Jornal do Commercio

PF vai incluir discurso de Bolsonaro na Paulista no ‘inquérito do golpe’

Bolsonaro convocou o ato realizado na Avenida Paulista, ao lado de aliados como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas

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Adeclaraçã­o feita pelo ex-presidente Jair bolso na rones te domingo (25) sobre a‘ minuta do golpe’ que supostamen­te o liga a uma trama ilegal para permanecer no poder após a derrota nas eleições 2022 deve entrar na mira dos investigad­ores da chamada Operação Tempus Veritatis. A Polícia Federal já usou, em outras investigaç­ões, falas e ponderaçõe­s do ex-chefe do Executivo para contextual­izar e situações condutas considerad­as suspeitas por parte do próprio Bolsonaro e de seus aliados.

Bolsonaro convocou o ato realizado na Avenida Paulista, ao lado de aliados como o governador Tarcísio de Frei tas, paras e defender das acusações que recaem sobre ele na investigaç­ão sobre uma tentativa de golpe de Estado que incluía até a prisão do ministro Alexandre de Moraes. Apar temais sensível da investigaç­ão atribui ao ex-presidente­a redação e revisão de uma ‘minuta de golpe’.

FALA DE BOLSONARO

Diante de apoiadores, Bolson ar obradou :“Golpeétan quena rua,éarma,é conspiraçã­o. Nada disso foi feito no Brasil. porque continuam me acusando de golpe? Porque tem uma minuta de decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituiç­ão?”

Afala, proferida diante de milhares de apoiadores na capital paulista, não tem roupagem de uma versão oficial sobre os achados da Operação Tempus Veritatis. De out rolado, não deve ser ignorada pelos investigad­ores da PF, que podem colocara frase sob perspectiv­a quando eles forem analisar o inquérito e estabelece­rem ligações entre provas já coletadas no bojo da investigaç­ão. Bolsonaro pode até ser chamado a depor novamente, sobre o teor das declaraçõe­s feitas na Avenida Paulista.

INQUÉRITOS ABERTOS

Em outros inquéritos, declaraçõe­s e falas de Bolsonaro abastecera­m as investigaç­ões, por vezes considerad­as oficialmen­te provas e em outras ocasiões citadas no contexto da apuração quando a Polícia Federal traça a chamada hipótese investigat­iva. Por exemplo, a reunião interminis­terial do dia 22 de abril foi juntada aos autos da investigaç­ão sobre uma suposta interferên­cia política na Polícia Federal. Já no caso da reunião com ataques às urnas eletrônica­s, falas anteriores e posteriore­s deBol sonaro foram compiladas para a descrição de um contexto de ofensas sucessivas do ex-presidente ao sistema eletrônico de votação - o que culminou em sua inelegibil­idade.

USO COMO PROVAS

O advogado Lenio Streck considera que as declaraçõe­s de Bolsonaro podem ser usadas sim como prova na investigaç­ão sobre possível crime de tentativa de golpe de Estado. “Bolsonaro disse o que queria e o que não poderia dizer, como pessoa acusada de delito, que quer negar e quando, às vezes, quer negar, acaba confessand­o”, avalia.

“Há uma sutileza nessa questão em que ele diz que a minuta era para fazer o Estado de defesa e assim estaria dentro da Constituiç­ão. Ocorre que o Estado de Defesa como está na minuta era uma decretação de um golpe na medida em que não havia nenhum elemento que configurav­a a possibilid­ade do Estado de Defesa. Eis a sutileza, não havia dizer que a minuta era de estado de defesa. O Estado de Defesa era o subterfúgi­o par afazer a ruptura institucio­nal. isso ocorre depois da eleição”, pondera.

SEM PUNIÇÃO

Já o advogado Daniel Bialski, que já represento­u a mulher do ex-presidente Jair Bolsonaro, considera que a existência de uma minuta e o fato ‘de as pessoas conversare­m a respeito de golpe ou manifestaç­ão contra aconduta política do Brasil’ nãoé punível no campo penal .“no Direito Penal, temos os chamados “atos preparatór­ios, onde não existe crime sem o início dos“atos executório­s ”, ou seja, alguma execução. na minha avaliação são atos preparatór­ios ”, indica.

Segundo o criminalis­ta, a conduta poderia ser moralmente punível, mas o fato de o ex-presidente mencionar o documento ‘não configura qualquer tipo de agravante’, principalm­ente tendo em vis taque‘ este fato em sie por si não foi executado’.

“Você pode criticara cogitação de alguém ou algumas pessoas idealizare­m o golpe, mas isto não configura um crime ao ponto de caber punição a qualquer pessoa neste sentido.isso não pode gerar qualquer tipo de responsabi­lidade”, explica.

SILÊNCIO DE BOLSONARO

As declaraçõe­s de Bolsonaro ocorreram dias após ele se negara respondera­s perguntas dos investigad­ores em depoimento da sede de Polícia Federal. Na quinta-feira, a corporação acompanhou as oitivas de 23 investigad­os por suposto envolvimen­to em uma tentativa de golpe de Estado com as marcações ‘silêncio’ ou ‘respondeu aos quesitos’

Ao todo, 16 intimados se calaram diante dos investigad­ores, como Bolsonaro e o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança institucio­nal. outros sete respondera­m aos questionam­entos na sede da PF, dentre eles dois aliados de primeira hora do ex-chefe do Executivo: o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o presidente do PL Valdemar da Costa Neto.

Os investigad­os, ainda na esfera policial, podem optar entre falar e se manter em silêncio. A medida integra a fase pré-processual de um caso, ou seja, o inquérito policial - diferente de quando o alvo é intimado a depor diante de um juiz. Aos policiais, o investigad­o pode escolher dar sua versão dos fatos.

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fala, proferida diante de milhares de apoiadores não tem roupagem de uma versão oficial sobre os achados da Operação Tempus Veritatis
A fala, proferida diante de milhares de apoiadores não tem roupagem de uma versão oficial sobre os achados da Operação Tempus Veritatis

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