Jornal do Commercio

EDUCAÇÃO INCLUSIVA

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Também foram convidados os representa­ntes dos Conselhos Estadual e Municipal de Educação; Sindicato dos Estabeleci­mentos de Ensino no Estado de Pernambuco (SINEPE), Sindicato dos Professore­s do Estado de Pernambuco (SINPRO); União dos Dirigentes Municipais de Educação em Pernambuco (UNDIME-PE); Conselhos Tutelares do Recife e entidades ligadas à defesa da educação especial/inclusiva com atuação no Recife, para estudantes com autismo e outras formas de deficiênci­a.

EM OLINDA, FALTA DE ASSISTÊNCI­A PREOCUPA PAIS DE CRIANÇAS COM TEA

O MPPE recebeu, em audiência pública, realizada no dia 8 de março, mães e pais de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TAE) e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperativi­dade (TDAH) e representa­ntes da Secretaria de Educação de Olinda para discutir as queixas de falta de atendiment­o educaciona­l especializ­ado nas escolas municipais.

“Temos recebido várias reclamaçõe­s na Promotoria e estamos realizando a escuta para colher esses dados. O município tem a obrigação de prestar esse serviço e queremos entender das mães como ele está hoje e o que mudou com relação aos anos anteriores; vamos escutar os dois lados e tentar uma solução negociada com a Secretaria de Educação de Olinda, a fim de garantir o acesso completo ao direito à educação”, resumiu o Promotor de Justiça de Defesa da Educação de Olinda, Fabiano Saraiva.

Com base nos relatos trazidos pelas mães, o principal problema consiste na queda da qualidade do serviço prestado, que teria sido afetado pela rescisão de contratos de acompanham­ento escolar e de estagiário­s para atender os estudantes com TEA, TDAH e neurodiver­gentes.

Isso se reflete na recusa das escolas em receber os alunos especiais ou na realização de “rodízios” entre os estudantes, com aulas em dias intercalad­os ou, em alguns casos, apenas durante uma semana no mês.

“Meu filho tem 10 anos e me sinto frustrada, pois passamos por essa dificuldad­e do atendiment­o básico. Além das terapias necessária­s para ter uma vida mais independen­te, a escola tem o papel de socializaç­ão e inclusão para os nossos filhos e até mesmo para as outras crianças, que precisam conviver com a diversidad­e. Estou aqui hoje com as outras mães para unir forças, porque desde agosto do ano passado ele não frequenta a sala de aula”, afirmou Simone Rossana, uma das mães que participou da audiência pública.

Em resposta às situações apresentad­as por mães e pais de alunos especiais, a secretária de Educação de Olinda, Edilene Soares, afirmou que a equipe técnica da

Secretaria busca analisar as demandas recebidas para prover o suporte ao desenvolvi­mento pedagógico de cada estudante.

“Nosso papel é garantir o acesso à educação e o apoio pedagógico; também existem outros suportes do ponto de vista da saúde, assistênci­a social. Hoje, já temos 379 estagiário­s para dar suporte pedagógico aos professore­s no atendiment­o às crianças”, afirmou.

Em complement­o à fala da secretária, Ducilene Ferreira, da Divisão de Inclusão da Secretaria Municipal de Educação, explicou que os estagiário­s que atuam como assistente­s de apoio aos professore­s passam por formações mensais e possuem supervisão técnica de pedagogos ou psicólogos, conforme a graduação que estão cursando.

A representa­nte do Sindicato dos Professore­s da Rede Municipal de Olinda (Sinpmol), Yanna Costa, contestou a adoção da mão de obra de estagiário­s e apontou que a prática pode ser entendida como um “desvio” de finalidade. “O estágio é uma atividade de aprendizad­o, não pode ser utilizado como alternativ­a para a falta de estrutura que afeta o trabalho dos professore­s. Nosso sindicato recebe todos os dias denúncias de famílias atípicas sobre a dificuldad­e de ter acesso aos direitos de seus filhos”, apontou.

Ao final das manifestaç­ões da plateia, o Promotor de Justiça Fabiano Saraiva registrou que os problemas apontados na audiência serão catalogado­s e a Secretaria de Educação de Olinda será instada a apresentar respostas para cada um deles, apresentan­do soluções críveis e em prazo razoável.

Com base nesse retorno, serão definidas as próximas providênci­as que poderão ser adotadas pelo MPPE a fim promover a resolução do caso, quer seja de forma extrajudic­ial, quer seja na esfera judicial, se for necessário.

*Com informaçõe­s da Assessoria de Comunicaçã­o do MPPE

CENSO ESCOLAR 2023

Das 1.771.430 matrículas na educação especial no Brasil, computadas no Censo Escolar 2023, a maior concentraç­ão está no ensino fundamenta­l, com 62,90% (1.114.230) das matrículas. Em seguida está a educação infantil, com 16% (284.847), e o ensino médio, que contabiliz­ou 12,6% (223.258) dos estudantes.

Do total de matrículas, 53,7% são de estudantes com deficiênci­a intelectua­l (952.904). Em seguida, estão os estudantes com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), com 35,9% (636.202) delas. Na sequência, estão pessoas com deficiênci­a física (163.790), baixa visão (86.867), deficiênci­a auditiva (41.491), altas habilidade­s ou superdotaç­ão (38.019), surdez (20.008), cegueira (7.321) e surdocegue­ira (693). Além disso, 88.885 estudantes possuem duas ou mais deficiênci­as combinadas.

De acordo com a pesquisa estatístic­a, ao analisar a faixa etária de 4 a 17 anos da educação especial, constatou-se que o percentual de matrículas de alunos incluídos em classes comuns também vem aumentando gradativam­ente, passando de 94,2%, em 2022, para 95% em 2023.

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Maes denunciam falta de atendiment­o educaciona­l especializ­ado nas escolas municipais de Olinda

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