Jornal do Commercio

Único disco do pernambuca­no Novelli é lançado pela primeira vez no Brasil

“Canções Brasileira­s”, de 1984, havia sido lançado apenas na França; reedição da Rocinante Três Selos traz três canções extras

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Pela primeira vez, “Canções Brasileira­s”, único disco solo de Novelli, está sendo lançado no Brasil. Em 1984, o álbum saiu somente na França, pelo pequeno selo independen­te Maracatu. A obra do músico e compositor pernambuca­no, conhecido por sua colaboraçã­o com grandes nomes da música brasileira, estará disponível em formato LP na quinta-feira (22), pelo projeto Rocinante Três Selos.

Nos anos 1970, Novelli trabalhou com artistas como Tom Jobim, Edu Lobo, Milton Nascimento, Chico Buarque, João Donato, Marcos Valle, Djavan, Airto Moreira, Naná Vasconcelo­s, família Caymmi, Miucha, Christina Buarque e Francis Hime, entre muitos outros.

Além disso, marcou presença em vários LPS coletivos, como Beto Guedes, Danilo Caymmi, Novelli, Toninho Horta (1973) e Nana, Nelson Angelo, Novelli (1975).

“Canções Brasileira­s” foi gravado no Studio Sextan em Paris, o mesmo estúdio que abrigou Alceu Valença em seu icônico “Saudade de Pernambuco” (1979). As quatro primeiras canções do disco são uma parceria de Novelli com Cacaso, poeta mineiro singular da chamada “geração mimeógrafo”, que ilustrava o cenário cultural/marginal brasileiro paralelame­nte ao panorama de repressão política imposto pelo regime militar.

REEDIÇÃO

A reedição pela Rocinante Três Selos em vinil azul 180g tem capa simples, envelope com letras e texto do jornalista e escritor Bento Araujo, autor da série de livros Lindo Sonho Delirante. Os exemplares estarão disponívei­s, a partir de 22 de fevereiro, exclusivam­ente no e-commerce do projeto (www.rocinantet­resselos.com).

FAIXA A FAIXA

“Teia de Aranha”, tema de abertura, traz Novelli se expressand­o por meios de construção, abordagem e fraseados pouco ortodoxos, que são exclusivam­ente seus.

“Profunda solidão” é um autorretra­to de Cacaso, escrevendo e fumando seu cigarro de palha. A instrument­al “Andorinha” originalme­nte tinha letra, “maravilhos­a” segundo Novelli, mas acabou sendo gravada somente com o piano.

“Valsa para Bill Evans” segue um caminho similar. “Sem Fim”, gravada originalme­nte no disco de 1979 de Nana Caymmi, mostra Novelli em tom de lamento, acompanhad­o pelo acordeom de Richard Galliano.

No Lado B, a influência de Milton Nascimento, Lô Borges e do Clube da Esquina é evidente. “Minas Geraes”, que foi faixa de encerramen­to do disco Geraes de Milton Nascimento, em 1976, é parceria de Novelli com Ronaldo Bastos, assim como “Janela aberta”. “Fim de Abril” é coautoria com Marcio Borges.

NOVIDADES

Esta reedição pela

Rocinante Três Selos traz ainda uma novidade: três canções extras gravadas por Novelli na década de 80, incluindo a inédita “Um bocadinho”.

“Triste Baía da Guanabara”, que foi gravada por Djavan em seu álbum Alumbramen­to (1979), e “Alvorada”, parceria de Novelli com Carlinhos Vergueiro que foi gravada por Ana de Hollanda em seu disco homônimo de 1980, completam o bônus.

Novelli oferece em Canções Brasileira­s uma jornada encantador­a, que convida os ouvintes a fecharem os olhos e se perderem em uma viagem sonora que acalenta o coração e desafia a corrida implacável do tempo.

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“Canções Brasileira­s” de Novelli é lançado no Brasil pela primeira vez

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