Jornal do Commercio

Dia Mundial da Síndrome de Down: Desafios e Estratégia­s para Inclusão Escolar

No Brasil, cerca de 300 mil pessoas nascem com Síndrome de Down, conforme dados do IBGE

- MIRELLA ARAÚJO

ODia Mundial e Nacional da Síndrome de Down, em 21 de março, é uma ocasião significat­iva para promover a conscienti­zação e combater o estigma social em relação às pessoas portadoras dessa condição genética no âmbito escolar.

No cenário educaciona­l, a inclusão de crianças com a Síndrome de Down, que representa cerca de 25% de todos os casos de Deficiênci­a Intelectua­l, segundo a Federação Brasileira das Associaçõe­s de Síndrome de Down, é uma pauta em constante discussão.

“A Síndrome de Down é uma das condições cromossômi­cas mais frequentes encontrada­s e, apesar disso, continua envolvida em ideias errôneas. Um dos momentos mais importante­s no processo de adaptação da família que tem uma criança com Síndrome de Down é aquele em que a família precisa inserir essa criança no ambiente escolar. São diversos os desafios que surgem nesse contexto, desde a busca por uma educação inclusiva até a necessidad­e de adaptação do currículo e das práticas pedagógica­s para atender às necessidad­es específica­s desse aluno”, explica Francelina Barkokebas, coordenado­ra de psicopedag­ogia do Grupo Ampliar.

Para a coordenado­ra Francelina, a inclusão dessas crianças nas unidades de ensino é uma jornada que demanda esforços colaborati­vos de toda a comunidade escolar. “Garantir a inclusão e um aprendizad­o eficaz para os alunos com Síndrome de Down requer um compromiss­o com sua individual­idade e a adaptação às suas necessidad­es específica­s”, ressalta.

MÚLTIPLOS DESAFIOS

No ambiente escolar, as crianças com Síndrome de Down frequentem­ente enfrentam desafios relacionad­os à linguagem, raciocínio lógico, memória e habilidade­s sociais. Diante dessas dificuldad­es, Barkokebas enfatiza a importânci­a de um planejamen­to pedagógico individual­izado.

“É fundamenta­l que os professore­s conheçam as potenciali­dades e dificuldad­es de cada aluno, assim como envolvam ativamente suas famílias e profission­ais de apoio”, afirma a psicopedag­ogia do Grupo Ampliar.

Para promover a inclusão efetiva, a coordenado­ra ressalta a importânci­a de estratégia­s específica­s, como a adaptação do currículo, o uso de suporte concreto e visual, a fragmentaç­ão de conteúdos e o estímulo ao raciocínio abstrato. “Cada criança é única, e é necessário adaptar as práticas de ensino para atender às suas necessidad­es individuai­s”, destaca Barkokebas.

Essas práticas envolvem também um ambiente acolhedor, práticas pedagógica­s adaptadas com foco na autonomia dessa criança.

PARTICIPAÇ­ÃO ATIVA DA FAMÍLIA

A produtora de eventos Camila Lopes, mãe de Benício Barbosa, de apenas dois anos, afirmou que a família sempre teve a preocupaçã­o de incentivar ao máximo o desenvolvi­mento dele. Além das sessões de fisioterap­ia, essa atenção também era voltada para a vida escolar da criança.

“A gente vê claramente a sensação dele, que ele entrou com um ano e meio na escola, né? E aí a gente vê ele mais comunicati­vo, da forma dele, ele tá aprendendo a andar, então assim, ele vê os coleguinha­s andando, se movimentan­do. Comendo sozinho, com garfinho, bebendo água, a gente vê que ele traz isso pra casa, ele já quer comer sozinho, já pega o copinho d’água sozinho, então são essas coisas que ele vai observando as crianças típicas, né, fazendo e ele vai imitando. Então é muito importante isso, essa inclusão desde pequeninin­ho pra ele poder ser mais independen­te possível, o mais cedo possível também”, destacou Camila.

“O Benício não tem nenhuma distinção entre ele e os amiguinhos na escola, o que é muito importante para ele se sentir parte de tudo o que está vivendo. Além disso, na questão do ensino para ele, como ele é muito pequenino ainda, não precisa de um professor auxiliar ao lado dele. Ele está ali aprendendo tudo o que outras crianças típicas estão aprendendo da mesma forma. Ele segue no ritmo dele, mas com o empenho de ensinar para ele, vai adquirindo essas habilidade­s muito mais cedo”, disse a fotógrafa.

COMBATE AO PRECONCEIT­O

A Síndrome de Down, causada pela Trissomia do 21, é uma condição genética em que as células apresentam três cromossomo­s 21 em vez de dois. No Brasil, cerca de 300 mil pessoas nascem com essa condição, conforme dados do IBGE. É importante ressaltar que a Síndrome de Down não é uma doença, mas sim uma variação genética.

Francelina Barkokebas enfatiza a importânci­a de combater o preconceit­o e a discrimina­ção, conscienti­zando e educando todos sobre a variação genética para criar um ambiente escolar inclusivo e acolhedor.

 ?? ?? “O Benício não tem nenhuma distinção entre ele e os amiguinhos na escola, o que é muito importante para ele se sentir parte de tudo o que está vivendo”, afirmou Camila Lopes
“O Benício não tem nenhuma distinção entre ele e os amiguinhos na escola, o que é muito importante para ele se sentir parte de tudo o que está vivendo”, afirmou Camila Lopes

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil