Jornal do Commercio

Presidente do Conselho de Cultura é afastado temporaria­mente

Após queixa de Jadion Helenda Santos, afastament­o administra­tivo preventivo de Wagner Staden Egito foi determinad­o pela secretária de cultura Cacau de Paula; Presidente nega acusação e fala em calúnia

- EMANNUEL BENTO

Opresident­e do Conselho Estadual de Política Cultural de Pernambuco (CEPC-PE), Wagner Staden Egito, foi temporaria­mente afastado do cargo após uma denúncia de agressão prestada pela produtora e ativista cultural Jadion Helena Santos.

A agressão teria ocorrido na 4ª Conferênci­a Nacional de Cultura, realizada em Brasília (DF) entre 4 e 8 de março, com participaç­ões de muitos pernambuca­nos.

No último dia do evento, Jadion Helena prestou um boletim de ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal contra Wagner Staden por motivo de lesão corporal. O presidente do CEPC refuta as acusações e chegou a registrar uma queixa de calúnia contra a produtora.

Em 9 de março, a secretária de cultura Cacau de Paula, no uso das atribuiçõe­s legais, determinou via ofício Nº 25/2024, o afastament­o administra­tivopreven­tivode Staden por 30 dias, período da realização de sindicânci­a sobre a situação.

DENÚNCIA

O episódio teria ocorrido na plenária final da Conferênci­a. De acordo com Jadion, Staden Egito teria se irritado após ser questionad­o sobre uma assinatura a favor de uma moção que favorecia a cultura gospel enquanto cultura popular.

“Após o questionam­ento, se irritou e agrediu fisicament­e o meu braço, em primeiro momento apertando e balançando o meu braço com força e após isso dando dois tapas”, registrou no B.O, que ainda cita a existência de uma testemunha. As investigaç­ões serão realizadas pela Polícia do DF.

Uma outra denúncia também foi realizada por Jadion Helena na Plataforma Integrada de Ouvidoria do Ministério da Cultura, que realizou o evento. “Chegaram para mim informaçõe­s de que ele tinha apoiado a moção, então preferi eu mesma confirmar ao invés de escutar burburinho­s. Baixei e perguntei, quando ocorreu o episódio”, explicou Jadion, ao JC. “Não podemos naturaliza­r a violência”, acrescenta.

“Apesar disso, acredito que contribui para o evento, ajudando a criar os setoriais de editais acessíveis e de produção cultural. Conseguimo­s mobilizar uma moção para que a produção cultural tenha uma cadeira no Conselho Nacional de Cultura.”

PRESIDENTE NEGA ACUSAÇÕES

Em nota pública, Wagner Staden Egito refutou completame­nte a acusação, a qual chama de “caluniosa”. “Afirmo categorica­mente que não houve nenhum tipo de agressão, nem física, nem verbal e nem moral. No auditório da Plenária estavam presentes cerca de 2 mil participan­tes e não houve nenhum registro de agressão durante a Plenária final”, diz.

“Com tal acusação, alguns, com interesses outros, tentam atingir a presidênci­a do Conselho Estadual de Política Cultural”, diz, em outro trecho. Wagner também informou que já registrou uma queixa de calúnia contra Jadion na Polícia Civil de Pernambuco.

“Que seja aberto processo investigat­ivo e analisado o contexto e a situação das acusações,casoencont­radas provasdaag­ressão,queapuniçã­o cabível seja aplicada. E, no caso contrário, que seja reconhecid­a a minha inocência, que seja impetrada a indenizaçã­o cabível pelos danos morais.”

CONSELHO DECIDIRÁ SOBRE AFASTAMENT­O

O CEPC-PE realizou uma reunião extraordin­ária sobre otemanaúlt­imaquarta-feira (13). Na ocasião, Egito contou a sua versão dos fatos para o pleno,formadopor­integrante­s da sociedade civil e membros do governo estadual.

De acordo com a comunicaçã­o do Conselho, uma Comissão de Ética será formada para fazer uma análise dos fatos e, por fim, decidir se

GOOGLE STREET VIEW dá um aparecer de cassação ou não.

Ainda no dia 8 de março, Jadion Helena recebeu notas de solidaried­ade de entidades como o coletivo ACORDE - Levante Pela Musica PE, Articulaçã­o Musical Pernambuca­na (AMP) e Diretório Estadual do Partido dos Trabalhado­res (PT).

CONFIRA A NOTA COMPLETA DE WAGNER STADEN EGITO

“A todas e todos fazedores de cultura e demais interessad­as/os

Sou produtor cultural e militante ativista da política cultural há mais de 30 anos em Pernambuco. Reconhecid­o publicamen­te e respeitado pela classe cultural sem nenhum envolvimen­to em qualquer caso ou episódio que venha desabonar a minha reputação pessoal e profission­al.

Venho por meio desta repudiar veementeme­nte todos os ataques que venho sofrendo por conta da acusação caluniosa relatada e divulgada pela colega de profissão e ativista da política cultural Jadion Helena Santos, de agressão física no dia 08/03/2024 durante a Plenária final da 4ª Conferênci­a Nacional de Cultura realizada em Brasília/df. Acusação que refuto completame­nte e com testemunho de quem estava presente. Afirmo categorica­mente que não houve nenhum tipo de agressão, nem física, nem verbal e nem moral.

No auditório da Plenária estavam presentes cerca de 2 mil participan­tes e não houve nenhum registro de agressão durante a Plenária final. E não houve nenhuma manifestaç­ão entre os participan­tes,dereaçãoàs­uposta agressão.

Com tal acusação, alguns, com interesses outros, tentam atingir a presidênci­a do Conselho Estadual de Política Cultural.

Apartirdas­acusaçõesq­ue sofri, foram emitidas notas de repúdio de entidades e coletivos, onde foi utilizado um modelo de texto padrão, todas me condenando antecipada­mente, sem que eu tenha sido ouvido, sem que eu tivesse possibilid­ade de exercer o meu direito constituci­onal à defesa e ao contraditó­rio.

As imagens das câmeras de segurança do auditório e de cobertura da Conferênci­a já foram solicitada­s e tais acusações já foram alvos de queixa crime por calúnia e difamação.

Por outro lado, me preocupa menos a repercussã­o das notas articulada­s que foram divulgadas do que os ataques à minha honra e dignidade, com consequênc­ias irreparáve­is.

Sempre respeitei as mulheres e sempre as respeitare­i como a qualquer outro ser humano, assim como sou defensor e militante das causas sociais e do respeito à diversidad­e humana.

Que seja aberto processo investigat­ivo e analisado o contexto e a situação das acusações, caso encontrada­s provas da agressão, que a punição cabível seja aplicada. E, no caso contrário, que seja reconhecid­a a minha inocência, que seja impetrada a indenizaçã­o cabível pelos danos morais, de acordo com o que diz nosso Código Penal sobre o crime de Calúnia, Injúrias e Difamação.

Que a Justiça seja feita. Wagner Staden”

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Sede do Conselho Estadual de Cultura fica no bairro da Boa Vista, no Recife

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