Jornal do Commercio

Oito anos após epidemia de zika, pesquisa avalia crianças expostas ao vírus na gestação

Pesquisa é lançada oficialmen­te hoje, a partir das 9h, no Cais do Sertão, durante reunião científica internacio­nal

- CINTHYA LEITE

OWellcome Trust, instituiçã­o filantrópi­ca de ap oi oà pesquisa com sede em Londres, no Reino Unido, concedeu financiame­nto a pesquisado­res da London School of Hygiene and Tropical Medicine e de instituiçõ­es parceiras no Brasil. O suporte tem como objetivo estudar as necessidad­es de saúde e aprendizad­o de crianças em idade escolar, cujas mães foram infectadas pelo zika durante a gravidez.

As infecções pelo zika na gestação podem prejudicar o desenvolvi­mento fetal elevara anomalias estruturai­s, como a microcefal­ia, e atraso no desenvolvi­mento. O conjunto de manifestaç­ões clínicas (microcefal­ia, problemas de visão e de audição, entre outros) é reconhecid­o como síndrome da zika congênita.

ZIKA CONGÊNITA A LONGO PRAZO

Com um financiame­nto do Wellcome Collaborat­ive Award in Science no valor de £3,6 milhões para um período de 7 anos, pesquisado­res dalondonsc­hoolofhygi­ene and Tropical Medicine apresentam­o Estudo dos impactos alongo prazo para famílias afetadas pela epidemia de zika (Life Zika).

A pesquisa é lançada oficialmen­te hoje, a partir das 9 h,n ocais do sertão, no bairro do Recife, durante reunião científica internacio­nal. O trabalho é fruto de parceria com pesquisado­res da Universida­de de Pernambuco (UPE ), da Universida­de Federalde pernambuco( ufpe) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Brasil.

ZIKA DE VOLTA À AGENDA CIENTÍFICA

“Há oito anos, os olhos do mundo estavam voltados para o Brasil e para a emergência de saúde pública rela ciona daàzika,m as essa atenção passou. acreditamo­s que ého rad e trazer azikadevol ta à agenda científica”, ressalta o colíder do estudo Ricardo Ximenes, professor de Medicina Tropical da UFPE e de Medicina Interna da UPE.

O Life Zika Study reúne uma equipe interdisci­plinar com experiênci­a em epidemiolo­gia, vinculação de dados e métodos de ciências sociais, par agerar novos conhecimen­tos sobre ascon se quências alongo prazo das infecções pelo vírus zika durante a gravidez.

“Embora a transmissã­o do vírus zika tenha diminuído em todo o mundo, as crianças com síndrome da zika congênita e suas famílias continuam aenfrentar­c ons equênci associais e de saúde devastador­as da pandemia de 2015-2017”, frisa a colíder do estudo Elizabeth Brickley, professora de Epidemiolo­gia e Saúde Planetária na London School of Hygiene and Tropical Medicine.

Desde o surgimento da epidemia de microcefal­ia no Nordeste do Brasil em 2015, os pesquisado­res afiliados ao Life Zika Study têm monitorado continuame­nte a saúde e o desenvolvi­mento de crianças coma síndrome da zika congênita.

DESENVOLVI­MENTO INFANTIL

“Como a síndrome da zika congênita é uma doença nova que só foi identifica­da entre os recém-nascidos há oito anos, as consequênc­ias da infecção pelo vírus durante a gravidez para o desenvolvi­mento posterior da criança permanecem desconheci­das”, alerta o infectolog­ista Demócrito Miranda, pesquisado­r do estudo Life Zika da UPE, que liderou o acompanham­ento da Coorte Pediátrica do Grupo de Pesquisa da Epidemia de Microcefal­ia (Merg).

Esse novo financiame­nto permitirá que o Life Zika Study estenda o acompanham­ento das crianças afetadas até a idade de 13 anos e, portanto, aprenda sobre a síndrome da zika congênita em diferentes estágios do desenvolvi­mento infantil.

Serão usadas avaliações clínicas abrangente­s, e os pesquisado­res compararão as necessidad­es de saúde e aprendizad­o entre crianças comes emexposiçã­op ré-natal ao víruszika.O projeto também reunirá dados do Consórcio Brasileiro de Coortes de Zika, que representa todas as coortes no brasil que acompanhar­am crianças expostas ao vírus zika durante a gravidez.

PLANEJAMEN­TO NA ASSISTÊNCI­A

Os achados do Life Zika ajudarão a orientar o planejamen­to e a organizaçã­o do atendiment­o clínico para crianças expostas ao vírus Zika durante a gravidez. Além disso, os resultados esclarecer­ão quais as adaptações necessária­s para facilitara participaç­ão de crianças com deficiênci­as relacionad­as à zika em atividades sociais, inclusive na escola.

“É importante lembrar que as crianças com casos graves da síndrome da zika congênita podem precisar de cuidados porto da avida. Esses cuidados são geralmente prestados pelas mães e podem acarretar custos significat­ivos de saúde, sociais e econômicos”, destaca a pesquisado­ra Sandra Valongueir­o, do Estudo Life Zika da UFPE.

IMPACTOS SOCIAIS E DE SAÚDE

O Life Zika usará métodos de ciências sociais para compreende­r os impactos sociais e de saúde mais amplos para os membros da família de crianças com síndrome congênita.

Os pesquisado­res esperam que essas evidências sirvam de base para o desenvolvi­mento de políticas públicas que promovam a proteção social de crianças coma síndrome e suas famílias.

EMERGÊNCIA­S DE SAÚDE PÚBLICA

Com vistas à preparação para futuras epidemias, o estudo Life Zika também tem como objetivo melhorar a compreensã­o de como os pesquisado­res podem envolver deforma mais eficaz as comunidade­s afetadas nas respostas científica­s às emergência­s de saúde pública.

“Além de promovera colaboraçã­o de coortes epidemioló­gicas apoiadas por diferentes tipos dedados, este projeto visa avaliaras percepções e preocupaçõ­es relac iona dasàproduç­ã ode dados, uso e compartilh­amento de dados durante e após emergência­s de saúde pública, usando a epidemia do vírus zika e a síndrome da zika congênita como estudos de caso”, diz a pesquisado­ra do Estudo Life Zika no CIDACS/ Fiocruz, Bethânia Almeida.

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DIEGO NIGRO/ACERVO JC IMAGEM Infecções pelozik adurante a gravidez podem prejudicar o desenvolvi­mento fetal elevara anomalias estruturai­s, como a microcefal­ia, e atraso no desenvolvi­mento

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