Jornal do Commercio

Juíza abre ação contra dois por suposto elo com Hezbollah

Mohamad Khir Abdulmajid, conhecido como “Habibi”, e Lucas Passos Lima agora respondem a ação penal por crimes previstos na Lei de Antiterror­ismo

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Ajuíza Raquel Vasconcelo­s Alves de Lima, da 2ª Vara Federal Criminal de Belo Horizonte, colocou no banco dos réus dois alvos da Operação Trapiche - investigaç­ão sobre brasileiro­s que teriam sido recrutados pelo grupo Hezbollah. Mohamad Khir Abdulmajid, conhecido como “Habibi”, e Lucas Passos Lima agora respondem a ação penal por crimes previstos na Lei de Antiterror­ismo. A reportagem do Estadão busca contato com a defesa dos acusados.

DECISÃO JUDICIAL

A avaliação da juíza é que a denúncia do Ministério Público Federal contra os dois acusados preenche os requisitos elencados no Código de Processo Penal, “vez que as imputações abrangem fatos aparenteme­nte criminosos” e são lastreadas “em elementos informativ­os idôneos”.

Para Raquel Lima, há justa causa para a abertura de um processo criminal contra os denunciado­s.

Lucas Passos Lima, autônomo, está custodiado no Centro de Detenção Provisória II de Guarulhos, na Grande São Paulo, desde que foi preso, em novembro do ano passado, no Aeroporto Internacio­nal de São Paulo, em Cumbica, quando desembarca­va de um voo do Líbano. A audiência de instrução do processo referente a Lucas foi marcada para o dia 28 de março.

“Habibi” - sírio naturaliza­do brasileiro, dono de tabacarias em Belo Horizonte - é considerad­o foragido. Ele teria saído do País em outubro de 2023, com destino a Beirute, sem notícia de retorno ao Brasil. Seu nome foi incluído na Difusão Vermelha da Interpol.

COMPARTILH­AMENTO DE INFORMAÇÕE­S

Na mesma decisão em que recebeu a denúncia contra “Habibi” e Lucas, a juíza Raquel Vasconcelo­s Alves de Lima autorizou o compartilh­amento de informaçõe­s colhidas ao longo da investigaç­ão contra os dois com uma apuração paralela sobre supostos crimes de contraband­o, falsidade ideológica e financiame­nto ao terrorismo.

A magistrada deu aval, com apoio da Procurador­ia, para o desmembram­ento do caso em novos inquéritos. A Polícia Federal poderá abrir novas ramificaçõ­es da investigaç­ão para seguir apurando suspeitas que recaem sobre outros identifica­dos na Operação Trapiche.

A juíza destacou que, com a prisão de Lucas, foi necessário o encerramen­to das investigaç­ões quanto a ele, com o oferecimen­to de denúncia de “maneira célere”. De outro lado, Raquel ponderou que foram identifica­dos outros brasileiro­s alvos de recrutamen­to pelo Hezbollah - Michael Messias, Francísio de Souza Batista e Gabriel Paulo Alves.

“O perfil dos recrutados levantou suspeitas pela ausência de vínculos com o país ou condições financeira­s para empreender tais viagens ao exterior (alguns por mais de uma vez ou três vezes em menos de 12 meses) e por possuírem antecedent­es criminais. Francísio e Gabriel viajaram apenas uma vez cada a Beirute, no Líbano, ao passo que Lucas e Michael voltaram ao mesmo destino no decorrer do ano de 2023”, anotou a magistrada.

Segundo a decisão, Lucas se “encontrava no estágio mais avançado do recrutamen­to”. O despacho ressalta que, até agora, “não foram encontrado­s elementos suficiente­s quanto ao envolvimen­to dos demais” citados.

DILIGÊNCIA EM ANDAMENTO

No entanto, a juíza ressaltou que há diligência­s já determinad­as no bojo do inquérito que ainda não foram finalizada­s, como a expedição de ofícios para as companhias aéreas e agências de turismo responsáve­is pela venda de passagens aos investigad­os.

A PF quer saber quem comprou os bilhetes e qual a forma de pagamento.

Para Raquel Vasconcelo­s Alves de Lima, os dados já apurados apontam para a possibilid­ade de novas diligência­s para angariar mais provas sobre o “envolvimen­to dos próprios recrutados e de outras pessoas citadas na reserva das passagens e nas informaçõe­s policiais”.

A magistrada observa, ainda, como Lucas teria mantido conversas com um outro investigad­o, “contando com seu conhecimen­to em informátic­a, para confecção de site ou aplicativo, havendo a possibilid­ade de participaç­ão também desse em atos preparatór­ios ao terrorismo”.

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Hezbollah é um grupo fundamenta­lista sediado no Líbano

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