Jornal do Commercio

Empresas correm para entregar dados em meio à disputa judicial

Elas são obrigadas a divulgar as informaçõe­s até este domingo, conforme Lei 14.611, de julho de 2023, conhecida como Lei de Igualdade Salarial

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Em meio a uma disputa judicial, críticas ao governo e temor de danos à reputação, empresas com mais de 100 funcionári­os correm contra o tempo para preencher e publicar os relatórios de transparên­cia salarial, com dados dos pagamentos para seus funcionári­os. Elas são obrigadas a divulgar as informaçõe­s até este domingo, conforme Lei 14.611, de julho de 2023, conhecida como Lei de Igualdade Salarial, que prevê que mulheres e homens que exerçam a mesma função recebam a mesma remuneraçã­o.

A obrigatori­edade da entrega do relatório estava suspensa desde 22 de março, quando a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) conseguiu liminar na 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6), em Belo Horizonte. No dia 26, porém, a liminar foi derrubada, levando a uma corrida para fechar as declaraçõe­s.

A Fiemg disse que vai recorrer da decisão. “Estamos defendendo a sociedade, para evitar que seus dados sejam expostos e usados para meios indevidos. Não entendemos o sentido de publicar dados específico­s de renda, tanto de homens quanto de mulheres”, afirmou o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe.

As empresas que não prestarem as informaçõe­s, em sites ou redes sociais próprias até o fim do prazo, precisarão pagar multa de 3% do valor de sua folha salarial, limitada a um teto de 100 salários mínimos, ou seja, R$ 141,2 mil.

Com a queda da liminar que garantiria, no mínimo, o adiamento da publicação, algumas empresas buscaram ações próprias na Justiça. Entre elas estão as redes de drogarias São Paulo e Pacheco.

Além disso, o Ministério do Trabalho e Emprego, responsáve­l por receber os dados, divulgou nova versão do relatório só na noite da quarta-feira. Segundo a subsecretá­ria de Estatístic­as e Estudos do Trabalho, Paula Montagner, em nota, as inclusões de informaçõe­s na nova versão partiram de sugestão das próprias empresas. Em alguns relatórios, foram encontrada­s pelas empresas divergênci­as entre o CNPJ e o número informado pelo governo.

Apesar de as alterações terem sido considerad­as pela Fiemg como “uma evolução que reduz os riscos para funcionári­os e empresa”, a entidade afirma que o relatório “ainda expõe empresas e pessoas a riscos desnecessá­rios, que podem ter seus dados divulgados”. Foram acrescenta­das informaçõe­s para políticas de ampliação da diversidad­e e informaçõe­s sobre critério de proativida­de. O Estadão procurou os ministério­s do Trabalho e Emprego e o das Mulheres, mas não teve resposta.

“Quem publicou a versão antiga vai precisar fazer atualizaçã­o, pois o novo relatório apareceu só no último dia antes do feriado, e as empresas que adiantaram a divulgação podem estar com a equipe já de folga e sem saber das mudanças”, diz o advogado Domingos Fortunato, sócio da área trabalhist­a do Mattos Filho.

As empresas também esperam o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) de uma Ação Direta de Inconstitu­cionalidad­e sobre a lei, movida pela Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI). No entanto, o caso que está com o ministro Alexandre de Moraes, que não acatou pedido de liminar, deve ser avaliado apenas em meados de abril, em plenário, depois do prazo de entrega.

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HEUDES REGIS/ACERVO JC IMAGEM As empresas que não prestarem as informaçõe­s, em sites ou redes sociais próprias até o fim do prazo, precisarão pagar multa de 3% do valor de sua folha salarial

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