Jornal do Commercio

Investigaç­ões apuram sumiço de imagens de câmeras corporais da PM

Aumento das queixas de violência policial em Paulista, no Grande Recife, fizeram o Ministério Público solicitar os registros das bodycams. Mas a corporação informou que não têm as gravações

- RAPHAEL GUERRA

Com tecnologia obsoleta - sem envio de imagens em tempo real - as câmeras corporais (bodyca ms) começara maser usadas pela polícia militar de Pernambuco há cerca de seis meses coma promessa de traz e contribuir para as investigaç­ões de denúncias de violência. Mas, na prática, os poucos equipament­os adquiridos pelo governo doestado estão sendo mal utilizados e, agora, estão na mira do Ministério Público de Pernambuco (MPPE).

Com o aumento das denúncias de violência policial no município de Paulista, no Grande Recife, onde atuam os policiais militares do 17º Batalhão( únicos a utilizarem as bodycams no Estado), a 1ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da cidade solicitou os arquivos das imagens gravadas pelas câmeras corporais do efetivo. mas teve como respos taque não há das operações policiais-oque,obviamente, prejudica as investigaç­ões de possíveis excessos praticados pelos militares.

Apesar de resultados positivos nos estados brasileiro­s em que foram adotadas e do investimen­to quase milionário em Pernambuco, a Secretaria de Defesa Social (SDS) sempre tratou as bodycams de forma muito obscura. nunca houve porta-voz para esclarecer como os equipament­os funcionam no Estado, nem imagens foram apresentad­as para garantir que estavam em pleno funcioname­nto.

Além disso, nem todas as câmeras adquiridas estão sendo usadas.

Procurada pelojc,a assessoria domppeconf ir mouque “não foram dadas explicaçõe­s sobre a falta de registro das bodycams”. Disse ainda que, pelas normativas até então existentes na corporação, “não existe punição para o policial que deixa de registrar (as imagens)”.

PROCEDIMEN­TOS DISCIPLINA­RES

Por meio de nota ao JC,A Polícia Militar de Pernambuco afirmou que “quando as imagens requisitad­as não são localizada­s, uma apuração administra­tiva é aberta”.

A corporação alegou que duas investigaç­ões estão em curso.

“Até o presente momento, estão em andamento dois PADS (Processo Administra­tivo Disciplina­r Sumário), por imagens solicitada­s pela Justiça não terem sido gravadas pelo equipament­o por alguma intercorrê­ncia”, informou.

Por fim, a PM confirmou que, das 187 bodycams compradas pelo governo do Estado, apenas 142 estão em pleno uso .“todas as imagens gravadas são armazenada­s por 30 dias, em equipament­o adequado (Dock station) na sede do17°bp me, no sistema da ATI (Agência Estadual de Tecnologia da Informação) por no mínimo 120 dias.”

Ainda em projeto-piloto, as bodycams também foram utilizadas durante o Carnaval, no Bairro do Recife e no Sítio Histórico de Olinda. Em coletiva, após os dias oficiais de folia, o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, argumentou que os equipament­os funcionara­m normalment­e eque as imagens seriam preservada­s para futura análise em caso de eventuais denúncias de violência policial.

CORREGEDOR­IA APURA VIOLÊNCIA POLICIAL

Com relação às investigaç­ões na área de Paulista, atualmente nove casos estão sendo apurados pela Corregedor­ia Geral da SDS envolvendo denúncias de possíveis abusos de autoridade em abordagens policiais e/ ou casos de lesão corporal.

MPPE FEZ RECOMENDAÇ­ÕES À POLÍCIA CIVIL

Diante das falhas descoberta­s, o MPPE recomendou aos delegados que atuam no município de Paulista que adotem, de imediato, as medidas necessária­s para encaminhar adolescent­es investigad­os como autores de ato infraciona­l ao Instituto de Medicina Legal (IML), afim de serem submetidos a exame de corpo de delito.

“Tal providênci­a deve ser adotada mesmo nos casos de pronta liberação, em especial quando o adolescent­e relatar ter sofrido violência policial ”, informou o MPPE.

De acordo coma Promotor ade Justiça Rafaela Vaz, o cresciment­o das notícias de violênciap­r aticadas porp ms 17 º Batalhão ocorreu especialme­nte entre adolescent­es que teriam sido apreendido­s e ouvidos de forma informal.

“Como foram colhidos elemento sindicando que não há o encaminham­ento dos adolescent­es para o exame de cor pode delito, a recomendaç­ão almeja assegurara realização dos exames, de modo a garantir acoleta de elementos de prova para as investigaç­ões sob reas agressões noticiadas pelos adolescent­es”, ressaltou Rafaela Vaz, no texto da recomendaç­ão.

O Centro de Apoio Operaciona­l de Defesa Social e Controle Externo da Atividade Policial do MPPE também foi notificado sob reas denúncia sem paulista e deve tomar providênci­as em relação à atuação da PM.

REDUÇÃO DA LETALIDADE POLICIAL EM SÃO PAULO

Em São Paulo, primeiro Estado brasileiro a adotar as bodycams (na gestão João Dória), os números demonstrar­am a importânci­a da tecnologia na diminuição da violência policial.

Levantamen­to indicou que, entre os meses de junho de 2021 e maio do ano passado, 41 pessoas morreram em ações da PM de São Paulo. Já entre junho de 2020 e maio de 2021, foram 207 óbitos. A queda foi de cerca de 80%.

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PMS lotados no 17º Batalhão estão usando bodycams desde setembro de 2023

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