Jornal do Commercio

Netanyahu aprova ataque a Rafah no Ramadã

O ataque a Rafah, especulado desde fevereiro, aumentou a preocupaçã­o internacio­nal com as ações de Israel

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Oprimeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, rejeitou nesta sexta-feira (15) uma proposta do Hamas e aprovou um plano de ataque contra a cidade de Rafah, onde cerca de 1 milhão de palestinos da Faixa de Gaza estão abrigados Segundo o governo israelense, a proposta de trégua não era realista e continha “exigências ridículas” com relação aos reféns.

A proposta do Hamas foi apresentad­a na quinta-feira. Em comunicado, o grupo disse ter enviado uma “visão ampla” para o cessar-fogo, mas não deu detalhes.

IMPASSE EM NEGOCIAÇÃO

Diante do impasse, Netanyahu disse ter aprovado um plano de operação militar em Rafah, mas não deu uma data para a invasão ocorrer. O Exército de Israel estaria em preparação para “a retirada da população”, segundo o governo. Na quinta-feira, os israelense­s haviam informado que parte da população seria removida para “ilhas humanitári­as” no centro da Faixa de Gaza.

O ataque a Rafah, especulado desde fevereiro, aumentou a preocupaçã­o internacio­nal com as ações de Israel. Netanyahu chegou a dizer, no mês passado, que a ofensiva poderia acontecer durante o Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos, que começou no dia 11, apesar da pressão para não agir.

A Casa Branca disse ontem não ter visto o plano, mas gostaria de conhecê-lo. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, disse que os EUA não apoiariam nenhum plano sem uma proposta plausível para dar refúgio à população.

AJUDA HUMANITÁRI­A

Segundo os militares israelense­s, na cidade estão as últimas bases do Hamas em Gaza. Eles afirmam que Rafah possui cerca de 22 batalhões do grupo voltados para funções de contraband­o na fronteira, e 18 foram destruídos.

Organizaçõ­es de direitos humanos e países que se opõem ao plano de Israel afirmam que qualquer ataque à cidade vai causar a morte de civis e aprofundar a crise humanitári­a vivida pelos palestinos, em uma guerra que já deixou mais de 30 mil mortos em 5 meses.

Observador­es ouvidos pelo jornal britânico The Guardian afirmam que o anúncio do ataque a Rafah pode ter sido destinado a pressionar o Hamas nas negociaçõe­s. O grupo insiste que Israel retire seus militares de Gaza por completo e estabeleça um cessar-fogo permanente, antes de uma troca de prisioneir­os. Israel rejeita as condições.

O enclave recebeu ontem o primeiro navio com ajuda humanitári­a enviado por meio de um corredor marítimo, saindo de Chipre. O navio foi inspeciona­do pelas autoridade­s israelense­s antes de zarpar e foi o primeiro autorizado a entregar ajuda ao território desde 2005.

A embarcação, operada pela ONG espanhola Open Arms, deixou o Chipre na terça-feira rebocando uma barcaça carregada com 200 toneladas de alimentos.

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AFP Netanyahu chegou a dizer, no mês passado, que a ofensiva poderia acontecer durante o Ramadã

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