“Mata o pai dele, mata a mãe dele e quem tiver mais da família”
“É DENTE POR DENTE”
Os diálogos entre os policiais seguem:
Para o serviço de inteligência, os policiais estão se referindo à companheira de Amerson Juliano da Silva, irmão de Alex. A mulher teria sido torturada pelos militares como forma de pressionar parentes do suspeito.
Pouco depois, Amerson e outros dois irmãos de Alex, Ágata Ayanne da Silva e Apuynã Lucas da Silva foram executados a tiros. Ágata chegou a transmitir ao vivo, por meio do Instagram, o crime. Ela e Amerson morreram na hora. Apuynã faleceu após ser socorrido e encaminhado para o Hospital da Restauração, no Recife.
Os 12 PMS viraram réus justamente por esses três assassinatos.
COMEMORAÇÃO APÓS CRIMES
Outro áudio, atribuído à soldado Leilane Barbosa Albuquerque, diz: “Zerou, acabou, zerou, foi eu que mandei a foto para o senhor”.
Para o serviço de inteligência, a mensagem significa que os crimes já teriam sido executados e que os policiais estariam voltando do local.
Em outro diálogo, conforme aponta o serviço de inteligência, o soldado Emanuel de Souza Rocha Júnior demonstra tranquilidade após a sequência de assassinatos.
O serviço de inteligência traduziu o sentimento do PM. “Demonstra tranquilidade por acreditar que não haverá repercussão criminal. Afirma que tinha muitos coronéis junto na situação, além disso teriam apoio popular e até no DHPP.”
“SERVIÇO FOI BEM FEITO”
No diálogo entre os soldados, a comemoração continuou.
Para o serviço de inteligência, o soldado Rocha Júnior sugeriu, em áudio, uma comemoração com a soldado Leiane “em referência às mortes ocorridas”.
OS RÉUS NO PRIMEIRO PROCESSO
Além dos dois tenentes-coronéis citados na reportagem, também viraram réus por suposta participação nesses crimes:
• João Thiago Aureliano Pedrosa Soares, 1º tenente;
• Paulo Henrique Ferreira Dias, soldado;
• Leilane Barbosa Albuquerque, soldado;
• Emanuel de Souza Rocha Júnior, soldado;
• Dorival Alves Cabral Filho, cabo;
• Fábio Júnior de Oliveira Borba, cabo;
• Diego Galdino Gomes, soldado;
• Janecleia Izabel Barbosa da Silva, cabo;
• Eduardo de Araújo Silva, 2º sargento;
• Cesar Augusto da Silva Roseno, 3º sargento.
Cinco desses policiais estão presos preventivamente: Paulo Henrique, Dorival Alves, Leilane Barbosa, Emanuel e Fábio Júnior. Os outros foram afastados dos cargos que ocupavam na época do crime, mas seguem trabalhando na PM.
As defesas dos réus ainda não se pronunciaram sobre a denúncia do MPPE.
INVESTIGAÇÕES AINDA EM ANDAMENTO
Após esclarecerem os assassinados dos três irmãos de Alex, o MPPE e a Polícia Civil seguem investigando o caso para identificar os autores dos outros crimes.
Por volta das 9h de 15 de setembro, os corpos da mãe de Alex, Maria José Pereira da Silva, e da esposa dele, Maria Nathalia Campelo do Nascimento, 27, foram achados num canavial na cidade de Paudalho, Mata Norte do Estado.
Duas horas depois, Alex foi morto em Tabatinga. A PM alegou que houve uma abordagem e que ele teria reagido, resultando na troca de tiros.
A Polícia Civil e o MPPE também precisam esclarecer como foi a dinâmica das mortes dos dois PMS. Havia uma suspeita de que Alex poderia ter contado com ajuda de outra pessoa. Na ocasião, ele teria feito Ana Letícia Carias da Silva, de 19 anos, de escudo humano. A mulher foi baleada e morreu, semanas depois, no Imip.
Não há prazo para conclusão das investigações e para o envio de novas denúncias à Justiça.