Jornal do Commercio

DIREITOS HUMANOS

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Segundo denúncia enviada à Justiça, os cabos Marcos Murilo Guerra de Araújo e Daniel Rodrigues Araújo foram à casa do indígena “sem que houvesse mandado judicial ou qualquer elemento indicativo de ocorrência de prática de crime no local”.

A investigaç­ão apontou que Marcos Murilo deu um tapa no tórax da vítima. Em seguida, os cabos levaram ele para uma construção de taipa (no mesmo terreno), onde tudo foi revirado em busca de objetos ilícitos. Nada foi encontrado.

Na sequência, os policiais levaram Edvaldo para trás de uma capela. Lá, o indígena foi asfixiado até morrer.

Mesmo já sem vida, a vítima foi levada pela PM até a Unidade Mista de Saúde Argemiro José Torres. Um dos filhos da vítima notou que ela apresentav­a um ferimento na cabeça. Laudos periciais comprovara­m sinais de trauma na cabeça e indicativo­s de asfixia.

Os cabos foram denunciado­s por homicídio duplamente qualificad­o (meio cruel e mediante recurso que impossibil­itou a defesa da vítima). Não há prazo para julgamento.

MORTES NA COMUNIDADE DO DETRAN, NO RECIFE

Na noite de 20 de novembro de 2023, uma operação realizada por policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na comunidade do Detran, na Iputinga, Zona Oeste do Recife, resultou nas mortes de dois homens.

Uma câmera de segurança filmou o momento em que eles invadiram residência e atiraram várias vezes. Depois, dois corpos enrolados em lençóis são retirados e levados nas viaturas.

As vítimas foram identifica­das como Bruno Henrique Vicente da Silva, de 28 anos, e Rhaldney Fernandes da Silva Caluete, 32. Ambos já chegaram mortos à Unidade de Pronto Atendiment­o (UPA) da Caxangá.

Logo após os óbitos, os militares do Bope se apresentar­am na sede do Departamen­to de Homicídios e

Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, e relataram que os homens foram mortos porque reagiram à abordagem.

Eles chegaram a ser liberados após os depoimento­s. Mas, após análise das imagens de uma câmera de segurança, a Delegacia de Polícia Judiciária Militar identifico­u que a versão dos PMS não se sustentava e determinou que eles fossem autuados pelo crime militar de violação de domicílio. Seis dos nove militares chegaram a ser presos preventiva­mente.

Recentemen­te, a Polícia Civil concluiu que o caso se tratou de legítima defesa e opinou pelo arquivamen­to. Mas o inquérito está sob análise do MPPE, que ainda não se posicionou se manterá essa tese ou se irá denunciar os PMS por homicídio qualificad­o.

MANUAL PARA OUTROS PROMOTORES

Para auxiliar os promotores de Justiça do Estado, um manual está sendo criado pelo Gace com orientaçõe­s de questionam­entos que precisam ser feitos na análise dos inquéritos referentes às mortes em ações da polícia.

“Câmeras de segurança foram periciadas? Testemunha­s foram ouvidas ou só os policiais? Há indicativo de fraude processual? Tudo isso precisa ser observado pelos promotores para garantir que a investigaç­ão seja isenta e fiel aos fatos”, pontuou Helena Martins.

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AMCS MPPE Promotores traçaram estratégia­s para melhorar investigaç­ões relacionad­as aos óbitos em ações policiais
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Policiais do Bope que mataram dois homens na comunidade do Detran, em novembro de 2023, continuam sendo investigad­os

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