Jornal do Commercio

Na Câmara, a expectativ­a é para as eleições nas comissões

Após três derrotas seguidas e a ascensão do seu líder maior, o presidente Lula, o PT, não conseguiu se articular para disputar a eleição deste ano

- TEREZINHA NUNES Do Blogdellas Especial para o JC

SOMENTE ELES?

Atualizand­o a saga de “Tatu” e “Deisinho” que há 18 dias “driblam” as forças federais, as policiais do Rio Grande do Norte e a pirotecnia montada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowsk­i, e notícia do sábado foi, da mesma forma, hilária. ‘Os fugitivos estão perdidos.’ As policias também!

BRIGA DE FOICE

Tanto nos partidos como na Casa Legislativ­a a briga é feia. A Câmara dos Deputados deve

- no sentido de possivelme­nte - eleger, na próxima semana, os comandos das 30 comissões temáticas e o Congresso Nacional deputados e senadores - referendar o comando da poderosíss­ima Comissão Mista do Orçamento (CMO). É na CMO e na Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) que as disputas são mais acirradas.

Pelas tradição, o PL - legenda que abriga o ex-presidente Jair Bolsonaro - ficaria com a CCJ. O Planalto não aceita. “Seria muito ruim para o governo ter alguém do PL comandando a CCJ”, avalia o líder do governo, José Guimarães (PTCE). Como é a maior legenda da Casa, o PL pode pleitear o comando de qualquer uma das comissões. São 99 deputados. O PT, a segunda legenda da Casa, tem 69 tomando por base a bancada eleita em 2022.

CAFÉ REQUENTADO

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o Palácio do Planalto, no governo do presidente Lula da Silva (PT), nunca tomaram um café gostoso, como só Minas produz.

Mas agora, o tempo - e somente o tempo esquentou. Porque o café continua frio. O governador Zema tem reclamado, inclusive junto ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que o presidente Lula não o recebe para apresentar as demandas de Minas.

Alexandre Padilha, ministro das Relações Exteriores, diz que “não é bem assim”. Segundo Padilha, quando o ministro esteve em Belo Horizonte, Zema se recusou a recebê-lo. “O café do governador de Minas tá esfriando, por isso, ele está tão descontrol­ado e perdendo a memória”, cutucou Padilha.

PRESO, ATRÁS DAS GRADES

Um dos articulado­res do Projeto de Lei que limita a saidinha de presos, o deputado Fernando Rodolfo (PL-PE), disse que chegou da hora da Câmara passar a limpo e “mudar o entendimen­to do Senado que autoriza a saída para que os presos possam estudar.”

O político considera “uma brecha que tem que acabar. Se o preso quer estudar, que estude dentro da cadeia, não lá fora”.

Esperando o momento para dar seu voto contra a saidinha de presos, Fernando Rodolfo é taxativo: “Cometeu crime? Tem que estar preso. É no sistema prisional que ele vai encarrar essa punição e não na rua, passeando”, resume.

PENSE NISSO!

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não quis cantar a música “Homem com H”, de Antônio Barbosa. “Como é que é”? perguntou Bolsonaro. Desistiu de cantar, mas o “imbrocháve­l” disse que nunca teve dúvida.

- Eu sou homem, né? Ninguém tem dúvida disso.

Essa inquietaçã­o do ex-presidente tem a ver com uma pergunta da Polícia Federal quando Bolsonaro prestou depoimento. O delegado quis saber se ele era cis. “Me perguntara­m se eu era cis, e eu não sabia o que era isso.”

Cisgênero ou simplesmen­te cis é uma definição de pessoas que se identifica­m com o gênero biológico.

“Eu sou homem com

H

E com H sou muito home’

Se você quer duvidar Olhe bem pelo meu nome.”

- Jair Messias Bolsonaro!

Pense nisso!

Nos últimos 22 anos, o PT governou o Recife por 3 vezes: oito anos com João Paulo prefeito e quatro com João da Costa. Por conta de desentendi­mentos internos, acabou perdendo a liderança da esquerda na capital dando lugar ao PSB que, usando a mão forte do então governador Eduardo Campos, conquistou, com o então desconheci­do Geraldo Júlio, o poder municipal em 2012, disposto a não mais sair. O que restou ao PT nesse período? Em 2012 ficou em terceiro lugar com o agora senador Humberto Costa como candidato; em 2016 ficou em segundo com João Paulo na disputa; e, em 2020, os petistas lançaram Marília Arraes, igualmente derrotada pelo agora prefeito e seu primo legítimo, João Campos.

Após três derrotas seguidas e a ascensão do seu líder maior, o presidente Lula, o PT, não conseguiu se articular para disputar a eleição deste ano, ensaiou um enfretamen­to com o prefeito João Campos e acabou desistindo de candidato próprio em troca de duas secretaria­s da PCR. Em outubro, portanto, após 12 anos em que lutou com desenvoltu­ra pela volta ao poder na capital, nenhuma liderança petista vai ter seu nome nas urnas que definirão quem vai governar o Recife até 2028.

Mas o pior ainda pode estar por vir: o prefeito João Campos, candidato à reeleição, ainda não garantiu aos petistas a vaga de vice por eles almejada, apesar da pressão exercida até pela presidente nacional da legenda, a deputada federal Gleisi Hoffmann. Assessores do prefeito garantem que ele deseja ter alguém do próprio PSB na vaga de vice de forma que deixe em aberto a possibilid­ade de, em 2026, caso deseje ser candidato a governador, entregue o município a alguém de sua estrita confiança.

O PT não tem a confiança de João Campos? Até as paredes do Palácio Capibaribe sabem que não. E por que? Respostas não faltam, pois, assim como a recíproca é verdadeira, petistas e socialista­s nunca foram de trocar gentilezas. A única figura que os une é o presidente Lula por conta do poder que tem em seu estado para garantir ou tirar votos. Portanto, em se tratando de uma eleição como a atual em que Lula não está disputando, “a briga é de foice entre os dois partidos” como resumiu esta semana um deputado estadual acostumado a acompanhar o embate entre as duas legendas. Desde a época em que o PT unia-se ao sindicalis­mo no segundo Governo

Arraes bradando na frente do Palácio – “Arraes, caduco, Pinochet de Pernambuco”que as coisas nunca mais foram as mesmas.

Foi o presidente Lula que juntou as duas legendas em seu primeiro mandato em 2002 nomeando Humberto Costa ministro da saúde e Eduardo Campos ministro da Ciência e Tecnologia. Não durou muito, porém, e em 2006 Humberto e Eduardo se candidatar­am a governador numa eleição em que Mendonça Filho foi o mais votado no primeiro turno mas perdeu para Eduardo no segundo turno quando o PSB e o PT, com a presença de Lula, voltaram a se juntar. Se no caso do estado PSB e PT nunca foram grandes amigos, no Recife, como está exposto acima, menos ainda.

E se tudo acontecer como o previsto, com João Campos plantado em enormes intenções de votos, dá-se como certo que ele pode, como se comenta, dar um by pass no PT e não garantir sua vice, deixando em aberto sua posição para 2026. E o PT vai aceitar? “Nào tenho dúvida disso” – afirmou a este blog uma importante liderança petista do Recife, explicando que o partido “perdeu o timing, demorou a se articular e não há mais como ensaiar rompimento”.

O PT precisa da vice, como deixou claro o senador Humberto Costa, para que em 2026 tenha candidato ao governo. O jogo é simples. O PT sabe que, se tiver um vice puro sangue, João pode sair da PCR para ser candidato a governador em 2026 e lançar a chapa que desejar inclusive de senador – naquele ano Humberto termina seu mandato e pode se candidatar à reeleição – sem dar bolas aos petistas. Já se o vice for do PT, caso o prefeito se desincompa­tibilize, os petistas ficarão com o comando do Recife e, portanto, com força para influir na eleição.

O jogo está sendo jogado e, mesmo em terreno tão incerto, o PT ainda não se entendeu sobre o nome que vai indicar para a vice de João. Um grupo defende o médico Mozart Neves e outro o deputado federal Carlos Veras. E, para complicar, intrigante­s dos dois lados passaram a fazer chegar à imprensa esta semana a informação de que Humberto pode ser o candidato a vice, lançado como Tertius. O senador respondeu de forma veemente em entrevista esta quarta-feira: “estão querendo encurtar meu mandato de senador. Nunca pensei nisso”. Durante o dia choveram telefonema­s em seu gabinete em Brasília em busca de esclarecim­entos.

“Perua” ou não, a lembrança do nome de Humberto, um senador com mais três anos de mandato pela frente, é, no mínimo, um sintoma de desespero e de fraqueza. E ,aí sim, uma tentativa de colocar desde já um entrave a um prefeito que ,se quiser, tem todo direito de ser candidato em 2026. Vai caber à população resolver essa situação e não um acordo entre legendas.

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O governador do estado de Minas Gerais, Romeu Zema
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DIVULGAÇÃO Prefeito de Recife, João Campo (PSB), ao lado do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

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