de recomposição tarifária.
ABONO DE DUPLA FUNÇÃO VALIDADO
Foi considerado na planilha de custos o valor de R$ 135, por motorista, para que recebam o pagamento da tarifa em dinheiro nos ônibus, sob pena de multa para a empresas.
AUMENTO DE MANDA
O CTM estimou um aumento de 5% da demanda de passageiros equivalentes (pagos) de 5% de julho de 2022 a julho de 2023. Teriam sido 229,4 milhões de passageiros pagantes no ano. Atualmente a demanda está em 75% de antes da pandemia nos dias úteis. Créditos não utilizados De julho de 2022 a julho de 2023, o CTM identificou uma diferença de R$ 12 milhões entre a venda e o uso dos créditos eletrônicos, que desde 2020 (pela Lei 18.861/2020), deixaram de ter limite de utilização.
Por isso, estima 2,8 milhões de passageiros pagantes a mais para o ano de 2023/2024.
REDUÇÃO TARIFÁRIA FORA-PICO
Programa de redução de R$ 1,00 na tarifa fora-pico, criado pelo PSB, foi extinto e o CTM prevê tarifa única em qualquer horário do dia.
LINHAS OPCIONAIS
Não sofrem alteração por enquanto até um estudo posterior.
GOVERNO RETIROU 200 ÔNIBUS DE OPERAÇÃO PARA REDUZIR CUSTOS
O alerta é válido porque, embora a gestão Raquel Lyra tenha optado por não reajustar as passagens do Grande Recife em 2023, no primeiro ano de governo - sob o argumento de que precisava, primeiro, moralizar o sistema -, o que os usuários viram no decorrer do ano foi a precarização do serviço, inclusive com a redução da frota de coletivos sem nenhum aviso prévio à população.
Foram 200 ônibus a menos considerando o início de 2023. A redução foi descoberta em agosto de 2023, mas teria sido iniciada pelo Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM) entre junho e julho. Foi feita a partir das programações de férias, quando todo passageiro sabe que há uma redução dos coletivos nas ruas. Mas, historicamente, essa redução era recomposta com o fim das férias, o que não aconteceu.