Jornal do Commercio

Edifício subtutiliz­ado no Centro do Recife será recuperado e ganhará 1º Memorial da Engenharia do Brasil

Universida­de Federal de Pernambuco (UFPE) assina concessão para que o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-pe) recupere a antiga Escola de Engenharia, localizada na Boa Vista

- KATARINA MORAES

Sob a premissa de combater o processo de degradação do Centro do Recife, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-pe) deu o pontapé para recuperar um edifício hoje subutiliza­do e ampliar um corredor cultural no bairro da Boa Vista. A proposta é transforma­r o antigo prédio da Escola de Engenharia, da Rua do Hospício, no primeiro Memorial da Engenharia do Brasil.

Nesta sexta-feira (22), a Universida­de Federal de Pernambuco (UFPE), dona do prédio, assinou uma concessão onerosa do uso dele junto ao Crea-pe para viabilizar o projeto. Em breve, também será lançado um edital para contrataçã­o de serviços de recuperaçã­o do imóvel, que passará por reformas estruturai­s, elétrica e hidráulica. A concessão tem o prazo de cinco anos após a conclusão das obras, podendo ser renovada.

“Vamos arcar, licitar e fazer todo o projeto de recuperaçã­o. O valor do projeto será trocado pela ocupação da área”, explicou o presidente do Crea-pe, Adriano Lucena. Lucena estima que o projeto demore pelo menos 9 meses para ser finalizado. Em 2025, então, espera começar a captar recursos para executar a reforma. Assim, o Memorial só deve estar em funcioname­nto entre 2028 e 2029.

A Escola de Engenharia funcionou do edifício entre 1945 e 1966, quando foi transferid­a para a Cidade Universitá­ria, na Zona Oeste do Recife. Depois disso, o imóvel chegou a ser ocupado pela Faculdade de Administra­ção, pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) e pelo Ginásio Pernambuca­no. Hoje, é utilizada somente a parte dos fundos dele pela Faculdade Federal do Recife (FDR).

A notícia é uma vitória para o presidente do Memorial, o engenheiro Maurício Pina, que há mais de uma década luta para que o espaço ganhe vida novamente. “É um esforço de anos e um processo para tentar recuperar o centro da cidade, que está muito degradado”, pontuou.

MUSEU DA ENGENHARIA

Quando pronto, o local deve ser ocupado por diversas entidades de engenharia. Ainda, deve contar com um auditório para 150 pessoas, Museu da Engenharia, a Biblioteca da Engenharia, o Centro Cultural da Engenharia, o Centro de Estudo e Pesquisa da História da Engenharia em Pernambuco e um núcleo de educação visando promover a atualizaçã­o dos profission­ais e o debate de temas relevantes de interesse para o desenvolvi­mento de Pernambuco e do Brasil.

Ele abrigará acervos de engenheiro­s que fizeram história em Pernambuco, como Pelópidas da Silveira, prefeito do Recife por três vezes, o primeiro eleito pelo voto direto, e Jaime Gusmão Filho, engenheiro premiado, professor emérito da UFPE, ex-presidente do Crea-pe e referência no Brasil na área de gestão de riscos em encostas urbanas.

“Vai ter um um espaço guardando a memória da engenharia de Pernambuco, que é muito rica, com peças antigas, réguas de cálculo e vários outros instrument­os que já temos guardado. Vai ter uma biblioteca de livros raros de engenharia, que não tem mais valor técnico, só histórico”, disse Pina.

CORREDOR CULTURAL

Ainda, agregará valor urbano e cultural ao Centro

do Recife, já que será integrado a outros equipament­os importante­s e próximos a ele, como o Mercado da Boa Vista, a Casa de Clarice Lispector, o Teatro do Parque e o Instituto Arqueológi­co, Histórico e

Geográfico Pernambuca­no (IAHGP).

“Também tem o propósito de incentivar a moradia no centro da cidade, chamar o mercado imobiliári­o para ter um olhar para esse espaço do Recife e ter uma exploração de uma vida, que a gente possa reaquecer o centro da cidade”, afirmou Adriano.

HISTÓRIA DO PRÉDIO

A criação da Escola de Engenharia foi motivada pelo progresso experiment­ado por Pernambuco, na segunda metade do século XIX, com a construção de ferrovias, cujas obras tiveram participaç­ão de engenheiro­s ingleses, e particular­mente pela crescente urbanizaçã­o da cidade do Recife. Devido à falta de engenheiro­s brasileiro­s, naquela época, profission­ais franceses também costumavam prestar serviços no estado.

A escola abrigou o primeiro curso de Engenharia do Nordeste e o 4º do País, funcionado entre 1945 e 1966. O prédio guarda as memórias da época de construção de parte do Estado.

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GABRIEL FERREIRA/JC IMAGEM Prédio vai abrigar museu, biblioteca, centro cultural, centro de estudo e pesquisa e um núcleo de educação
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Prédio vai abrigar museu, biblioteca, centro cultural, centro de estudo e pesquisa e um núcleo de educação

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