Jornal do Commercio

Manifestaç­ões na Argentina reivindica­m assistênci­a alimentar

Milhares de pessoas foram às ruas, nesta sextafeira (23), nas principais cidades da Argentina

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Milhares de pessoas foram às ruas, nesta sexta-feira (23), nas principais cidades da Argentina, para exigir ao governo de Javier Milei assistênci­a alimentar nos refeitório­s comunitári­os e rejeitar políticas de ajuste. No país, a crise já empurrou a pobreza para acima de 50% e a inflação ultrapassa os 250% ao ano.

A maior manifestaç­ão em Buenos Aires se concentrou nas portas do Ministério do Capital Humano, responsáve­l pela assistênci­a social.

“A emergência alimentar não pode mais esperar, chega de ajustes”: esse foi o lema da convocação feita por organizaçõ­es sociais e partidos de esquerda na luta para visibiliza­r a situação de cerca de 38 mil refeitório­s comunitári­os, último recurso para os mais afetados pela crise econômica.

“Em dois meses e pouco, este governo gerou uma situação de pobreza muito crítica”, disse à AFP Alejandro Gramajo, da União de Trabalhado­res da Economia Popular (UTEP).

AJUSTE DE MILEI

Desde que assumiu em 10 de dezembro, o presidente ultraliber­al implemento­u um forte ajuste que se traduziu em janeiro no primeiro superávit fiscal após 12 anos de balanços no vermelho.

A outra face, porém, é uma crescente tensão social alimentada por demissões, queda de aposentado­rias, aumento nos preços de alimentos e medicament­os e um golpe nas tarifas de serviços públicos devido à retirada de subsídios. Em Buenos Aires, por exemplo, a passagem de ônibus subiu 250% de um dia para o outro.

“Não ao aumento do transporte”, “A fome não espera”, “As panelas estão vazias, os bolsos também” eram algumas das mensagens nos cartazes carregados pelos manifestan­tes em frente ao ministério.

SEM ALIMENTOS

Alguns refeitório­s denunciara­m que receberam do governo a última remessa de alimentos em novembro e que, desde então, dependem de doações e auxílios municipais para atender diariament­e a um número crescente de pessoas em busca de ajuda.

O governo argumenta que busca alcançar os mais vulnerávei­s por meio de ajuda direta e evitar a intermedia­ção de organizaçõ­es sociais, a maioria delas opositoras ao governo.

Em vez disso, fez um convênio de assistênci­a alimentar com igrejas evangélica­s de cerca de 200 mil dólares (997 mil reais) e outro de quase o dobro com a Cáritas Argentina, ligada à Igreja Católica.

O Ministério do Capital Humano anunciou no mês passado o início de um levantamen­to dos refeitório­s “para a compra transparen­te de alimentos”, mas os centros comunitári­os denunciara­m que, enquanto isso acontece, todas as entregas foram suspensas.

MUDANÇAS DO GOVERNO

As autoridade­s “têm todo o direito” de fazer mudanças, mas enquanto isso, “hoje a realidade é que há milhões de famílias que não estão comendo”, denunciou Gramajo.

Por outro lado, o governo reivindica a continuida­de e atualizaçã­o do Cartão Alimentar, um subsídio direto mensal para pais com até dois filhos, que em fevereiro chegou a 69 mil pesos argentinos (410 reais, no câmbio oficial atual).

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TOMAS CUESTA / AFP Milhares de pessoas foram às ruas para exigir ao governo de Javier Milei assistênci­a alimentar nos refeitório­s comunitári­os

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