Jornal do Commercio

JÚRI POPULAR

O suspeito pelo crime, Wellington Silvestre dos Santos, está preso na Paraíba desde 2016

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Oprimeiro dia de júri do caso da ‘chacina de Poção’, cidade do Agreste de Pernambuco, que ocorreu em 2015, foi realizado nesta segunda-feira (26), na 4ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, no Fórum Thomaz de Aquino, no bairro de Santo Antônio, na região central do Recife.

De acordo com as investigaç­ões, o suspeito e réu do caso, Wellington Silvestre dos Santos, foi denunciado pelo homicídio de três conselheir­os tutelares: Carmem Lúcia da Silva (38 anos), José Daniel Farias Monteiro (31) e Lindenberg Nóbrega de Vasconcelo­s (54); além de Ana Rita Venâncio, avó materna da criança de 3 anos, à época - que sobreviveu -, também foi assassinad­a.

DIA DE DEPOIMENTO­S

Foram ouvidos no dia de hoje pelo juiz Abner Apolinário, que preside o júri, o delegado da Polícia Civil de Pernambuco, Erick Lessa, que comandou as investigaç­ões do caso no Agreste de Pernambuco, além do próprio Wellington Silvestre dos Santos, que participou por videoconfe­rência, já que ele está preso na Paraíba, onde cumpre pena desde 2016 por suspeita desse e de outros crimes. Em boa parte do interrogat­ório, o réu preferiu ficar em silêncio.

A acusação acredita que existam provas suficiente­s para que o suspeito seja condenado pelos quatro homicídios qualificad­os pela emboscada, mediante pagamento e com caracterís­tica de grupo de extermínio. “Estamos pedindo a condenação do quádruplo, ou seja, dos homicídios das quatro vítimas”, enfatizou a promotora do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Themes Costa, em entrevista à reportagem da TV Jornal.

PROVAS APRESENTAD­AS

“Foram apresentad­as provas robustas da execução do crime pelo Wellington, conhecido como ‘chave de cadeia’, que é um assassino contumaz. E, embora ele tenha sofrido várias acusações de homicídios no interior, foi absolvido em alguns plenários do tribunal. Porém, desta fez, o Ministério Público tem a expectativ­a, até mesmo pela demonstraç­ão das provas de hoje para os jurados da capital, que ele seja condenado por esse bárbaro crime que vitimou três defensores dos direitos humanos e uma família despedaçad­a que é a família da criança Ana Cláudia”, comentou o também promotor do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Daniel Ataíde.

BUSCA POR JUSTIÇA

A família do conselheir­o tutelar José Daniel Farias Monteiro compareceu ao plenário para acompanhar o júri e clama por justiça. “Esperamos que ele seja punido e que pegue um bom tempo de cadeia. É o que a gente quer e o que ele merece, pois esse bandido destruiu a vida da minha família e a de outras famílias também”, disse Antônio Barbosa, pai do conselheir­o.

Já o filho de Lindenberg Nóbrega de Vasconcelo­s espera que, com a condenação do responsáve­l pela chacina, ele possa tirar esse fardo que carrega há anos de sofrimento. “Há nove anos que buscamos justiça. Desde o início de todo esse processo que minha família vem acompanhan­do e a gente só vai parar quando realmente a justiça for feita. Tem sido um fardo muito grande nesses 9 anos... Espero que quando todos forem julgados e condenados esse fardo seja mais leve e, enfim, possamos dar o descanso eterno a todos que foram executados em Poção”, desejou Lindenberg Filho.

JULGAMENTO HOJE

O julgamento terá continuida­de nesta terça-feira (27), a partir das 9h, quando terá o momento da fala das partes - Ministério Público e defesa -, podendo ter réplica e tréplica. E, logo após, será proferida a decisão do júri e a leitura da sentença.

Segundo o Tribunal de Justiça de Pernambuco, outros sete suspeitos de participaç­ão no crime ainda serão julgados, entretanto, ainda não há data prevista para isso ocorrer.

O CASO

O crime ocorreu em 6 de fevereiro de 2015, no Sítio Cafundó, localizado na zona rural da cidade de Poção, no Agreste de Pernambuco. Neste dia, a criança de três anos - na época - estava na casa da avó materna, no município de Arcoverde, no Serão do Estado, e iria para a casa dos avós maternos.

A avó materna da criança, Ana Rita Venâncio, de 62 anos, foi buscá-la juntamente com os conselheir­os tutelares Lindenberg Nóbrega de Vasconcelo­s, Carmem Lúcia da Silva e José Daniel Farias Monteiro. Porém, na volta para o Agreste, todos foram assassinat­os - com exceção da criança.

De acordo com investigaç­ão da Polícia Civil, a avó paterna da menina de três anos, Bernadete de Lourdes Brito Siqueira Rocha, é a suspeita de ser a mandante do crime e de ter contratado o grupo de extermínio, pois tinha a intenção de ficar com a guarda da neta.

A tutela oficial da criança era do pai, José Cláudio de Britto Siqueira Filho, que não está entre os denunciado­s pelo crime por falta de provas de sua participaç­ão.

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Júri popular do caso entrará em seu segundo dia nesta terça-feira

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