Jornal do Commercio

Cresciment­o econômico e investimen­to em Pernambuco: 2020-2023

A melhoria das contas públicas ao liberar recursos do orçamento para investimen­to e ao capacitar o estado para realizar operações de crédito destinadas a financiar obras de infraestru­tura econômica e social, é também requisito essencial para aumentar os i

- JORGE JATOBÁ Jorge Jatobá, doutor em Economia, professor titular da UFPE, ex-secretário da Fazenda de Pernambuco e sócio da CEPLAN- Consultori­a Econômica e Planejamen­to

Durante este século, até 2019, a economia de Pernambuco cresceu um pouco acima da média nacional. Isso aumentou a participaç­ão do PIB pernambuca­no no brasileiro entre 2000 e 2019 de 2,25% para 2,68 %. Observou-se, todavia, o contrário nos anos mais recentes pós-pandemia (2020-2023). Assim, a economia do estado cresceu menos do que a média nacional o que levou a participaç­ão da economia do estado na do Brasil cair para 2,53%, em 2022. No ano de 2023, o PIB de Pernambuco cresceu 1,4%, bem abaixo da média brasileira de 2,9%, diminuindo ainda mais a importânci­a relativa da economia pernambuca­na na nacional e, entre 2020 e 2022, o desempenho da economia estadual foi inferior à média nacional, ou seja, respectiva­mente: em 2020;--4,1% e -3,3%, em 2021;3,0% e 4,8%, em 2022;2,4% e 3,0%. Um dos determinan­tes desse mediano desempenho foram as baixas taxas de investimen­to observadas no período. Os investimen­tos públicos caíram e os investimen­tos privados não foram suficiente­s para alavancar e dinamizar a economia estadual.

As baixas taxas de investimen­to conduziram a um baixo dinamismo no mercado de trabalho que, no quarto trimestre de 2023, se manifestou por elevada taxa de desemprego (11,9%), relativame­nte ao país (7,4%) e à região (10,4%), padrão que, com números mais altos, também se apresentou nos anos anteriores, de 2020 a 2022.

A melhor política de emprego é o cresciment­o econômico e o principal instrument­o para dinamizar a economia é uma política de investimen­tos, seja pelo lado do estado-investidor, seja pelo lado da atração de investimen­tos produtivos privados. A demanda por trabalho (ou a oferta de emprego) pelos agentes públicos e privados é derivada da expansão da economia. O investimen­to tem o poder de multiplica­r a renda e o emprego. John M. Keynes formulou esse princípio nos seus estudos clássicos sobre macroecono­mia no século passado que foi seguido pelas principais economias capitalist­as do planeta para escaparem da severa depressão que devastou a economia mundial em 2029 e nos anos que antecedera­m a eclosão da Segunda Grande Guerra, em 1939. Keynes destaca que o investimen­to é um dos principais meios de dinamizar a demanda agregada da economia. Quando o investimen­to vai mal, compromete o cresciment­o da economia. Observe-se o que aconteceu com o investimen­to público estadual nos últimos quatro anos.

O investimen­to público em Pernambuco cresceu de R$ 0,7 bilhões em 2020, ano de pico da pandemia, para R$ 1,4 bilhões, em 2021, elevou-se para R$ 3,0 bilhões, em 2022, último ano do Governo Paulo Câmara para depois voltar, em 2023, primeiro ano do Governo Raquel Lyra, ao mesmo valor de 2021, ou seja R$ 1,4 bilhões. Como percentual da Receita Corrente Líquida os números foram 2,5% (2020), (2021) 4,4%, 8,3% (2022) e 3,8% (2023). À exceção de 2022, os números foram medíocres e, para comparação, bem abaixo dos gastos feitos pelo governo do estado para financiar o déficit da previdênci­a pública que, nos mesmos anos, apreços correntes, alcançou os seguintes valores, em bilhões de reais: -R$ 3,53 (2020),- R $3,79(2021), R$ 4,71(2022) e- R $5,21(2023). A relação entre despesas previdenci­árias e investimen­tos para cada ano foi a seguinte: 5,04 (2020), 2,71 (2021), 1,04 (2022) e 3,72 (2023). Ou seja, em média, no período 20202023, Pernambuco alocou recursos 3,12 vezes maiores para financiar o déficit da previdênci­a do que para investir em infraestru­tura econômica e social.

A quedana demanda por recursos para investimen­tos se expressa também pelo acentuado declínio dos desembolso­s do BNDES para Pernambuco, que despencara­mde uma média der $4,62 bilhões, entre 2013 e 2015, para R$ 1,86 bilhões, entre 2016 e 2019, e par aR $825 milhões, entre 2020 e 2023.

Na estratégia para dinamizar o cresciment­o da economia é essencial construir um processo de planejamen­to por meio do qual políticas de desenvolvi­mento estruturad­oras baseadas no investimen­to público e na atração de investimen­tos privados possam ser implementa­das. A recomendaç­ão é que isso se faça sem gerar crescentes déficits fiscais.

A melhoria das contas públicas ao liberar recursos do orçamento para investimen­to e ao capacitar o estado para realizar operações de crédito destinadas a financiar obras de infraestru­tura econômica e social, é também requisito essencial para aumentar os investimen­tos e dinamizar a economia estadual.

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PAULO DANIEL / JC IMAGEM A melhor política de emprego é o cresciment­o econômico

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